27 de novembro de 2008

Auditório Vita com proposta cultural de qualidade

Homenagem a Olivier Messiaen é a primeira iniciativa


Texto: José António Carneiro

O Auditório Vita está apostado em oferecer ao público em geral uma proposta cultural diversificada e de qualidade. É com este objectivo que se acaba de criar a Comissão Cultural Auditório Vita, dependente a Arquidiocese de Braga, que «não pretende fazer concorrência a ninguém nem a nada», mas quer possibilitar que possa assistir, em «excelentes condições», a bons programas culturais.
O padre Paulo Terroso é o director da recentemente criada Comissão Cultural Auditório Vita, que conta ainda com Eduardo Jorge Madureira, como director de conteúdos, de Maria Helena Vieira, João Duque, Mário Paulo Perreira e José Filgueiras.
Para assinalar o início de actividade da nova Comissão Cultural é lançada amanhã à tarde o site do Auditório Vita (www.autitoriovita.com) onde consta, entre outras informações, a programação e notícias diversas.
Paulo Terroso disse ao Diário do Minho que o Auditório Vita continua a servir normalmente a vida e a actividade da Arquidiocese de Braga. Mas, agora, alarga-se a programação no sentido de rentabilizar o espaço que tem diversas potencialidades, mas, também, com o intuito de dar aos interessados uma programação cultural alternativa e de qualidade.
Dentro destas iniciativas que apostam na qualidade, o Auditório Vita vai assinalar, em Dezembro, o centenário do nascimento de Olivier Messiaen com quatro noites dedicadas a este compositor do século XX, que realizou em Portugal a estreia mundial de uma das suas obras, “A Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Compositor português
de renome mundial
no Auditório Vita
Esta iniciativa vai decorrer de 10 a 13 de Dezembro, sempre às 21h30, e consta de dois concertos, um colóquio e um filme. Além dissso, vai trazer a Braga nomes sonantes da música como João Pedro Oliveira que é, na actualidade, um dos melhores compositores de todo o mundo, como noticiou o Jornal Público na sua edição de 17 de Novembro passado.
A respeito das obras do compositor homenageado, este catedrático de Composição e Música Electrónica na Universidade de Aveiro diz que ouvir música de Messiaen «é ouvir música sobre os anjos, o Paraíso, Deus, a Ressurreição dos mortos, a Transfiguração, o Apocalipse, e muitos outros dogmas e mistérios da fé cristã». E continua: «Talvez em toda a História da Música não tenha havido outro compositor que tenha comunicado de forma tão enfática as suas convicções espirituais».
Para homenagear Olivier Messiaen, o Auditório Vita promove em duas noites um concerto integral das obras para música de câmara para instrumentos acústicos.
Na primeira noite, dia 10, os interessados podem apreciar “Merle noir”, para flauta e piano, “Fantasie”, para violino e piano , “Visions de l’Amen”, para dois pianos, entre outras composições. Nuno Inácio (flauta), Gerardo Ribeiro (violino), Marta Zabaleta e Miguel Borges Coelho (piano) constituem o elenco musical deste primeiro concerto.
Na segunda noite, de 13 de Dezembro, vai ser apresentado “Thème et variations”, para violino e piano, “Pièce pour piano et quatuor à cordes” e “Quatuor pour la fin du temps”, para violino, clarinete em si bemol, violoncelo e piano. Nesta noite, actuam os músicos Gerardo Ribeiro, Miguel Borges Coelho, António Saiote (clarinete), Paulo Gaio Lima (violoncelo) e, ainda, o Quarteto de Cordas de Matosinhos composto por Vítor Vieira e Juan Maggiorani (violino), Jorge Alves (viola) e Marco Pereira (violoncelo).
A homenagem continua no dia 11 com a realização de um colóquio intitulado “Vivemos tempos sombrios”. Segundo a organização, «foi em tempos sombrios que Olivier Messiaen viveu uma parte da sua vida, nos anos em que, prisioneiro num campo de concentração nazi ».
Este colóquio sobre esses «tempos sombrios» e sobre as «mulheres e homens que os testemunharam» conta com a presença do já referido João Pedro Oliveira, de Teresa Martinho Toldy, professora de Ética na Universidade Fernando Pessoa, de José Tolentino de Mendonça, director da colecção Teofanias, no âmbito da qual se publicaram obras de Simone Weil, Dietrich Bonhoeffer e Etty Hillesum, que testemunharam esses «tempos sombrios». A moderação está a cargo de João Duque que é também, teólogo e director adjunto da Faculdade de Teologia de Braga.
Na noite do dia 12, a organização vai projectar, pela primeira vez em Portugal, o filme “Le Charme des impossibilités”. Este conta a história da génese de uma obra musical, o “Quarteto para o Fim dos Tempos”, composta e interpretada pela primeira vez, durante a segunda guerra mundial, num campo de prisioneiros de guerra. Um compositor, três intérpretes com instrumentos em muito mau estado desafiam a detenção, a guerra, o frio, a fome, o tempo e tentar o impossível.
O filme realizado por Nicolás Buenaventura Vidal tem 80 minutos e é exibido na versão original, com legendas em inglês.
Para assistir aos concertos, os interessados devem desembolsar cinco euros e as outras duas noites têm entrada livre.

