30 de novembro de 2011

Advento 2011. Partilhamos ou guardamos?

Caminhando Jesus junto ao mar da Galileia,
viu dois irmãos, Pedro e André, e chamou-os, dizendo:
Vinde comigo; farei de vós pescadores de homens.


Não somos ilhas. Como tal a nossa vida não faz sentido vivida egoisticamente. O género humano realiza-se plenamente na comunhão, nunca na solidão.
Como cristãos, também não existimos isoladamente e a vivência nossa fé passa por um permanente “apontar” Cristo aos homens e mulheres do nosso tempo, que caminham ao nosso lado nesta “aldeia global”.
André, irmão de Simão Pedro. Hoje olhamos este Apóstolo, escolhido por Jesus. Tocado no mais profundo do seu ser, foi capaz de não querer Cristo só para si. Quis partilhar Cristo, quis levar Pedro, seu irmão, à mesma experiência do encontro.
E nós: partilhamos ou guardamos?

29 de novembro de 2011

Advento 2011. Senhor eu espero em Vós!


O Senhor virá com todos os seus Santos.
Naquele dia brilhará uma grande luz.

A esperança cristã é a virtude que nos faz crer que no fim as coisas farão sentido!
Há muitas sombras, tempestades, nuvens a obscurecer a claridade da presença de Deus em nós..
Mas, somos privilegiados, nós, cristãos, porque temos derramado em nossos corações o Espírito Santo.
É por Ele que podemos rezar.
Somos felizes, mesmo não vendo e palpando Deus, quando somos capazes de mostrar e irradiar a sua presença a todas as pessoas.
Somos felizes porque cremos que o sonho de um mundo justo e harmónico se concretiza na vinda do Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso irmão e amigo.

28 de novembro de 2011

Advento: Senhor eu não sou digno!... mas confio!



"Ouvi, ó povos, a palavra do Senhor
e proclamai-a até aos confins da terra.
Não temais.
Deus vem salvar-nos".


2.ª feira da Primeira Semana do Advento

Não é fácil equilibrarmos a balança da vida da família nestes tempos em que a carga de negatividade das coisas parece, e é, tão pesada e insuportável.
Crise, cortes, aperto...
Tristeza, desespero e desesperanças...
Parece carga a mais, um jugo insuportável.

Revestir esta nossa vida e este nosso tempo de alegria, de confiança, da fé, que assenta na certeza da presença de Deus em todos os nossos momentos, é tarefa a empreendermos.
E o Advento serve plenamente para isso.
Vamos com alegria ao encontro do Senhor que já nos encontrou e nos amou em primeiro lugar. Sabemos o que somos? Senhor eu não sou digno que entres na minha morada, mas diz, porque basta a tua Palavra!
Deus, em Jesus, vem de novo e surpreende-nos mas é na surpresa do Seu Encontro que me encontro comigo mesmo.

26 de novembro de 2011

Primeiro Domingo do Advento: Vigiar!

Estai alerta; Vigiai!
Não sabeis a hora nem o momento…  

"Para Vós, Senhor, elevo a minha alma.
Meu Deus, em Vós confio.
Não seja confundido nem de mim escarneçam os inimigos.
Não serão confundidos os que esperam em Vós".

Há palavras que o tempo vai desgastando e deixando de utilizar.
Outras há que o tempo vai valorizando e trazendo à ribalta das nossas vidas!
Vigilância!
Eis a que agora se valoriza por mais um tempo de Advento que nos é dado como graça, com dom e tesouro.
Vinde Senhor Jesus!
Vinde visitar esta vinha,
Protegei a cepa que plantastes
E entendei a vossa mão misericordiosa sobre nós.
Fazei-nos viver!
Maranatha!

Para rezar:
Senhor, pedes-nos que vigiemos, que estejamos alerta e
que demos testemunho de Amor e, no entanto, quantos de
nós estamos cegos e surdos, adormecidos e quietos.
Que o Advento que agora iniciamos, nos leve a um
compromisso que seja pequeno, possível e para fazer aos poucos:
Ouvir a Tua voz! Queremos ouvir a Tua voz!
Que o nosso lar esteja rodeado de Amor para melhor
acolhermos o Salvador que nasce!

