29 de junho de 2009

Murmúrios de água



Murmúrios de água
Invadem a minha calma interior.
E deixo-me ir nessa música
Nesse som que me eleva
E me leva mais além.

Não sei para onde vou
Mas sei que me sinto bem
Deixando-me ir.

Talvez seja ela
Que quer que eu vá
E lá me possa pensar
Sempre mais fundo.

Por isso, eu me deixo embalar
Nesse suave burburinho
Que da água soa, baixinho,
E onde eu quero navegar.


JAC 2007

26 de junho de 2009

Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo



Confortas-me, Senhor, com a tua Palavra.
Reconfortas-me sempre que caio.
Estendes a mão e tiras-me do lamaçal
Dás-me alento e esperança.

Peço perdão por tantas quedas
Tantas desilusões que causo.
Reconheço-me fraco e limitado.

Diante desta minha condição,
Tu te manifestas ressuscitado.

Agradeço a tua compreensão, o teu amor,
A tua confiança e a tua pedagogia,
O teu modo de estar e o teu jeito de ser.

Quero corresponder ao chamamento de amor
E ao seguimento.

Quero seguir-Te amando-Te mais do que tudo,
Sem reservas, sem planos ,só confiando.

Que eu saiba só amar e dizer
“Tu sabes tudo, bem sabes que te amo”.

25 de junho de 2009

A vida e a morte de mãos dadas

A vida não é só morrer mas também o é. Este é o começo de uma poesia que escrevi há algum tempo. Efectivamente é verdade. A vida e a morte são tão... próximas... parece que andam de mão dada.

Partilho convosco a minha experiência destes últimos dias: no domingo morreu um amigo meu, vítima de uma doença prolongada, mas morreu sem ninguém estar preparado. Nunca estamos preparados para "ver" morrer. Para a nossa morte devemos, na medida do possível estar... "Vigiai porque não sabeis o dia nem a hora".

Mas... o funeral foi terça-feira. Porque era meu amigo, porque sou amigo da família, presidi ao funeral, ainda que não à Eucaristia de corpo presente... Foi difícil, mas a fé, efectivamente, traz-nos aquela força, aquela paz, aquela confiança, aquela serenidade que não pensamos nunca alcançar num momento daqueles. Disse na homilia do funeral :"até para os que crêem a morte de um ente querido é uma experiência dolorosa e difícil de suportar". Para mim também foi.

Ontem, presidi ao baptismo do filho de uma colega minha de escola. Ao baptizar o Martim, no dia a seguir ao funeral do Monteiro, senti como a vida é algo de tão belo, cheio de alegria e com uma neblina de tristeza e insegurança a envolver.

Sinto que de alguma forma a morte foi o baptismo último do Monteiro em que ele renasceu para a vida eterna e definitiva com Cristo. Ele está agora nas núpcias do Cordeiro. O Martim renasce para a vida de filho amado de Deus.

Estas duas experiências, simultaneamente humanas e divinas, fizeram-me contactar com a realidade da vida a nascer e a morrer. Mas nas duas senti o selo da presença amorosa de Deus.

A nossa fé vai-se alimentando do corpo e do sangue de Cristo, da Palavra e dos sacramentos mas também destas experiências que vão trespassando a nossa vida.


Este era o poema que iria ler na missa do funeral. Acabei por não o fazer...

Ó Jesus, depõe este corpo
nas mãos do Teu e nosso Pai.
Coloca todo o peso da sua vida
não na balança
mas entre os braços do Pai.
Para onde poderemos fugir?
Onde nos poderemos enconder
senão junto de Ti,
que és irmão e companheiro nas amarguras
e que sofreste e amaste cada homem como irmão?
Senhor do eterno amor,
Coração de todos os corações
- ó coração trespassado, paciente,
indizivelmente bom; -
Vida de todas as vidas
Ressurreição de todos os homens:
acolhe com piedade e amor
o nosso amigo.
E quando a nossa peregrinação cessar
quando se aproximar o fim
o declinar do dia
e o envolvimento das sombras
envia-nos, com bondade, a tua Palavra de vida:
«Pai nas tuas mãos, entrego o meu espírito».
Ó meu bom Jesus. Amém.

23 de junho de 2009

À falta de melhor, Paciência!

Este é o meu segundo “deste lado” que dedico ao tema sempre muito discutível do futebol. Não que tenha grandes revelações a fazer ou opiniões importantes a dar. Apenas quero traçar um breve comentário sobre a actual conjectura futebolística nacional.
Primeiro: Destaco a “guerra” no Vitória de Guimarães para relembrar que nenhum reino dividido contra si mesmo poderá subsistir. Não consigo perceber como no Vitória acontecem tantos episódios destes. É difícil um treinador sair a bem de Guimarães...
Segundo: Afinal Cissokho é bom para o Porto, mas não suficientemente bom para o Milan, ainda que o problema seja a dentição. Mas podia ser outro qualquer, até mesmo o não ter qualidade para jogar num “gigante europeu”.
Terceiro: Agrada-me a postura dos responsáveis do Sporting. Dos “três grandes”, aparenta ser o clube mais sereno, mesmo depois de um processo eleitoral que escolheu um novo presidente. Todavia, preocupa-me a contratação do “10”. Já tantos passaram ao lado no Sporting que nem sei que pensar... Espero para ver.
Quarto: Depois da “novela” Quique Flores/Jorge Jesus surge agora outra: as eleições para a presidência do SLB. Pergunto-me se não deveria ser o contrário: escolher o presidente e depois o escolhido pensar, com a restante direcção, no treinador. A não ser que antecipadamente Vieira seja já e de novo o presidente. No Benfica as coisas funcionam ao contrário...
Último – não por ser menos importante, mas por ser mais recente na ordem do dia – O Braga meteu-se (se calhar sem querer, não sei) na novela do Benfica. Agora, depois de Jesus – como tanto queria – ir “pregar” para a Luz, o Braga lá arranjou treinador. Fiquei animado quando ouvi falar de Nelo Vingada e também de Quique, mesmo sabendo que este seria muito difícil. Bom, assim sendo, é caso para dizer: À falta de melhor, Paciência!
Espero que Domingos consiga cumprir o contrato e os objectivos traçados – tarefa difícil porque António Salvador está a apertar os cordões à bolsa. No entanto, se não conseguir, paciência!