in Diário do Minho, 27 Novembro

Amália, o Filme

Realizador, produtor e actriz principal presentes
Antestreia de “Amália, o Filme”
segunda-feira no Bragashopping

Texto: José António Carneiro

“Amália, o filme”, a primeira biografia ficcionada da diva do fado, tem antestreia marcada para o Bragashopping, esta segunda-feira, a partir das 21h30. A sessão contará com a presença do realizador Carlos Coelho da Silva, do produtor Manuel da Fonseca e da actriz principal Sandra Barata Belo, daquele que é o filme português mais caro de sempre, orçado em três milhões de euros, que chega às salas de cinema portuguesas, na sexta-feira, dia 4 de Dezembro.
Produzido pela Valentim de Carvalho Filmes, o filme conta com a participação financeira da RTP, que vai exibir posteriormente a longa-metragem em versão mini-série.
Entre os locais de filmagens contam-se Aveiro, Régua e Espinho. Além disso, foram feitas imagens em Nova Iorque, ainda que todos os cenários tenham sido recriados em Portugal.
Sandra Barata Belo, de 29 anos, é a protagonista do filme e lidera um elenco de 45 actores. De Amália, a jovem actriz estudou os gestos, o comportamento, a cadência do canto e da fala, descobriu-lhe a timidez e a insegurança e as variações entre a alegria e a tristeza nos anos que o filme abrange, entre 1950 e 1980.
A actriz leu ainda biografias, recortes de imprensa e testemunhos escritos, viu filmes e documentários e falou com Estrela Carvas, que foi secretária e confidente de Amália Rodrigues.
De salientar que neste filme, nos momentos de interpretação de fados, a voz de Sandra Barata Belo será dobrada pelas gravações de Amália Rodrigues.
«Este é um filme comercial, mas acho que tem coisas interessantes, acho que serve a um público alargado, acho que serve aos eruditos e serve ao senhor da mercearia que sempre gostou da Amália. É um filme sobre a fadista, portanto é um filme para as pessoas irem ver», disse recentemente a actriz.
Além de Sandra Barata Belo, o filme conta com as participações de Carla Chambel, Leonor Seixas, António Pedro Cerdeira, Ana Padrão, Ricardo Carriço, João Didelet, Ricardo Pereira e Susana Mendes.

Distribuição internacional
garantida
«Amália é uma figura universal e tem um estatuto que ultrapassa as fronteiras portuguesas, está editada em todo o mundo e o fado é hoje um género de valor muito importante, que se encaixa na world music», disse o produtor, em declarações à Lusa.
Por isso, a internacionalização do filme é um dos principais objectivos definidos e até ao momento conseguidos. «As nossas perspectivas de internacionalização, neste momento, não podiam ser mais optimistas», acrescentou.
O produtor realçou o facto de se tratar «da pré-compra de um filme português, com base num trailer de dois minutos, num mercado ameaçado pela crise mundial».
China, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Argélia, Marrocos, Tunísia e 15 países do Médio Oriente, entre os quais o Egipto, Emirados Árabes Unidos, Líbano e a Arábia Saudita, garantiram já a distribuição do filme, que se baseia na vida da mais internacional voz portuguesa.
As vendas internacionais realizaram-se no American Film Market (AFM 2008) que decorreu em Los Angeles, e onde a Valentim de Carvalho Multimédia, distribuidora do filme, esteve representada.
«Além dos contratos já garantidos, “Amália, o Filme” despertou um elevado interesse por parte de distribuidores presentes no AFM 2008, estando em curso negociações com o Brasil, França, Itália, Estados Unidos, Espanha, Israel e Japão», refere o produtor.

in Diário do Minho

22 de novembro de 2008

21 de novembro de 2008

Estrelas lusas a ver “sambar”



