21 de janeiro de 2012

A hora da Missão. Mãos à obra! Homilia III Domingo Comum



O Evangelho do III domingo do tempo comum coloca-nos mesmo no princípio do Evangelho de Marcos, omitindo toda a vida de Jesus até por volta dos 30 anos! Aqui, Jesus começa a pregar a Boa Nova de Deus na Galileia. Antes apenas a pregação de João e o Baptismo de Jesus. Mas, o Cordeiro de Deus não ficou no deserto. Agora, apresenta-se no meio da realidade humana, atravessa os trilhos e os caminhos da existência quotidiana do seu tempo, onde pessoas concretas vivem, trabalham e sofrem. Aí, e só aí, começa a proclamar a Sua mensagem: «O Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e acreditai na Boa Nova».

A primeira coisa que Jesus faz é procurar colaboradores para esta tarefa da evangelização. Ele não quer empreendê-la sozinho. Por isso mesmo, ao passar junto do lago da Galileia, repara no trabalho de alguns pescadores. Chama-os. Convida-os a seguirem-n'O e propõe-lhes que mudem de trabalho: «Farei de vos pescadores de homens». Inesperadamente eles deixam tudo (trabalho, bens, família) e seguem-n'O.

Com isto o evangelista Marcos quer mostrar-nos muito mais que um episódio bonito da vida de Jesus. Pretende, isso sim, que todos os que lêem e escutam este evangelho, se sintam interpelados a dar a resposta livre e pronta de Pedro e dos outros discípulos. O que é verdadeiramente importante é que Jesus chama! Chama porque ama. E quem é chamado e amado responde seguindo e amando. Por isso, aqueles pescadores da Galileia são modelo para todos os discípulos de Jesus. E nós não ficamos à margem deste paradigma.

Há algumas perguntas que se impõem diante deste texto. Em primeiro lugar, qual é o Evangelho, a Boa Nova que Jesus começa a proclamar?

A resposta é simples e até ligeira: Jesus está presente e vivo, no meio dos homens para cumprir todas as promessas de vida, salvação, felicidade e libertação, vindas já do Antigo Testamento! É a boa notícia de que Deus não ficou lá longe, mas está presente em Jesus vivo, pessoa, em carne e osso e no meio de nós! Deus está mesmo à nossa mão. E chama cada um de nós a dar-Lhe as nossas mãos. Chama para nos deixarmos olhar e tocar, seduzir e “apanhar” por este Jesus. Este é o primeiro e fundamental passo para convertermos e transformarmos a nossa vida.

Basta aderir, dizer sim, acolher, acreditar, abrir o coração e seguir. Jesus não dita regras nem impõe, para já, qualquer código de conduta. A sua mensagem é Ele próprio. Não nos chama para seguirmos uma ideia, um programa, uma doutrina. Chama-nos a segui-lo a Ele, como o Caminho, a Verdade e a Vida!

Evangelizar devia ser isto. Num tempo em que em Igreja vamos falando tanto de nova evangelização deveríamos ter presente que evangelizar é levar a todos a boa notícia, de que Jesus está aí, como luz que dá sentido. Está e passa por aí, discreto, por entre a vida das pessoas, por cima e por debaixo das suas telhas, pelas ruas e praças, para dar vida e salvação.

Evangelizar é dizer a todos e, em especial, aos que sofrem, que Jesus está aí! Está na sua dor, como está no amor, com que são tratados, como grita no clamor dos esquecidos e abandonados.

Evangelizar é também dizer aos que já fazem o bem, mas que até desconhecem Deus, que esse Deus desconhecido está aí, escondido mesmo por entre os dedos das suas mãos. O Evangelho de Deus, a Boa Nova é isto mesmo: Jesus está vivo e presente. Jesus é a Vida da nossa vida!

A segunda pergunta a fazer perante este Evangelho poderia ser “Como evangelizar?”
Nós somos evangelizados para nos tornarmos evangelizadores. Como a Jonas, também o Senhor nos diz “Vai à grande cidade e apregoa a mensagem”.