______________


Pena que o Guimarães tenha despedido o Cajuda. O Manuel voltou a morrer pela boca...

infelizmente

só felizmente se vier o Quique.

Mas pode vir a ser Nolo Vingada...


guerras entre os clubes do Minho!...

19 de junho de 2009

Sou feliz quando…


Amanhã o meu grupo da catequese celebra a Festa das Bem-aventuranças. Partilho o que lhes vamos oferecer, junto ao diploma...


Sou feliz quando sou pobre,

Quando não me apego ao material;

Assim sou livre e estou disponível

E comprometo-me na felicidade dos outros.

 

Sou feliz quando no coração tenho pureza,

Quando os meus critérios

São orientados pela ternura e amizade

Contribuindo para uma harmonia universal.

 

Sou feliz quando me comprometo com a justiça,

Se me torno defensor dos injustiçados,

Dos sofredores e excluídos

Que, felizmente, são os Teus preferidos.

 

Sou feliz quando sou manso,

Quando sou prudente nas relações,

Não reaccionário e primário

Quando pondero e uso de prudência.

 

Sou feliz quando sou misericordioso,

Quando perdoo o que me ofende,

Para ser perdoado quando ofendo

Quando do meu íntimo saem atitudes

De clemência, compaixão e amor

Por todos as criaturas de Deus.

 

Sou feliz quando promovo a paz,

Quando instauro para mim

A obrigação de lutar pela paz

E quando a procuro viver nas relações todas.

 

Sou feliz quando choro,

Quando sofro tantas feridas

Unidas ao sofrimento redentor de Cristo,

Quando sinto, vejo e aceito

O choro dos irmãos

E ajudo à sua consolação.

 

Sou feliz quando sou perseguido

Por causa de uma vida digna à imagem de Jesus,

Quando me olham de lado

Por viver iluminado pela luz de Deus.

 

Sou feliz sempre,

Seja qual for a minha situação,

A minha necessidade ou tribulação,

Logo que esteja com Jesus.

 

Sou feliz porque deixo que sejas Tu o meu refúgio,

O meu porto seguro,

O meu conforto, o meu abraço,

O meu sustento e a minha vida

O meu alimento e o meu guia.

 

Sou feliz quando és o meu centro

Que me deixo centrar em Ti;

 

Sou feliz até na morte

Se o meu sentido tem a tua orientação

Que leva à ressurreição e à vida.

 

Sou feliz, Jesus,

Porque aceito a Tua proposta de felicidade.

 

inédito

José António Carneiro

Arcebispo critica atrasos de comissão prevista na Concordata


No encerramento do Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja

O Arcebispo de Braga criticou ontem os atrasos no trabalho incumbido a uma Comissão criada entre República Portuguesa e a Igreja Católica, para estudar o desenvolvimento da cooperação quanto a bens da Igreja que integrem o património cultural português, no âmbito da Concordata assinada em 2004.

Na conclusão do II Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja, diante do director-geral da Direcção Geral dos Arquivos, Silvestre Lacerda, D. Jorge Ortiga defendeu a necessidade desta comissão começar a funcionar, volvidos que estão mais de cinco anos desde a entrada em funcionamento da Concordata entre a Santa Sé e Portugal.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa vincou a necessidade de «pôr a funcionar» o estipulado pela Concordata, concretamente ao nível da questão dos bens da Igreja. O documento assinado entre Portugal e a Santa Sé aponta, no número 3 do artigo 23, que «as autoridades competentes da República Portuguesa e as da Igreja Católica acordam em criar uma Comissão bilateral para o desenvolvimento da cooperação quanto a bens da Igreja que integram o património cultural português». Foi precisamente sobre a ausência de trabalho desta comissão que o Arcebispo lançou críticas, apontando que apenas realizou «uma ou duas» reuniões. 

«Estamos todos a trabalhar para a mesma sociedade», disse o prelado, anotando e valorizando, por outro lado, os projectos de colaboração que já vão sendo feitos entre Estado e Igreja, particularmente a disponibilização na web dos registos de baptismo, casamento e óbito desde o século XVI até aos dias de hoje, como apontou, ontem, Silvestre Lacerda.

Criticando a «falta de cultura da memória», D. Jorge Ortiga formulou votos para que as comunidades, a Igreja e as instituições exercitem o «fazer e o produzir documentação». Exaltando a qualidade técnica exigida no trabalho de preservação dos Arquivos Eclesiásticos, o prelado exortou à «articulação de sinergias entre instituições», dando nota do desejo que a Arquidiocese de Braga tem de centralizar e de criar condições para que paróquias, movimentos, associações de fiéis, confrarias e irmandades estimem e preservem o seu património documental.

Antes da intervenção de D. Jorge Ortiga, D. João Lavrador apontou os arquivos como «manancial de vida» e como «valor e tesouro» que é memória do passado. O Bispo Auxiliar do Porto e vogal da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais citou João Paulo II para destacar a «finalidade evangelizadora» dos bens culturais da Igreja, bem como a sua dimensão «cultural e humanística». E pediu que a Igreja se englobe neste trabalho, concretamente através do apoio e ajuda que as dioceses maiores podem dar às mais pequenas, sendo sinal visível da comunhão eclesial.

Disponibilizados na web

registos deste o século XVI

 Na sua intervenção, o director-geral da Direcção Geral dos Arquivos começou por destacar a preocupação manifestada pela Igreja no que respeita aos arquivos, saudando a realização do evento que ontem terminou no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese de Braga. Silvestre Lacerda defendeu que é importante apostar na perspectiva integrada da gestão dos mesmos, assim como na qualificação dos técnicos arquivistas.

O também responsável pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo indicou que aquele organismo colocou na internet mais de 100 mil imagens relativas a registos de baptismo, casamentos e óbitos desde o século XVI. Para já estão colocados registos relativos às dioceses do Porto, Vila Real e Lisboa, estando já digitalizados os de Portalegre e Faro. O projecto arrancou em 2008 e está a caminhar em «bom ritmo» para que «brevemente» estejam disponíveis todos os registos, que são até uma mais-valia no processo de obtenção da dupla nacionalidade.    


Prioridade é sensibilizar a hierarquia da Igreja

 O II Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja estabeleceu ontem como prioridade deste organismo a sensibilização da hierarquia da Igreja e também das comunidades cristãs no que concerne à questão dos arquivos eclesiásticos, bem como a criação de um grupo técnico de trabalho a nível nacional. João Soalheiro estipulou ainda o desejo de levar a Bilbau uma equipa de bispos portugueses e técnicos arquivistas das dioceses portuguesas para conhecer o trabalho desenvolvido naquela diocese de Espanha, ao nível do arquivo histórico e eclesiástico.