Depois de ler diversas análises, comentários e notícias sobre a «vergonha» e o «escândalo» que se passou em Gama, no jogo que opôs Brasil a Portugal e que resultou na maior goleada sofrida pela equipa lusa nos últimos 50 anos, continuo sem perceber o que se passa com esta selecção, que é como quem diz, a equipa que reúne (ou devia reunir!) os melhores jogadores portugueses – bem, alguns são brasileiros, mas também não são dos melhores!
«Portugal a ver estrelas», «Portugal humilhado» «Descalabro», «Brasil cilindra Portugal», “Pôxa irmão» foram algumas das palavras de ordem (manchetes) da imprensa, na ressaca de um jogo que foi visto, em Portugal, pela noite dentro.
Claro que a exibição portuguesa, segundo o comentador Joaquim Rita, foi «pouco racional, sem estratégia sem arrumação técnica, sem atitude mental» e que se entende os apupos atirados à comitiva na chegada a Lisboa.
Claro que Carlos Queirós (alguém sabe que salário aufere?) é o alvo em foco e lhe fica bem fazer um “mea culpa” dizendo que os adeptos têm razão e é necessário que os jogadores que vestem a camisola da selecção estejam a «mil por cento».
Não concordo – e li também esta opinião – que a selecção joga mal porque os jogadores não entendem a linguagem de Carlos Queirós. Se o problema é esse, então, pague-se a um tradutor. Ou então chamemos um seleccionador brasileiro (bons tempos!).
Concordo que da parte de Gilberto Madail houve inconsciência ao assinar um contrato válido por quatro anos.
Mas, o que é certo é que o Dunga, mesmo no meio da «paulada» e da «polémica» passou no teste. E o Queirós?
Sabemos todos que «esta derrota é uma mensagem muito forte para os jogadores. Não se pode começar um jogo bem e depois deslumbrar-se e desagregar» disse o técnico luso. Sabemos, ainda, que o «resultado tem de servir de lição».
Esperemos que esta lição – estrelas lusas a ver “sambar” – seja bem aprendida, que é como quem diz que a selecção consiga marcar presença no Mundial de 2010, mesmo que tenha de ser com aflições e calculadora na mão.


in Diário do Minho, 21 de Novembro

11 de novembro de 2008

Praxe: humilhação ou integração?




Na passada terça-feira, dia 4, pelas 21h30, o CAB (Centro Académico de Braga) deu início a uma actividade intitulada “Bate Papo Universitário”. O objectivo desta iniciativa é uma aproximação efectiva à academia minhota, situada a distantes léguas do espaço sede deste Centro Universitário. Decorreu este evento no Puzzle Bar na rua Nova de Santa Cruz, bem próximo do contexto universitário bracarense, e teve uma adesão bastante animadora: cerca de 70 estudantes.
O mote para o primeiro Bate-Papo foi a praxe. E não podia tocar num assunto mais sensível aos estudantes da Universidade do Minho nos últimos tempos. O verniz estalou com uma polémica reportagem que uma estação de televisão fez emitir e na qual apareciam imagens das praxes em Braga. A imagem negativa constantemente veiculada pela imprensa deu origem a um “blackout” da parte da academia minhota, quebrado especialmente nesta iniciativa. O “Papa” Rui Jorge, responsável máximo da praxe na Universidade do Minho, fez questão de estar presente, juntamente com o seu antecessor, António Carneiro, que foi um dos convidados destacados para o evento. Do outro lado da discussão encontrava-se Vítor Andrade Cunha, licenciado em Sociologia pela UM, e destacado membro de uma associação intitulada AGIR, que assumiu uma posição bastante crítica face à praxe.
Estavam lançados os dados para um debate, acicatado por um pequeno inquérito, efectuado uns dias antes na Universidade, que lançava as bases do diálogo. A maioria dos alunos referia-se à praxe como «integração», salvaguardando todavia o cuidado pelos “exageros”. Foi precisamente neste ponto que tocou Vítor Cunha numa das suas intervenções, aventando que as praxes podem ser por vezes demasiado «vexatórias», quase como «cópias das praxes que aplicavam aos recrutas no serviço militar». Num texto da sua autoria relatou muitas praxes exageradas, que envolviam cânticos sexualmente insinuatórios, e referindo que «não se pode falar em transmissão de valores» desta forma. Todavia, salvaguardou que acredita que um certo tipo de praxes, em que de facto se pratique a integração, onde não seja exercida coacção para que os alunos adiram, seria uma praxe a que ele mesmo assentiria.
Do outro lado da contenda reagiu António Carneiro, ressalvando que «só pode falar de praxe aquele que passou por ela», revelando que a preocupação daqueles que praxam é integrar os alunos e «isso é visível». Igualmente referiu que o cabido de cardeais existe para controlar as praxes violentas e exercer uma função de vigilância para que não aconteçam exageros que «acontecem sempre». Na questão dos palavrões insultuosos, António Carneiro fez questão de lembrar que o ministro actual elaborou uma directiva, para o presente ano lectivo, que pretendia alertar para o cuidado de um maior brio nas palavras usadas nas praxes, algo que «está a ser seguido pela nossa academia».
Esta posição foi fortalecida por Magda Pinheiro, membro do conselho de anciãos, que salvaguardou que muitos alunos se declaram anti-praxe por «motivos ideológicos» e não devido à violência das praxes, referindo também que «escutou muitos alunos» ao longo de seis anos, tentando prestar-lhes apoio quando se propõem a declarar-se anti-praxe.
O espírito académico foi igualmente referido como uma das virtudes da praxe, isto depois de se ter falado da academia coimbrã como um exemplo de tradição académica.
A última questão do debate, bastante participado pela plateia, cingiu-se sobre a recente polémica que se abateu sobre a academia minhota. A imprensa esteve em discussão. Frases como «não se pode tomar a árvore pela floresta» foram citadas para fortalecer a necessidade de uma imprensa coerente e independente. Este ponto foi fortalecido pelos dois convidados, apesar de antagónicos nas posições.
O diálogo terminou com um nítido convergir de posições, a favor de uma praxe que se quer integradora e ciente dos seus pergaminhos. Vítor Andrade Cunha, convidado que aceitou assumir uma posição incómoda, mas louvável, no debate, terminou referindo que são «mais os pontos que nos unem do que aqueles que nos separam», dando relevo ao espírito de escuta e reflexão a que se assistiu neste debate.
Duas horas depois o debate terminava com a sensação de que muito ficou por dizer, mas fortalecendo a importância que o diálogo e confronto de ideias tem para um efectivo progresso.