Há várias formas de o fazer. Sublinho apenas estratégias para ajudar:
a) Evangelizar pela proclamação ou pregação: a Palavra de Deus não deve ficar-se pela Missa, mas deve passar para o diálogo fraterno, cordial e amigo, nos nossos ambientes.
b) Evangelizar por convocação: ter a coragem de convidar outros a vir, a participar. Trabalhando em pesca à linha e não à rede…
c) Evangelizar por atracção, irradiação ou contágio: o modo como vivemos pode, e acontece mesmo, atrair outros.
d) Evangelizar por levedura ou fermentação: é a forma menos aparente, mais lenta e oculta, mais demorada e paciente. No segredo do nosso trabalho humilde, numa Escola, numa instituição, numa empresa, numa associação, podemos ir mudando mentalidades, inovando caminhos, renovando estruturas de injustiça e abrindo-as a uma conduta e ética cada vez mais evangélica.
 
Este é o nosso tempo de sermos evangelizadores. Mas, o tempo é breve e passageiro, como recorda o Apóstolo. Por isso, mãos à obra que se faz tarde!

Pe. JAC

18 de janeiro de 2012

Janeiro, mês da Paz e da Unidade - Feliz coincidência ou reforçado apelo?

  

Cada início de ano é uma oportunidade para mergulharmos na essencialidade das coisas, da vida e da fé. No mês que começa com o Dia Mundial da Paz, decore também a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Feliz coincidência ou necessário e reforçado apelo a cada um de nós?
A vivência da fé cristã impele-nos a fazer cada dia a viagem àquilo que vale, que conta, que tem valor. Logo no primeiro mês do ano civil somos desafiados a regressar à pátria da unidade e da paz, através destas duas celebrações. Na prática, trata-se de realizar, de refazer o mergulho na nossa fundação enquanto Igreja.
Não nos podemos dispensar, enquanto Igreja, sonhada por Deus, fundada por Cristo, de reconhecer que a falta de unidade entre os cristãos é um pecado grave, no meu entender, o mais grave que poderemos cometer.
Não me refiro apenas e só aos infelizes cismas, às terríveis separações que historicamente foram acontecendo com o passar dos anos por aqueles que professam a mesma fé em Jesus Cristo. Felizmente, vamos vendo e lendo sinais, réstias de luz e de esperança, de uma desejada e almejada unidade.
Refiro-me, aqui, muito expressamente à divisão que acontece todos os dias dentro da Igreja Católica Apostólica Romana, da Igreja que somos, através das nossas palavras e atitudes de exclusão, de marginalização, de indiferença, de falta de acolhimento. Não se trata de reconhecer a divisão nos e dos outros. Trata-se efetivamente de reconhecer a divisão que cada um de nós produz. Quantas vezes geramos desunião e não comunhão, rancor e não amor, antipatia e não simpatia!
A fé cristã, fundada em Cristo, que passou na terra fazendo o bem, faz-nos viver e estar neste mundo como peregrinos. Aquilo que a Carta a Diogneto tão bem expressou, nos finais do século II: Os cristãos “habitam pátrias próprias mas como peregrinos; participam de tudo, como cidadãos, e tudo sofrem como estrangeiros. Toda a terra estrangeira é para eles uma pátria e toda a pátria uma terra estrangeira”. Como cristãos, precisamos de reassumir que a única comunidade em que podemos realizar-nos é a humanidade reunida em Cristo, que é Aquele no qual toda a Criação se reúne.
Como escreve Timothy Radcliffe: “Deus é Aquele no qual ninguém fica à margem, porque o centro de Deus está em toda a parte e a sua circunferência em parte nenhuma. É na vastidão de Deus que estaremos completamente à vontade, porque todos lá estarão. É assim que sou/estou em Igreja?”
“Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo” (Cf. 1 Cor 15, 51-58). Este é o tema proposto para a celebração da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano, entre 18 e 25 de Janeiro.
Acreditamos como verdade fundacional da nossa fé em Cristo que Nele somos transformados. Mas, a partir de Cristo, também podemos e devemos transformar-nos diariamente, convertermo-nos gradualmente. Não nos podemos escusar de dar passos de unidade afetiva e efetiva no seio das nossas comunidades, das nossas paróquias, do nosso presbitério, da nossa diocese.
Assim sendo, ainda resulta mais premente a temática pastoral diocesana. Somos mesmo fraternidade de famílias? Somos muitos membros. Será que somos UM Corpo? Com certeza que nos vamos esforçando, mas ainda não o seremos na devida expressão. Não cruzemos, por isso, os braços, pensando que estamos bem como estamos. Ousemos a diferença! Ousemos a coragem! Ousemos ir de novo à pátria da unidade e da paz, baseada na unidade perfeita da Trindade, que não exclui a diversidade nem a alteridade. Ousemos ser um!
Outro belo sonho de Deus para nós! Ser um connosco e em nós e sermos um com todos os outros!