No último dia dos trabalhos do Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja, que decorreu em Braga, os participantes debateram os pontos fortes e fracos da política arquivista da Igreja e estabeleceram, em nove pontos, as prioridades para os próximos anos, num âmbito – os arquivos eclesiásticos – que foram e são, em alguns casos, o “parente pobre” do vasto património da Igreja.

Concretamente foi apresentada e defendida a necessidade da constituição de uma equipa ou grupo técnico, quer a nível nacional quer a nível das dioceses portuguesas. Este grupo deverá trabalhar junto do secretariado nacional, com a presença de um bispo, e deverá possuir capacidade de criar e estabelecer orientações normativas para a Igreja Católica portuguesa.

Outro elemento apontado como urgência tem a ver com a sensibilização para a preservação do património documental da Igreja e para a formação dos técnicos. A sensibilização deve ser alargada, incluindo a hierarquia da Igreja, concretamente bispos e sacerdotes, mas deve também ser tida em conta na própria formação dos seminaristas. Além do mais, porque a questão da arquivística da Igreja será cada vez mais base de diálogo com a sociedade civil, convirá, segundo os conselheiros, incluir e abranger a própria sociedade civil e as suas estruturas.

A organização de um encontro nacional de arquivistas eclesiásticos, «não na sacristia, mas em locais onde possa haver diálogo com a sociedade», é, para João Soalheiro, uma das formas encontradas para responder à necessidade de sensibilização e formação na área do património documental e arquivos da Igreja.

Neste âmbito, o Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja decidiu, dentro das suas competências, desafiar o presidente de Conferência Episcopal Portuguesa e mais alguns bispos, que, acompanhados por uma comitiva de técnicos arquivistas das dioceses, possam visitar e conhecer o trabalho desenvolvido pela e na diocese de Bilbau, por ser um dos mais conceituados em Espanha.

No Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, representantes das 21 dioceses portuguesas e de várias instituições eclesiais da área dos bens culturais e patrimoniais apontaram algumas lacunas ao nível da política arquivista da Igreja. Escassez de recursos económicos e financiamentos, inexistência de um diagnóstico nacional e diocesano ao nível da situação dos arquivos das Igrejas particulares, falta de consciência para a importância da preservação do património documental e inadequação e inexistência de infra-estruturas capazes de acolher o vasto património documental foram alguns dos pontos fracos elencados. 

João Soalheiro alertou também para a necessidade de se estabelecer contactos e articulações com as Cúrias diocesanas que são motores de produção documental. «Os Arquivos Eclesiásticos devem trabalhar em simbiose com as Cúrias», sustentou.

18 de junho de 2009

Nas Tuas mãos…



Um silêncio que me fere os ouvidos
Fala-me de Deus.
Um deserto cheio de nada
Revela-me o que sou,

O que sinto.

Eis a verdade que me habita:
Sou homem
Frágil, limitado.
Procuro o caminho,
O sentido,
A vontade d’Aquele que me fala o silêncio.

Procuro Deus
E encontro-O na brisa
Na flor do jardim.

Esse Deus que amo

No Qual deposito a minha vida

Em suas mãos

E sinto-me seguro e amado.

Nas Tuas mãos eu quero estar.


inédito José António Carneiro
9/7/07, Singeverga
foto

Igreja atenta à preservação do património documental


Conselho Nacional dos Bens Patrimoniais da Igreja está a decorrer em Braga

Reflectir sobre o futuro do vasto património documental da Igreja Católica é um dos principais objectivos do II Conselho Nacional dos Bens Patrimoniais da Igreja, que está a decorrer em Braga, tendo como tema “Arquivos da Igreja – memória das comunidades ao serviço da sociedade”. Ontem, os participantes, além da análise da situação vivida nas dioceses portuguesas, tomaram conhecimento do caminho percorrido pelo Arquivo de Bizkaia, na diocese de Bilbau, um dos melhores em Espanha, e que foi apontado como exemplo a seguir.
Na sessão de abertura, o director do Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja apontou alguns dos objectivos do encontro, que tem o ponto alto na manhã de hoje, com os trabalhos de grupo e consequente plenário sobre o caminho que está a ser feito nas dioceses de Portugal ao nível dos arquivos históricos. João Soalheiro sustentou que a missão do Conselho, sem ser normativa, é importante, apelidando-a de «obrigação ética» para a orientação do trabalho e as decisões dos bispos em relação ao património da Igreja.
O responsável pelo Conselho Nacional criado em 2008, pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, salientou que este grupo de trabalho deve «apoiar e sustentar a política arquivista e documental das dioceses».
Em relação a projectos em que está empenhada a Comissão dos Bens Patrimoniais da Igreja, referiu a assinatura em breve de um protocolo entre Ministério da Cultura e a Conferência Episcopal Portuguesa, designado “Rota das Catedrais”, e que visa requalificar algumas das catedrais de Portugal. Outro projecto que merece o empenho da Comissão, denominado “Projecto Cesareia”, visa estruturar e apoiar as 50 bibliotecas mais importantes da Igreja em Portugal.
Os trabalhos de ontem ficaram marcados por dois momentos. Primeiro, a directora do Archivo Histórico Eclesiástico de Bizkaia, Anabella Barroso, apresentou o trabalho feito nesta instituição, uma das mais conceituadas em Espanha. Depois, ao final da tarde, decorreu, em painel, uma partilha de experiência sobre o trabalho feito em Arquivos da Igreja, concretamente na Arquidiocese de Braga, no Patriarcado de Lisboa e na Fundação e Arquivo Miguel de Oliveira.
Anabella Barroso deu a conhecer os cerca de dois mil metros quadrados do arquivo diocesano de Bilbau, que tem, em média, cerca de três mil consultas mensais. Este espaço, que recolhe o património documental da Igreja diocesana, presta a atenção necessária às novas tecnologias, por exemplo a disponibilização total do arquivo aos interessados via internet.