Texto de Rui Ferreira, SJ, publicado no Diário do Minho

4 de novembro de 2008

Entrevista na Catequese da Sé



Cónego Manuel Joaquim Costa em entrevista, no Patronato da Sé
«Os Jovens não podem cegar nem ensurdecer»


O grupo de catequese (GC) do 7.º ano do Patronato da Sé, catequizandos e catequistas, entrevistou o cónego Manuel Joaquim (CMJ), pároco da Sé e S. João do Souto juntamente com o padre Domingos Paulo Oliveira, no âmbito de uma actividade entre catequeses. Depois de dois encontros a reflectir sobre o “Ser grupo com Jesus” nada melhor do que falar sobre a vida da paróquia com o responsável da comunidade que recebe por estes dias (de 6 a 9 de Novembro de 2008) a visita do Arcebispo de Braga. Desafios lançados aos jovens para uma vida positiva e manifestação da esperança na juventude foram pontos essenciais da conversa que ainda serviu para se aclararem aspectos relacionados com a vida sacerdotal.

GC – Tem o sonho de ser padre desde pequeno?
CMJ – Desde muito pequeno. Ainda não andava na escola e ia à catequese com os meus irmãos aos padres de Montariol, em Braga. Olhando para aqueles frades eu sentia dentro de mim uma grande vontade de ser padre. Embora não quisesse aquela coisa castanha que eles vestiam. Por isso, desde pequenino eu ia dizendo lá em minha casa que queria ser padre. E todos me gozavam e brincavam com isso. Envergonhei-me um bocado e deixei de falar no assunto. Só mais tarde, quando me preparava para a profissão de fé, é que ganhei coragem para falar com a minha mãe e dizer-lhe que queria ir para o Seminário.


GC – Arrepende-se de ter seguido esta vocação?
CMJ – Não, de maneira nenhuma. Nunca me arrependi embora não é fácil seguir este caminho. Se olharem a vida dos vossos pais também vêm que não é fácil ser-se casado porque surgem sempre problemas e complicações. A mim como padre é a mesma coisa. Há dificuldades mas nunca me arrependo e gosto de fazer o que faço.

GC – O que é que pensa dos jovens concretamente de nós?
CMJ – Penso que sois um luxo e tenho muita esperança em vós. Foi belo ter celebrado convosco a festa da fé, no ano passado, e é belo ver-vos agora aqui com vontade continuar a crescer de mãos dadas.