(Caminhada Advento-Natal. Diocese de Aveiro)

Advento 2011. "Caroços de azeitonas" para o caminho


Advento
Tempo de graça.
Oportunidade.
Tempo para recentrar a vida no essencial,
Tempo para voltar o coração para Deus.
Tempo de (re)começo!
Tempo para preparar...
Deus Vem! 
Ao ler "Caroço de Azeitona" percebi como Erri de Luca, um não crente, marca a sua vida pela leitura de um "punhado" de versículos bíblicos, em hebraico, ao que ele chama "um caroço de azeitona", que fica a remoer na mente durante esse dia.
Aprendi a licção.
Neste tempo de Advento que começa proponho-me fazê-lo para mim, em primeiro, e a partilhá-lo. Retomo com a frequência diária o meu blogue para aqui colocar um "punhado de ideias", a partir da Palavra, para ficar como "caroço de azeitona, a remoer quem quiser...
Faço-o com a devida ligação à Caminhada de Advento-Natal 2011-2012, proposta pela Vigararia da Educação Cristã, da Diocese de Aveiro, com o lema "Família, Esperança e Dom!


 

5 de novembro de 2011

Iluminados pela Palavra, aprendemos a prudência


1. Caminhamos, em passo acelerado, para o terminus do ano litúrgico. Ficamos, agora, com dois domingos para celebrar, sabendo que a solenidade de Cristo Rei encerra o nosso ano litúrgico, abrindo-se logo à nossa frente as portas de mais um advento, como propedêutica do Natal do Senhor. Porque vamos caminhando para esse fim do ano, a liturgia da Igreja começa desde já a preparar a nossa mente e o nosso coração para a necessidade da vigilância, tendo em conta a segunda vinda do Senhor Jesus que está no horizonte final da história humana.

2. Essa é, aliás, a mensagem essencial do Evangelho de Mateus, que ouvimos proclamar e que, ao contrário de Marcos - que apresenta os sinais que precedem a destruição do Templo de Jerusalém -, nos elucida acerca do modo como devemos esperar, em constante vigilância, e como nos devemos preparar para essa segunda vinda de Jesus Cristo.

3.O cenário proposto pelo evangelista, ao escrever a parábola de Jesus, é o de um casamento judaico tradicional, imagem tão querida em toda a Escritura, para se referir à vinda do Messias. É a partir desta sugestiva imagem do banquete (que ainda há poucos domingos a liturgia nos propunha à reflexão) que Jesus nos quer ensinar, sempre com a habitual paciência, que podemos escolher como lema da nossa vida: Sempre Alerta!

4. Para melhor entendermos esta Palavra, importa dizer que a tradição judaica do casamento impunha que, no último dia da festa, o noivo, juntamente com os seus amigos, formasse um cortejo que, depois do sol posto, e à luz de candeias, fosse a casa da noiva, que acompanhada das suas amigas, aguardava, jubilosa, a chegada desse luminoso e ruidoso cortejo. Aí chegados, a noiva abandonava a sua casa, com as suas companheiras, e todos formavam um só cortejo rumo, de novo, à casa do noivo. Fechada a porta iniciava o banquete nupcial.

5. Esta história proposta por Jesus tem uma intenção escatológica (falar das realidades últimas da história humana), alertando-nos para a necessidade de estarmos prontos e preparados para participar nesse banquete festivo, no momento em que Ele vier ao nosso encontro para fazer festa do Encontro, face-a-face, daqueles que sempre se buscaram e se amaram.

6. Reparemos que, nesta parábola, as "virgens insensatas" acabam excluídas do festim porque facilmente percebemos que elas não primaram na preparação e não vigiaram suficientemente. Reparamos até que no adormecer e no dormitar, enquanto esperam o esposo atrasado, "prudentes" e "insensatas" são semelhantes; mas, na preparação prévia para a recepção e o acolhimento do esposo, elas são bem diferentes. E aí está a questão. Não teremos parte na Festa que Deus nos prepara se não estivermos vigilantes e preparados.

7. É inultrapassável que, ao lermos este texto, a nossa mente não vá até outro episódio do Evangelho de Mateus. No capítulo 7, lê-se: “Nem todo aquele que me diz “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos e em teu nome que expulsamos demónios, e em teu nome que fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci". (7, 21-23). Logo a seguir a este episódio conta-se a história do homem prudente que edifica a casa sobre a rocha e do insensato que constrói em cima da areia.

8. Afinal, os prudentes são os que, iluminados pela Palavra de Deus, que é a rocha e o apoio firme, estão vigilantes, atentos e alerta, pondo em prática a Palavra; os insensatos são os que até recebem a Palavra de Deus, mas adormecem “à sombra da bananeira”, não vigiam e descuidam a necessária prática da Palavra escutada. Faz a vontade de Deus aquele que pratica a Palavra ensinada pelo Filho que é, Ele mesmo, a Palavra, o Verbo, o Logos, o Dabar divino. Estes terão lugar nesse banquete festivo que Deus põe continuamente à nossa disposição.