Arquivo de Braga ainda é “bebé”
O cónego José Paulo Abreu partilhou com os presentes o ainda curto caminho feito na Arquidiocese de Braga ao nível do Arquivo Histórico, afirmando que, em relação ao trabalho feito na diocese de Bilbau, «Braga ainda é um bebé».
O também Vigário Geral da Arquidiocese apresentou, em multimédia, uma “visita guiada” ao Arquivo Arquidiocesano de Braga (AAB), começando por dar conta das dificuldades e problemas causados pelas condições do edifício. O AAB situa-se no edifício da Faculdade de Teologia, na Rua de Santa Margarida (em frente à Redacção do DM), e necessitou de algumas intervenções.
Actualmente, os responsáveis bracarenses estão a tratar do Fundo da Cúria – trasladado do Paço Arquiepiscopal –, concretamente os milhares de processos matrimoniais que contabilizam cerca de 80 por cento do espólio documental do arquivo que, recorde-se, diz respeito ao período pós Implantação da República.
Com cinco funcionários, o capitular disse que faltarão mais de 30 mil processos de casamento para terminar a primeira fase de limpeza, informatização e acondicionamento de uma das categorias documentais do Arquivo.
«Queremos abrir ao público, mas não sabemos ainda quando é que isso vai acontecer», confessou o cónego José Paulo Abreu, que pretende, num futuro ainda incerto, chegar ao segundo passo da constituição do AAB: tratar dos Arquivos Paroquiais e também dos Arquivos da Associações de Fiéis.

17 de junho de 2009

No horto com Cristo



No horto do esquecimento e da dor
Eu quero entrar conTigo.
Nele quero fazer-Te companhia
A ti que vives e sofres a solidão dos homens
Que carregas o peso da dor e do abandono.
Uns fugiram, outros dormem
Mas Tu velas por amor até ao fim.
Como faz doer a dor da solidão.
Tão profunda, tão aguda
Que as lágrimas já não são lágrimas
senão gotas de sangue
e pedaços de carne despedaçada.
Essa dor espiritual fere brutalmente
Talvez mais que o peso da cruz
Mais que os cravos na carne
Mais que o peso humano elevado no madeiro.
Tu sofres e eu quero sofrer conTigo.
Sei-me fraco, impotente
Não capaz de aliviar o sofrimento.
Mesmo assim esforço-me
Para o que puder.
Só Tu podes tudo
E livremente caminhas para a morte humana.
Mas não morres para Deus,
Para Ele ninguém morre
Muito menos o Filho amado.
E porque me sinto filho
Sei-me capaz de colaborar
Na Tua hora mais alta:
A do amor e da dor.
Faz-me firme
Mesmo na noite e na intempérie
Na tempestade e na solidão.

inédito JAC

Tempestades



Jesus acalma as nossas tempestades!!!

“Pequenos Cantores” cantaram e encantaram em Roma



Papa ouviu e abençoou grupo na Praça de São Pedro

Os “Pequenos Cantores de Amorim” chegaram a Portugal no passado domingo depois de 10 dias em que realizaram 8 apresentações públicas em Portugal e em Roma. O balanço é positivo, particularmente o da estadia na “Cidade Eterna”, onde cantaram e encantaram, merecendo o reconhecimento de quem os ouviu e a própria benção de Bento XVI, na audiência geral de quarta-feira.
Segundo o padre Guilherme Peixoto, «a vontade de regressar a Roma é enorme porque a meneira como nos receberam jamais sairá do nosso coração».
Encontros de coros, animações litúrgicas de Eucaristias e concertos foram os momentos em que o agrupamento musical formado há sete anos participou.
Em Roma, para onde partiram no dia 7, marcaram presença num encontro de coros na igreja de Santo Inácio, na terça-feira, dia 9. Com eles, estiveram grupos dos Estados Unidos, da Rússia e da Alemanha.
Passada a primeira actuação o grupo esteve na quarta-feira, na Praça de São Pedro, na audiência papal, naquele que foi, segundo o sacerdote, «um dos momentos especiais». Recorde-se que nesse encontro Bento XVI dirigiu uma saudação e bênção ao grupo português.
No Panteão de Roma, animaram a Eucaristia Vespertina do Corpo de Deus, presidida pelo monsenhor António Tedesco, destinada aos peregrinos de língua alemã e que «terminou com uma enorme salva de palmas para o coro» por parte dos presentes, como destaca o sacerdote, pároco de Amorim e Laundos.
Outro dos momentos altos desta viagem aconteceu no dia do “Corpo de Deus”, no qual, em plena Basílica São Pedro o grupo animou a Eucaristia. O padre Guilherme Peixoto conta que a igreja “sede” do Catolicismo deixou os “pequenos cantores” «completamente deslumbrados». E, no final, para manifestar o devido apreço pela qualidade da execução musical do grupo português, as pessoas que celebraram Eucaristia, «por duas vezes fizeram questão de aplaudir», conta o sacerdote.
A estadia em Roma foi finalizada com “chave de ouro” ,a sexta-feira, dia, num concerto em que «cada música era aplaudida como se fosse a última». Na Igreja do Instituto de Santo António dos Portugueses, o grupo apresentou-se com o tema “Pequenos Cantores de Amorim, 7 anos a levar e a louvar a Deus”. Este concerto destinou-se a ajudar a Associazione Dufashanye (Órfãos do Burundi), associação com sede em Roma.

16 de junho de 2009

Conhecer e seguir Jesus

Conhecer e seguir Jesus é um projecto interessante que aderi.
UMA COMUNIDADE PARA COMPARTILHARMOS A NOSSA EXPERIÊNCIA DE FÉ EM JESUS. CADA UM TEM UMA HISTÓRIA ÚNICA E UM PERCURSO ESPIRITUAL SINGULAR.

Aqui nesta página pode entrar nesta rede. Parabéns ao Paulo pela ideia.

15 de junho de 2009

Esclarecendo reportagem RAP

As cinco entradas que estão a seguir neste blogue referem-se a uma reportagem publicada no Diário do Minho de 15 de Junho, sobre Renovação da Acção Pedagógica (RAP), que está a ser desenvolvido e experimentado em Portugal. Este projecto traz vantagens aos escuteiros mas também muitas dificuldades e levantam alguns problemas...

Para os interessados é continuar a ler
os outros podem, se quiseram ver!