José António Carneiro
Padre. Vigário paroquial da Glória
Publicado no Jornal Correio do Vouga de 18/12/2012

15 de janeiro de 2012

Que procurais? Homilia do II Domingo Comum

"Que procurais?" Eis a primeira palavra dia por Jesus no IV Evangelho. Começa com uma pergunta. Jesus é questionador. Mestre nessa e noutras artes.
Podíamos chamar a este II Domingo do Tempo Comum, o Domingo da Vocação, tema que trespassa as leituras que ouvimos proclamar, particularmente a I Leitura e o Evangelho.

Na primeira leitura,  ouvimos o belo chamamento de Samuel.
A Samuel podemos quase vê-lo como o acólito distraído que, por engano, responde a um chamamento. Está pronto para todo o serviço, mas está a dormir e não preparado quando é chamado! 

Samuel é rápido numa resposta, mas lento na escuta. E não esqueçamos que Samuel passava horas a fio no Templo e conhecia bem os cantos da casa. 
Ouve uma voz mas confunde-se, ainda não distingue a voz dos homens da voz de Deus.
Responde, mas engana-se quanto Àquele que o chama. Sabia a liturgia de cor, os rituais de cor, mas «ainda não conhecia o Senhor». 
E, só por meio do sumo sacerdote Eli, Samuel chega então a compreender que não deve olhar para o lado, mas ouvir para cima, escutar do Alto. É Deus que lhe fala. Que chama. Que ama. Que insiste e que persiste. 
A sua prontidão em servir deve tornar-se em primeiro lugar esforço por escutar, silêncio para ouvir, relação para conhecer. Antes de se pôr a pé, para servir ao altar, é preciso primeiro ajoelhar-se e dizer: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta».

Também o Evangelho de João nos traz uma belíssima página vocacional.

Tudo começa como tinha que ser: O precursor, João Baptista, aponta o Cordeiro de Deus. João Baptista põe-nos em movimento, inquieta-nos. 
Atraídos pelo olhar Daquele desconhecido, os discípulos decidiram segui-lO à distância, quase tímidos e embaraçados. 
Até que o próprio Jesus, se volta e questiona: «Que procurais?».
Deste modo, suscita aquele diálogo que daria início à aventura de João, de André e de Simão, de Amaro que hoje celebramos e de tantos outros, também a nossa própria aventura.

Os discípulos, diante de uma pergunta tão directa, respondem com outra pergunta: «Mestre, onde Moras»? Ele perguntou-lhes o que procuravam e eles responderam a quem buscavam... Não respondem à pergunta de Jesus, mas querem entrar na intimidade do desconhecido. Não procuram uma coisa, nem sequer uma ideologia, uma doutrina ou uma verdade. Procuram uma pessoa. «Onde moras»? Procuram Alguém com quem viver, alguém cuja vida possam partilhar, Alguém para conviver, para viverem juntos.

Pediram-lhe a sua amizade. A sua companhia. A sua intimidade. E Jesus abriu-lhes o coração de par em par. E a resposta de Jesus é também um convite: "Vinde e vede". Aí mesmo os seus corações inquietos sentiam-se como se tivessem chegado a casa. De facto, com Jesus sentimo-nos sempre em casa.

O apelo/convite que nos faz o Evangelho, pode concretizar-se, em duas direcções:
* Buscar Jesus. Fazer dEle, a orientação, a direcção, o único desejo da vontade, a morada primeira e a pátria última do nosso coração. 

* Encontrar o Mestre, onde Ele está: No segredo da oração, na Luz da sua Palavra, na intimidade da Eucaristia, na comunhão da sua Igreja. 

Como aqueles primeiros discípulos, naquela tarde inesquecível, em que lhes ardia o coração ao escutar e ao pressentir Jesus, que cada um possa dizer baixinho: Ficai connosco, Senhor!... 
Eles foram ver onde Jesus morava e ficaram com Ele nesse dia... E, provavelmente, naquela noite não conseguiram dormir com tamanha alegria!
Nós encontramos Jesus aqui nesta Eucaristia. O que é que vai ser diferente?