GC – Que actividades sugere aos jovens?
CMJ – Em primeiro lugar, peço que nunca se deixem cegar nem ensurdecer. Hoje há o risco, e particularmente na vossa idade, de cegar perante o ecrã da televisão ou da PSP ou do computador. Outro perigo é o de ensurdecer com o fones postos nos ouvidos. Nem se ouve o silêncio nem o barulho. Quando passo por gente da nossa catequese na rua, muito nem nos vê nem nos ouvem, porque cegaram e ensurdeceram. Isso é pena porque nós devemos falar uns com os outros, sorrir, cumprimentar, ser espontâneos. Os jovens devem valorizar o bom cinema, a boa leitura o bom desporto e também a participação muito alegre e muito simples na vida da paróquia, especialmente na Eucaristia.

GC – Gosta da sua vocação?
CMJ – Gosto muito. Foi muito bom eu ter feito a minha descoberta da vocação no Seminário junto com outros companheiros que hoje em dia estão espalhados por toda a arquidiocese. Continuamos ligados e amigos uns dos outros.

GC – O que é que entende por comunidade paroquial?
CMJ – É o conjunto dos baptizados que frequentam determinada paróquia ou se sentem ligados a ela. É a comum unidade no mesmo baptismo e na mesma vida em Deus que a todos nos assiste. A comunidade vive seguindo os conteúdos da Palavra de Deus e alimentando-se do amor fraterno.

GC – Na paróquia quem deve construir a comunhão?
CMJ – Todos temos uma responsabilidade essencial. Como num corpo quando algum membro ou órgão falha, todo o corpo falha. Assim é na Igreja. Todos nós somos membros vivos do corpo misterioso de Jesus. Todos os membros, mesmo que pareçam insignificantes, são essenciais na harmonia de todo o corpo. Se um membro sofre todo o corpo sofre. A Igreja, como corpo de Cristo, precisa de todos os seus membros para construir a comunhão. Claro que eu como padre estou ao serviço da união e da unidade de todos. Mas eu sozinho não faço comunidade nem comunhão. O padre precisa de muitos colaboradores.

GC – A união na Igreja é importante?
CMJ – É importantíssima. Nos tempos actuais, as pessoas devem olhar os cristãos sentirem-se interpeladas pelo seu modo de estar e de viver. Se os cristãos vivem desunidos é um sinal negativo e um mau testemunho.

GC – Como é que procura ser discípulo de Jesus?
CMJ – Em primeiro, de manhã, o meu primeiro pensamento é para Jesus agradecendo mais um dia que me dá. Assim, sintonizo o meu dia em Jesus. Unido a Jesus, procuro estar vigilante amando todas as pessoas que vêm ter comigo.

GC – Porque não escolheu ser frade?
CMJ – Olha, não sei muito bem. Alguma coisa me chamava para ser padre secular ou diocesano. Não senti que a minha vocação fosse para viver numa comunidade seguindo uma regra, como fazem os frades.

GC – O que significa Igreja?
CMJ – Significa uma assembleia convocada, um povo convocado e reunido por Deus para construir a fraternidade, a união, o bem e viver o amor. Ser igreja é o motivo que nos reúne aqui neste momento.

GC – A visita do Senhor Bispo à paróquia pode ajudar na construção da comunidade?
CMJ – Muito, porque o Bispo é o principal responsável pelas comunidades da arquidiocese, contando, é claro, com a ajuda dos párocos. Por isso, sentimo-nos felizes por o Bispo nos visitar como representante de Jesus. O Bispo vem confirmar o esforço que fazemos para crescermos todos como Povo de Deus.

Terminada a entrevista, houve um outro tempo em que os catequizandos fizeram outras perguntas ao cónego Manuel Joaquim Costa. Fazemos um apanhado das ideias que daí resultaram.

O dia do cónego Manuel Joaquim Costa é normal. «Como, bebo, durmo, trabalho». «Gosto de ouvir música mas não tenho muito tempo. Gosto de ver as notícias e bons filmes».
Vive no Patronato da Sé, onde tem um escritório e um quarto para dormir.
No percurso para ser padre teve «muito apoio e estímulo», nas, «no início, nem tanto».
O padre recebe um salário normal. «Depende das comunidades e do que elas possam pagar».
A vida sacerdotal é «bastante atarefada». «Há sempre muitas coisas para fazer».
Como é presidente da direcção do Patronato da Sé, às vezes tem que ir a tribunal resolver «alguns assuntos importantes da instituição».
«Não me chocava que um dia a Igreja viesse a dizer que não é essencial os padres serem celibatários». Mas «eu sinto-me bem como estou e como sou». «O celibato é o pedido que a Igreja nos faz para estarmos mais disponíveis para os outros e para Deus».
Na Igreja é importantíssimo o mostrarmos ao mundo Jesus, pelo testemunho de vida.

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...