Corpo Nacional de Escutas está a renovar oferta educativa


Ivo Faria é o coordenador nacional da equipa do projecto do RAP


O Corpo Nacional de Escutas (CNE) está a experimentar novas metodologias e novas formas de trabalho direccionadas aos seus elementos nas diferentes secções. Renovação da Acção Pedagógica (RAP) é a designação deste projecto e Ivo Faria (IF) é o responsável nacional pela sua implementação. Causas da renovação, prazos e números, objectivos, mudanças e vantagens são algumas das questões a que responde o também chefe da Região de Braga do CNE, além de nos elucidar sobre os principais pontos de mudança que acarreta esta renovação. Tudo isto acontece após a celebração do Ano do Centenário do Escutismo e depois de os Escuteiros de Portugal terem visto um dos seus padroeiros ser canonizado por Bento XVI – falamos de São Nuno de Santa Maria (D. Nuno Álvares Pereira).

Texto e foto: José António Carneiro

DM – O que é e porquê um programa de renovação do Escutismo?
IF – A Renovação da Acção Pedagógica (RAP) é a uma tradução não literal de “Renewed Aproach to Programme”, que significa exactamente “Renovação da Abordagem ao Programa”. Este é um projecto de renovação desenvolvido a nível internacional pela Organização Mundial do Movimento Escutista para as associações repensarem o projecto educativo e a oferta pedagógica. A tradução portuguesa não é exactamente a mesma coisa, mas vai dar ao mesmo. A acção pedagógica é algo mais vasto que o programa.
A nível mundial começou a notar-se uma escassez de dirigentes e verificou-se que a taxa de penetração a nível da juventude estava a cair, particularmente nos países com mais escuteiros. Embora Portugal não padecesse nem padeça dessa dificuldade, os nossos projectos educativos já remontavam a 1992. Por isso, achou-se por bem renovarmos a nossa oferta educativa.

DM – Quais são os objectivos de base do RAP?
IF – Achamos que era importante reforçar a acção do Corpo Nacional de Escutas como associação de educação não-formal ou seja, na linha do aprender fazendo, sendo os próprios escuteiros agentes do seu crescimento.
Outro objectivo a cumprir passa por conferir maior coerência ao “edifício pedagógico” do CNE. Começou-se a achar que a forma como trabalhamos nas quatro secções – embora tendo místicas e formas de ser muito próprias, e em termos pedagógicos haver igualmente bastantes diferenças –, faltava algo que interligasse melhor as idades. Em Portugal, notámos que nas transferências ou passagens de secções perdíamos muitos elementos porque não se adaptam à secção seguinte.
Além destes, pretendeu-se introduzir inovações na pedagogia que nós não estávamos a incorporar e, ainda, dar mais actualidade à nossa acção sem perder valores, método e mística. Na prática, trata-se de ajustar a nossa acção aos tempos de hoje e à experiência acumulada.

DM – Quando arrancou?
IF – Em Portugal, o RAP arrancou em 2001 e, nessa altura, estabeleceram-se alguns objectivos. A fixação da proposta educativa, ou seja, o estabelecimento de um documento que sintetize aquilo que queremos fazer com os jovens, foi aprovado em 2003, tal como a fixação dos objectivos educativos finais, que são a expressão daquilo que o CNE procura que um caminheiro seja quando chega a hora da partida (22 anos). Três anos mais tarde foram fixados os objectivos educativos de secção (que são os finais de cada secção), foram definidas as áreas de progressão pessoal (pólos educativos) e, finalmente, foi aprovada a renovação do sistema de progresso.
A fase piloto deste projecto arrancou em Setembro de 2008 e terminará no próximo mês de Setembro.

DM – Quantos agrupamentos a nível nacional estão envolvidos na fase de experimentação?
IF – São cerca de 10 por cento dos agrupamentos, ou seja, 94, num universo de mais de 900. Na região escutista de Braga concentram-se a maior parte dos agrupamentos piloto. Da Arquidiocese são 24: Arentim, Barcelos, Calendário, Castelões, Caxinas, Cervães, Creixomil, Delães, Galegos Santa Maria, Guilhofrei, Louro, Medelo, Mesão Frio, Montariol, Moreira de Cónegos, Nossa Senhora do Amparo, Polvoreira, Requião, Ronfe, Santa Eufémia de Prazins, São Paio (Vila Verde), Sé Primaz, Silvares e Taipas.
A juntar a estes, estamos ainda responsáveis pelo supervisionamento do processo do RAP no único agrupamento piloto de Viana do Castelo – o de Monserrate.

DM – Quando vai ser alargado a todo o país?
IF – O projecto de experimentação, de alguma forma, já cobre todo o país. Vai ser alargado a toda a associação (mais de 900 agrupamentos) a partir de Janeiro de 2010, com o arranque da formação.

DM – Que inovações concretas introduz?
IF – Sem grandes desenvolvimentos, o RAP traz: uma proposta educativa para a associação; um novo sistema de progresso; um quadro simbólico e místico renovado; uma equipa de patronos renovada; modelos de vida para ajudar a enriquecer os imaginários das actividades e seis áreas de desenvolvimento pessoal.

DM – O que muda?
O sistema de progressão passa a ser mais flexível e adaptável a cada criança ou jovem. Temos também dois novos patronos: São Tiago e São Pedro.

DM – E o que deixa de existir com estas mudanças?
IF – Agora, o progresso deixa de ser baseado em provas.

DM – O RAP traz também a confecção de novos manuais e de nova literatura escutista?
IF – Sim, quatro novos manuais para os dirigentes (um por cada secção) e para os jovens e crianças. Para estes, não são bem manuais, são mais cadernos para registar experiências e vivências. O dos Lobitos e Exploradores chama-se “Caderno de Caça”; o dos Pioneiros, “Diário de Bordo”; e o dos Caminheiros, “Caderno de Percurso”.

DM – Quando chegarão aos escuteiros?
IF – Estão em versão “draft” para serem avaliados, a par da fase experimental. Há um concurso de ideias para formatos dos cadernos/diários. Estão também a ser produzidos subsídios para inserir nos mesmos com conteúdo flexível, uma vez que depende de cada criança/jovem.


Renovação Pedagógica
Alguns números e datas

69 mil – número aproximado de escuteiros a nível nacional, segundo censos de 2008.
16 mil – número aproximado de escuteiros na Região de Braga, a mais numerosa do país.
94 – é o número de agrupamentos que a nível nacional estão a testar o RAP.
24 – número de agrupamentos na Região de Braga que estão a testar o RAP.
1 – Monserrate é o único agrupamento de Viana do Castelo que está incluído na fase piloto do RAP.
2001 – data do arranque do projecto em Portugal.
2003 – aprovada a definição dos objectivos.
2006 – aprovada a organização das secções.
2008 – início da fase piloto.
2009 – conclusão da fase piloto.
2010 – início da implementação em todos os agrupamentos.