Pe. JAC

8 de janeiro de 2012

A Luz que desponta leva-nos por caminhos novos. Homilia na Epifania do Senhor



Ainda em Natal, já mesmo a terminar o tempo, mas não a alegria e a certeza da presença do Deus Emanuel, a liturgia da Palavra leva-nos, agora com os Magos, até ao presépio. Sempre até ao presépio, o lugar onde Deus acampa, e, por isso, ir ao presépio é, acima de tudo, ir ao nosso coração, o verdadeiro presépio/morada do Menino Deus.
Continuamos, por isso, a aprender nesta bela escola do presépio. E aprendemos hoje com os Magos do Oriente.
Fabulosa catequese nos é dada nestas leituras. Enfoque especial ao Evangelho, sem deixarmos de acenar ao luminoso e esperançado texto de Isaías, na primeira leitura.

São, para mim, absolutamente secundárias as questões relativas à origem da estrela que os Magos seguiram. Também a questão dos seus nomes é secundária, extra-evangélica. Não importa se eram Baltasar, Belchior e Gaspar. Não importa se um era europeu, um africano e outro indiano. Não importa se eram reis ou não. Não é até fundamental saber se ofereceram mesmo ouro, incenso e mirra, mesmo que venha assim expresso na página do Evangelho.
Esta festa da epifania de Deus que celebramos está longe de ser uma pequena história infantil, alimentada no nosso imaginário, desenhada com as cores da superficialidade das novelas e das fábulas.

Afinal de contas, o que é que é essencial, nesta solenidade da Epifania?
Em primeiro lugar, epifania significa, do grego, manifestação. Trata-se, para nós cristãos, da manifestação do mistério de Deus, invisível e escondido desde sempre e, agora, tornado conhecido e visível, em Jesus que nasce no presépio. Jesus é o sacramento do Pai, a revelação do Pai. Em boa verdade, como expressa José Augusto Mourão, “a epifania é o cumprimento da missão do Filho [revelar e mostrar o Pai] e ponto de partida para a missão individual de cada cristão”. A epifania de Deus leva-nos à missão diária, quotidiana, fazendo-nos Suas testemunhas e sinais.

Importa perceber que a estrela que os Magos seguem, segundo relato de Mateus, é essa luz nova que desponta, no cumprimento pleno das palavras do profeta Balaão («Eu o vejo, mas não agora,/ eu o contemplo, mas não de perto:/ uma estrela desponta de Jacob,/ um ceptro se levanta de Israel» (Números 24,17) e do profeta Isaías, tomado como primeira leitura de hoje, («chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor » (Isaías 60,1).
Esta estrela que arde e brilha nos olhos e no coração dos Magos orienta os seus passos e, neles, os nossos passos, para a verdadeira Estrela que desponta e que é Jesus. E os Magos e, com eles, a humanidade que somos, orientamos para aquele Menino toda a nossa vida. É o que significa o verbo «adorar». Esta «adoração» é o verdadeiro presente a oferecermos ao Deus Menino, muito mais do que ouro, incenso e mirra.
Fazer deste Menino, que traz em Si a plenitude de Deus – verdadeiro Deus e verdadeiro Homem – centro e luz da nossa vida, é imperativo desta solenidade. É este Deus que os Magos adoram Naquele Menino com Maria, Sua Mãe.

Essencial, ainda na epifania, é perceber também, como a Deus lhe repugnam as portas. O presépio não tem portas. Deus quer as portas só para estarem abertas, nunca fechadas, para todo aquele que O quiser ver. Não é preciso marcar entrevista, nem audiência, nem tocar à campainha. Ele é verdadeiramente Emanuel, Connosco e em Nós. É num Deus assim que acredito.

Importante lição dos Magos, mesmo a terminar: depois de encontrar a Luz, que é o Menino Jesus, podemos e devemos seguir por outro caminho. Surpreendente! Até para regressarmos a casa precisamos de aprender um caminho novo! No nosso caso, poderá não ser caminho novo no percurso e no trajecto, mas deverá ser sempre renovado na motivação, no entusiasmo, na alegria e na certeza da presença da Luz de Deus em nós.
Um Santo Domingo.