9. Hoje, a partir da primeira leitura, podemos e devemos pedir o dom da Sabedoria. Dá-nos, Senhor, a Tua sabedoria, para discernirmos o que é bom e agradável. Assim estaremos despertos e aprenderemos a prudência. Assim entraremos no banquete da Tua vida abundante, na festa do encontro dos que Te amam e buscam.

2 de novembro de 2011

Memória dos mortos. Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos


Ontem, na celebração da festa da comunhão dos santos, contemplámos a Jerusalém celeste, esposa do Cordeiro, bela, sem mancha nem ruga porque santificada pelo Senhor (cf. Ef 5, 27; Ap, 21, 2); hoje somos convidados pela Igreja a fazer memória dos mortos. Festa de todos os santos e memória dos mortos são uma única grande festa em que se vive o mistério da glória e o mistério da cruz, o mistério da vida eterna em Deus e o mistério da morte na fé: Cristo ressuscitado conduz os mortos para o rio da vida da comunhão dos santos.
O cristão, por vocação, morre com Cristo (cf. Rom 6, 8) e com Cristo é sepultado (cf. Rom 6, 4) na Sua morte e, quando morre, leva à plenitude a obediência de criatura e em Cristo é transfigurado e ressuscitado pelas energias de vida eterna do Espírito Santo. É nesta consciência, nesta visão que nasce da fé, que a morte acaba por ser irmã – como era definida por S. Francisco de Assis – para se transfigurar num acto em que se restitui a Deus, por amor e na liberdade, aquilo que Ele nos deu: a vida e a comunhão. Por isso, a Igreja da terra, recordando os fiéis defuntos, une-se à Igreja do céu e, numa grande intercessão, invoca a misericórdia pelos que morreram e está diante de Deus para lhe prestar contas de todas as suas obras (cf. Ap 20, 12).
O texto do Evangelho de S. João recorda-nos palavras de Jesus que ressoam como uma promessa que pode ser repetida ao nosso coração para vencer a tristeza e o temor. Jesus disse: «Quem vier a Mim, eu não o rejeitarei». O cristão é aquele que vai ao encontro de Cristo, em cada dia, mesmo se a sua vida está marcada pelo pecado e pela queda; é aquele que se afasta e regressa, que cai e se levanta, que retoma com confiança o caminho do seguimento de Cristo. E Jesus não o rejeita; pelo contrário, abraçando-o no seu amor oferece-lhe o perdão dos pecados e condu-lo definitivamente à vida eterna: Esta é a vontade de meu Pai: que quem acredita no Filho tenha a vida eterna (cf. Jo 3, 16.36). Por isso é que S. Paulo escreveu: «o dom gratuito que vem de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor» (Rm 6, 23).
A memória dos mortos é, portanto, para os cristãos uma grande celebração da fé na ressurreição e na vida eterna: aquilo que é confessado e cantado na celebração das exéquias, é reproposto num único dia, para todos os mortos. A morte não é mais a última realidade para os homens; os que morreram, indo ao encontro de Cristo, não são por Ele rejeitados, mas ressuscitados para a vida eterna, a vida para sempre com Ele, o Ressuscitado-Vivente. A morte é verdadeiramente uma passagem, uma Páscoa, um êxodo deste mundo para o Pai: para os crentes não se trata de um enigma, mas de um mistério, porque está inscrito, de uma vez para sempre, na morte de Jesus, o Filho de Deus que soube fazer da sua morte um autêntico e total acto de entrega e oferta ao Pai. E assim também nós hoje somos chamados a interrogarmo-nos sobre a fé na nossa ressurreição, da qual Cristo é penhor e fundamento, recordando as palavras paradoxais do apóstolo Paulo: se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou (1 Cor 15, 16). Às vezes parece mais difícil acreditar na nossa ressurreição do que na ressurreição de Cristo.
Escreveu S. João na sua 1ª Carta: «Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos» (1 Jo 3, 14), palavras que constituem um comentário, fruto de grande inteligência espiritual, a uma outra afirmação de Jesus: «quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não é sujeito a julgamento, mas passou da morte para a vida» (Jo 5, 24). É exactamente assim: se os cristãos não amam os irmãos, ficam prisioneiros da morte; pelo contrário, amando mostram que estão mortos para si próprios e vivos em Cristo, vivos da vida de Deus semeada neles. Sim, quem vive cada dia neste amor, faz a experiência de ser vencedor da morte, de passar já da morte para a vida, porque o «amor é mais forte do que a morte» (Ct 8,6).

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...