Sistema de progresso deixa de basear-se em provas


Liberdade de escolha recai no escuteiro

O sistema de progresso é uma das alterações mais relevantes que o projecto de Renovação da Acção Pedagógica (RAP) traz consigo, particularmente o facto de acabarem as provas para passar a existir oportunidades educativas, estabelecidas pelo método.
Este novo sistema de progresso assenta na ideia de que o caminho para se chegar ao topo é diferente em cada um dos escuteiros, deixando assim de existir provas, obrigatórias ou facultativas, opcionais ou de qualquer outra ordem. Por isso, se deixa de dizer que “a criança, adolescente ou jovem prestou provas”.
O objectivo deste sistema é ajudar cada escuteiro a envolver-se activamente e de forma consciente no seu próprio desenvolvimento e, por isso, está mais centrado no indivíduo, considerando as suas capacidades, baseando-se em objectivos educativos, e permitindo a aquisição de Conhecimentos, Competências e Atitudes (CCA).
Além do mais, é um factor de motivação que guia o jovem no seu desenvolvimento, sendo uma oportunidade de aprofundar habilidades próprias e de valorização pessoal ou de descoberta vocacional.
O sistema de progresso impulsiona o jovem a adquirir “rotinas” de análise e de planeamento da sua vida.
As vantagens deste novo sistema de progressão assentam, particularmente, na valorização do diagnóstico inicial e na negociação que se estabelece entre elemento e dirigente em relação ao caminho a percorrer e as metas a atingir.
O novo sistema potencia, igualmente, a relação entre os diversos intervenientes e entre pares na fase do diagnóstico e avaliação.
Porque o Corpo Nacional de Escutas (CNE) é um contributo à educação, juntamente com outras instituições, este novo sistema de progresso não esquece e envolve outros organismos que não apenas o agrupamento e a unidade. Por isso, os CCA podem ser adquiridos pelos escuteiros na sua vivência escolar, catequética, nos clubes a que pertencem e equipas de outros organismos, mas também no seio da secção e do bando, patrulha ou equipa, no desenrolar do dia-a-dia e das fases da vivência das caçadas, aventuras, empreendimentos e caminhadas.

Progresso tem três etapas
Com nomes ligados à mística e à simbologia da unidade, as etapas do progresso são formadas por diversos componentes: adesão, adesão informal, diagnóstico inicial, compromisso pessoal, passagem de secção, oportunidades educativas, relação educativa, avaliação e reconhecimento, desafio e partida.
Para a progressão pessoal, o escuteiro tem seis áreas de desenvolvimento estabelecidas pela proposta educativa. Existem três trilhos educativos em cada uma das seis áreas e cada trilho contém um ou mais objectivos educativos. Assim sendo, o escuteiro constrói a sua etapa de progresso, que são três, seleccionando um trilho de cada uma das áreas de desenvolvimento. No caminheirismo, o progresso já não se faz por trilhos, mas apenas por objectivos.
Este novo sistema de progresso deixa que a liberdade de escolha esteja reservada, em primeiro lugar, à criança, adolescente ou jovem. Agora, o papel do chefe de unidade limita-se ao apoio no diagnóstico e na selecção dos trilhos educativos que irão constituir as etapas pessoais e à observação da evolução dos CCA que contribuem para validar os objectivos educativos como atingidos.

Sete maravilhas
do método escutista

O método escutista é um sistema de auto-educação progressiva, baseado na Promessa e na Lei, numa educação pela acção e numa vida em pequenos grupos. Esta última envolve e aponta para a descoberta e a aceitação progressiva de responsabilidades pelos jovens e uma preparação para a autonomia com vista ao desenvolvimento do carácter, à aquisição de competências, à confiança, ao serviço dos outros e à capacidade de cooperação e de dirigismo. O método é, deste modo, a forma de o CNE educar os seus jovens, baseando-se em sete campos distintos, chamados internamente “as sete maravilhas do método”. Com mais de 100 anos de existência, o método escutista permite explorar, a partir da forma natural como os jovens se relacionam, diferentes opções educativas. Os sete âmbitos do método são: Aprender fazendo, mística e simbologia, sistema de patrulhas, Lei e Promessa, sistema de progressão pessoal, vida na natureza e relação educativa jovem/adulto.



Seis áreas a desenvolver
Proposta educativa do CNE

A proposta educativa do CNE pretende responder à questão “Educamos. Para quê?” e é também um dos pontos fundamentais onde o RAP incidiu. Assim sendo, a renovada proposta pretende que o movimento continue a ajudar os jovens a crescer, a procurar a própria felicidade e a contribuir para a felicidade dos outros, descobrindo e vivendo segundo os valores do Homem Novo.
O CNE procura através do seu método ajudar as crianças, adolescentes e jovens a educar-se para se tornarem conscientes do ser, do saber e do agir. A finalidade é que cada um, com estas competências, se torne homem ou mulher responsável e membro activo da comunidade, na construção de um mundo melhor.
A proposta educativa do CNE assenta em seis dimensões: desenvolvimento do carácter, desenvolvimento afectivo, desenvolvimento espiritual, desenvolvimento físico, desenvolvimento intelectual e desenvolvimento social.
Para a plena realização destas dimensões, o movimento estipulou objectivos educativos que definem, para cada área do desenvolvimento pessoal, o resultado que um jovem pode esperar alcançar no final de cada uma das etapas ou então no momento da partida.
A lógica destes objectivos educativos é gradual e interligada para que também a oferta educativa seja global e integral. Esta renovação da proposta educativa faz com que, agora, o jovem seja cada vez mais o centro da acção educativa.