1 de janeiro de 2012

É preciso viver em estado de permanente paixão! Homilia Ano Novo 2012.



1.Eis-nos no primeiro dia do ano a celebrar Eucaristia. Festa dos crentes, centro da vida cristã, sacramento da nossa salvação!
Eis-nos no primeiro dia do ano a celebrar Santa Maria Mãe de Deus e também nossa Mãe, a partir da Cruz, Medianeira de todas as graças e dons de Deus para nós!
Eis-nos no primeiro dia do ano a celebrar o Dia Mundial da Paz, que é Jesus, o Príncipe da Paz, nascido no Presépio de Belém.
Motivos solenes para esta solenidade litúrgica. Corações abertos e ao alto para acolher a bênção que Deus ensinou a Moisés, no Sinai, e que se estende, hoje e sempre, sobre nós. «O Senhor te abençoe e te proteja. / O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. / O senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz».
Bênção que é para nós e para todos os homens e mulheres de boa vontade vigor, força, êxito e felicidade.
Bênção que vem de Deus como dom, graça, gratuidade, prenda e presente, mas que não dispensa o nosso acolhimento e o nosso compromisso, em gestos concretos com os que caminham ao nosso lado.

2.Hoje, uma vez mais, e como temos feito desde o início do Advento, queremos aprender na escola do presépio. Hoje, especialmente, seguimos o caminho e os passos dos pastores, e aprendemos de Maria, a contemplar esse rosto de Jesus Menino, que nos manifesta a totalidade de Deus, irrompendo a carne do mundo, apenas porque quis e quer e porque ama!
São os pastores, que, acordando, nos guiam ao presépio e nos ensinam a ver o que tantos quiseram ver e não viram e ouvir e não ouviram: o Menino do Presépio, envolvido em panos, é mesmo Deus. «A humanidade de Deus é o traço decisivo do cristianismo e da cultura ocidental», assim escreveu o dominicano José Augusto Mourão, falecido este ano.

3.Fabulosa e inédita Mensagem que Bento XVI escreve para este Dia Mundial da Paz. Dirige-a especialmente aos jovens. “Educar os jovens para a justiça e para a paz”. A merecer a nossa leitura, a nossa meditação e a nossa acção.
Aqui eleva-se a fasquia. Reconhece-se na juventude o vigor e o entusiasmo que o nosso mundo precisa, em tempos difíceis, marcados por tantas crises, com especial enfoque na crise económica e financeira. Evoca-se a acção, que vimos inúmeras vezes, nos últimos tempos, de jovens sedentos, inquietos, insatisfeitos. Não é por acaso que a Revista “Time” elegeu como personalidade do ano 2011, a figura do “Manifestante”.
Bento XVI deixa na sua Mensagem uma palavra de incentivo, de proximidade de compreensão, de carinho, de estima e de admiração a todos os jovens. É a esses que o Papa pede ousadia e coragem sabendo que a Igreja olha-os com esperança.
E escreve-lhes: “Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação.” É grande e belo o desafio que lhes faz!
Mas a palavra do Papa volta-se às famílias, olhando-as como “células originais da sociedade” e como primeiras educadoras das jovens gerações. Papel fundamental dado aos pais, no seu dever e missão de educar os seus filhos. “Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem”, escreve Bento XVI.
Palavra papal virada, ainda, aos responsáveis das instituições com tarefas educativas. “Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar activamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna”, diz na mesma Mensagem.
Palavra do Papa a alertar os responsáveis políticos, “pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito-dever de educar” e ainda palavra desafiadora aos meios de comunicação social que têm a função não só de informar, mas também de contribuir e “concorrer notavelmente para a educação dos jovens”.
Mensagem desafiadora! A não ignorar. A pegar, a ler, e a fazer por todos, sem excepção.

4.Neste início de ano gostava de desafiar cada um e cada uma ainda com as palavras do dominicano José Augusto Mourão: “O que é preciso é viver em estado permanente de paixão e fazer da vida a beleza, a procurar”.
Claro que procurando a vida, procuramos Deus, origem e fundamento da nossa existência humana. E procurando Deus, e encontrando-O encontramo-nos e achamos o sentido e a felicidade que ansiamos e pela qual suspiramos cada dia!

Pe. JAC

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...