Mística e simbologia renovadas com novos patronos e modelos


São Tiago e São Pedro passam a ser patronos de secções


No âmbito da mística e da simbologia do CNE, a Renovação da Acção Pedagógica (RAP) também traz alterações significativas, particularmente com a renovação da equipa de patronos e com a inserção de vários modelos de vida para ajudar a enriquecer os imaginários das actividades escutistas. Ainda que os responsáveis predefinam alguns modelos de vida e outras personalidades de relevo, essas listagens não estão truncadas, permanecendo, desse modo, a possibilidade de cada agrupamento ou secção poder incluir outros santos ou beatos ou outros exemplos de vida para os escuteiros.
A mística do programa educativo do CNE assenta num esquema de quatro etapas, com vista a uma formação humana e cristã integral, mais sólida e mais madura. Estas etapas são sequenciais – cada uma é trabalhada para uma secção, ainda que de forma não estanque – e complementam-se, na medida em que estão interligadas e adquirem o seu pleno sentido na sobreposição das partes. Estas etapas desenrolam-se na lógica de um caminho a percorrer, constituindo um itinerário de crescimento individual e comunitário proposto a cada escuteiro.
As alterações que o RAP traz são significativas, mas não implicam que tudo tenha sido ou vá ser alterado. Desde logo se destaca que os patronos do escutismo continuam inalteráveis, ou seja, Santa Maria (Mãe dos Escutas), São Jorge (patrono mundial do Escutismo) e São Nuno de Santa Maria (patrono do CNE).
O mesmo já não se poderá dizer em relação aos imaginários, patronos, símbolos, modelos de vida e exemplos das quatro secções, que surgem renovados com o projecto RAP.
O imaginário dos lobitos continua a ser a história de Máugli, personagem de “O Livro da Selva”, de Rudyard Kipling.
Ao nível da mística, o lobito louva Deus Criador, descobrindo-O no que o rodeia. A intenção é fazer com que quando um lobito descobre as maravilhas da natureza e vive alegre, contente, obediente, amigo de todos e disposto a imitar em tudo o Menino Jesus, percebe que Este o ama e aprende a louvar o Criador.
O símbolo da primeira secção é a Cabeça de Lobo que representa a unidade da alcateia.
São Francisco de Assis é o patrono e Santa Clara de Assis e os beatos Francisco e Jacinta exemplos de modelos de vida para os lobitos.
O imaginário da segunda secção continua, também, a ser a figura do explorador que parte à descoberta do desconhecido.
Ao nível da mística o explorador é desafiado a ir à descoberta da Terra Prometida. Assim, reconhece Deus na sua vida e aceita a Aliança que lhe propõe, pondo-se a caminho tal como o Povo do Antigo Testamento.
Os símbolos da segunda secção são a Flor de Lis, a vara, o chapéu, o cantil e a estrela.
O patrono deixa de ser São Jorge – ficou apenas como padroeiro do escutismo – e passa a ser São Tiago Maior. Abraão, Moisés, David, Santo António e Santa Isabel de Portugal são exemplos de modelos de vida.
Na lista dos grandes exploradores e que são também exemplo para os escuteiros da segunda secção figuram personagens como Fernão de Magalhães, Ernst Shackleton, Neil Armstrong, Gago Coutinho, Sacadura Cabral, Jacques Costeau, Diana Fossey ou o Infante D. Henrique. Outros poderão ser adicionados.
S. Pedro “protege” os pioneiros
O imaginário da terceira secção continua assente na figura do pioneiro insatisfeito e que busca a concretização do sonho, uma vez que, feita a descoberta do mundo que o rodeia, o pioneiro solta-se do supérfluo e põe mãos à obra.
Por isso, a mística desta secção desafia a construir a Igreja, levando o pioneiro a assumir o seu papel nessa construção, colocando os seus talentos ao serviço da comunidade e assumindo a tarefa de ser construtor de comunhão.
Os símbolos do pioneirismo são a rosa dos ventos, a machada, a gota de água e o “icthus”.
O patrono deixa de ser São João de Brito, que passa a ser modelo de vida, para começar a ser São Pedro, o primeiro “chefe” da Igreja.
Como modelos de vida para os pioneiros, além do já referido São João de Brito, o novo projecto elenca exemplos como Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Catarina de Sena.
Já em relação aos grandes pioneiros, a lista é mais alargada: Padre António Vieira, Einstein, Marie e Pierre Curie, Florence Nightingale e Isadora Duncan.
A última secção do escutismo – o caminheirismo – não tem um imaginário definido. Como jovens adultos, os caminheiros põem em prática as suas acções no terreno real, na vida do dia-a-dia.
Quanto à mística, o caminheiro é desfiado a orientar a vida para os valores do Homem Novo.
Os símbolos do caminheiro são a vara bifurcada, a mochila, o pão, o Evangelho, a tenda e o fogo.
São Paulo continua a ser o patrono da secção, ao passo que São João de Deus, Beata Teresa de Calcutá, Santa Teresa Benedita da Cruz, João Paulo II e Santo Inácio de Loyola figuram como exemplos de modelos de vida.
Finalmente, os caminheiros dispõem de uma plêiade de personalidades da história para seguir e imitar: Aristides Sousa Mendes, Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela, Aung San Suu Kyi e Wangari Maathai.

Esclarecendo conceitos
da mística e simbologia


Dentro da mística e da simbologia do movimento há alguns conceitos que convém esclarecer, particularmente imaginário, mística, símbolos, patronos, modelos de vida e grandes figuras.
O imaginário é o ambiente que envolve um determinado grupo e que se traduz por um espírito e uma linguagem próprios. Envolve frequentemente uma história com heróis e símbolos e induz a um sentimento de pertença em relação ao grupo permitindo a transmissão de determinados valores.
A mística é uma proposta de enquadramento temático e de vivência espiritual para cada uma das quatro secções, que visa aprofundar a descoberta de Deus e a comunhão em Igreja.
Os símbolos são elementos ou objectos representativos de realidades, características ou atitudes que materializam o ideal proposto na mística de cada secção. Todas as secções têm o seu símbolo, podendo este ser único ou integrado num conjunto de símbolos complementares.
Patrono é um santo ou beato da Igreja Católica que no decurso da sua vida encarnou na plenitude os valores que se pretendem transmitir através da mística e do imaginário de uma determinada secção, sendo por isso escolhido como protector e exemplo de vivência para os jovens dessa mesma secção.
Os modelos de vida são figuras da Igreja Católica que, à semelhança do patrono, também encarnaram os valores e ideais da mística e do imaginário da secção e que exprimem a diversidade de caminhos e carismas possíveis para os viver.
As grandes figuras são personalidades que na sua vida realizaram grandes feitos, associados ao imaginário da secção, e que, de alguma forma marcaram a história da humanidade.

Maior compromisso e esforço supera dificuldades da fase piloto


Implementação do RAP na Região de Braga


Todas as mudanças acarretam em si mesmas mais dificuldades e exigências novas que, por sua vez, necessitam de maior compromisso, mais trabalho e simultaneamente exigem um desalojamento e desacomodação constantes nas formas de estar e trabalhar. Com a fase de experimentação da Renovação da Acção Pedagógica (RAP) a caminhar a passos largos para a sua conclusão, é natural que vários agrupamentos da maior região escutista do país sintam muitas dificuldades na implementação das novas metodologias.
A conclusão da fase de experimentação do RAP acontecerá em Setembro de 2009 e, com a aproximação do termo, vai sendo hora de avaliar a forma como tem estado a decorrer a fase piloto do projecto para que, em 2010, as novas metodologias sejam alargadas aos agrupamentos de todo o território nacional com a devida chancela e aprovação dos agrupamentos que o experimentaram.
O Diário do Minho auscultou alguns dos 24 agrupamentos da Região de Braga para perceber as implicações e as dificuldades sentidas na aplicação do RAP.
Não há agrupamento que não revele dificuldades ao nível da realização do diagnóstico inicial, que exige mais tempo, mais burocracia, mais responsabilidade, acompanhamento mais personalizado e contínuo e vem revelar a necessidade de os agrupamentos terem mais adultos/dirigentes.
Ilídio Vila, do Agrupamento de Arentim (Braga), disse ao DM que as maiores dificuldades encontradas são as que caracterizam todos os projectos que arrancam de novo. E concretizou: «mais tempo disponibilizado para planeamento, mais burocracia, a necessidade de mais adultos no agrupamento tornou-se mais premente, os guias têm sentido mais trabalho, o tempo que levam os diagnósticos iniciais e as negociações pessoais para atingir os objectivos individuais é demasiado, tendo em conta aquele que dispomos semanalmente para toda a actividade escutista».
Segundo Bernardino Miranda, do Agrupamento de Requião (Famalicão), os momentos de mudança nunca são fáceis, porque o próprio ser humano é um “animal de hábitos”.
Além disso, as dificuldades trazidas pelo RAP podem ser vistas por duas perspectivas: a do escuteiro e a do dirigente. «Ao escuteiro, o RAP pede uma maior autonomia e uma maior atenção ao seu progresso», ao passo que ao dirigente ou educador, para além de uma atenção cada vez mais individual e personalizada que deve dar aos seus escuteiros, deve ter em conta as suas vivências do dia-a-dia, na família, no grupo de amigos e na escola», referiu Bernardino Miranda.
No Agrupamento de Creixomil (Guimarães), a maior dificuldade tem sido a interiorização das novas regras e novas exigências. «A divisão em áreas pedagógicas vem trazer mais responsabilidade quer aos chefes quer aos escuteiros. Para os chefes, em particular, a exigência é maior dado que têm um trabalho mais profundo a desenvolver com o escuteiro e um acompanhamento mais permanente e personalizado», aclarou Manuel Soares. Mas «agora não basta chegar, é preciso continuar no trilho certo, ou seja, não chega fazer uma vez, é preciso fazer continuadamente».
O Agrupamento de Medelo é o único do Núcleo de Fafe que está a experimentar o RAP. Os responsáveis referem que as dificuldades desta implementação estão a ser «diminutas». Segundo José Maria, monitor do agrupamento e tutor de Núcleo de Fafe do projecto RAP, o sucesso desta implementação reside, por um lado, no facto de todos os dirigentes terem formação específica e, por outro, no facto de o Núcleo e a Região colmatarem as dificuldades que vão surgindo com formação e esclarecimentos pertinentes.
A avaliação do progresso individual de cada escuteiro que agora exige um acompanhamento contínuo, atento e quase geral da vida do elemento é uma das dificuldades maiores encontrada pelos responsáveis do Agrupamento de Cervães (Vila Verde).
Cristiano Barbosa apontou que «apesar de ser um método completo de avaliação, existem muitas barreiras a transpor», sendo a principal o número elevado de elementos escuteiros e o reduzido número de adultos e dirigentes.
Neste agrupamento está a ser difícil a compreensão dos elementos mais novos acerca dos objectivos a cumprir. «É muito difícil explicar a um miúdo de 11 ou 12 anos o que é um objectivo tão abstracto como “reconheço as minhas emoções e sei exprimi-las com naturalidade e sem magoar os outros”», revelou.
No primeiro agrupamento escutista criado em Portugal – o Agrupamento 1 da Sé (Braga) – também se têm sentido dificuldades na aplicação do RAP.
Luís Veloso apontou duas: a realização do diagnóstico inicial a todos os elementos do agrupamento, porque implica para os dirigentes um acréscimo de dezenas de horas na preparação e realização desse objectivo e na escassez de material de apoio na fase inicial deste processo.

Um ano para “arranhar”
Porfírio Faria, do Agrupamento 456 de Silvares (Guimarães), anotou que a súbita mudança no sistema de progresso, os diagnósticos iniciais, a iniciativa das crianças e jovens para escolherem os trilhos e os objectivos a atingir são algumas das dificuldades mais visíveis e sentidas.
Além disso, o dirigente vimaranense mostrou que a logística não acompanhou devidamente os agrupamentos piloto que sentiram muitas dificuldades em arrancar com pouco ou quase nenhum material de apoio.
A aplicação do RAP só estará no seu esplendor no próximo ano já que este está a ser um ano experimental, com muitas dificuldades e dúvidas. «É um ano para ‘arranhar’», afirmou.
No Agrupamento 994 das Caxinas, também existem dificuldades até pelo facto de ser o único do Núcleo Cego do Maio (que engloba 17 agrupamentos de Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Esposende), que aderiu à fase piloto do RAP.
Deste modo, «algumas questões de orgânica, comunicação, organização ou outras que surgem no dia-a-dia, têm de ser resolvidas pela experiência pessoal dos dirigentes», refere Milton Castro.
Também para o Agrupamento de Caldas das Taipas (Guimarães) as dificuldades maiores residem no diagnóstico inicial para cada elemento e também no facto de a nova forma de trabalhar implicar maior envolvimento dos dirigentes e dos elementos.
No Agrupamento 660 de Montariol (Braga), a maior dificuldade é a limitação do tempo para pôr em prática as novas metodologias e, por isso, dois anos desta fase piloto talvez fosse o ideal e não um ano. Este método ajuda ao crescimento autónomo de cada elemento mas, há algumas dificuldades em motivar.

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

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