26 de novembro de 2012

Um reino de amor! Um poema a Cristo Rei




O mundo não tem tamanho maior
do que quando visto com amor
daquele centro alto da Cruz
onde continua, vivo, Cristo Jesus.

É do alto desse trono da Cruz
que surge forte e brilhante a luz
que não ofusca e que só guia
que põe fora toda a quinquilharia
de um qualquer império militar,
e o muda, por dentro, sem combater,
em nova ordem onde reina o verbo amar.

Nesse reino de Cristo Jesus,
a única "arma" é o amor,
porque Deus reina sem poder
ou com o poder das mãos vazias,
estendidas e abertas,
como flechas que ferem, sem magoar,
e que fazem converter e mudar
o nosso coração cheio de clamor
não em casa de poder, mas só de amor!


Pe. JAC

22 de novembro de 2012

Fé e memórias do leigo que falou no Concílio





Não é descabido, nem pela riqueza de pensamento nem pelo testemunho de fé, ler e ouvir o filósofo Jean Guitton. Acresce a isto o facto de este ser, até ao momento, em toda a história da Igreja, o único leigo a quem foi dada a palavra num Concílio. Em pleno Ano da Fé, que assinala os 50 anos da abertura do Vaticano II, no qual usou da palavra, eis mais uma razão para ler. Sugiro uma entrevista concedida à jornalista italiana Francesca Pini, que dá origem ao livro com o título “No coração do infinito”.
Do alto dos seus 96, na altura em que concedeu esta entrevista (Jean Guitton faleceu em março de 1999, com 97 anos) o filósofo francês não se envergonha de falar da sua fé, e de dizer que acreditar é diferente de saber e de compreender; ao invés, acreditar é aderir na noite. Sempre procurando aproximar fé e razão, mas sem deixar de lado o seu catolicismo, chega a dizer: “O fundamento da minha vida de filósofo foi ajudar as pessoas a optarem por um Deus criador em vez do panteísmo”.
Amigo pessoal de Paulo VI, confessa, a certa altura deste livro, que depois de ter ficado viúvo, a mando de um dos confessores, foi a Roma dizer ao seu amigo: “Agora que a minha mulher morreu, gostaria de me fazer padre”. Ao pedido do amigo, Montini respondeu: “Segunda-feira diácono; terça-feira, padre; quarta-feira, bispo; quinta-feira, cardeal; sexta-feira, papa.” E, termina Guitton, comentando o momento à jornalista: “Troçou de mim”!
Com liberdade de espírito, abertura, franqueza, lucidez, sabedoria, mística e fé, eis Guitton à nossa mercê, para ser lido e apreendido, enquanto homem, filósofo, místico e, acima de tudo, cristão até ao fim!

In Correio do Vouga, 22/11/2012


Pe. JAC

Deixar Deus brilhar em cada coração. Poema no XXXIII domingo comum







Pode o sol desaparecer
e o céu escurecer...
Podem as estrelas cair,
e a lua não surgir...
Não há-de vencer a escuridão
em qualquer esperançado coração.

Da debilidade cresce a força,
do desânimo renasce esperança...
Do aparente nada a totalidade
da Fé toda a tranquilidade...
É na escuridão que brilha a Luz
trazida pelo Filho do Homem, Jesus!

É o fim do meu mundo egoísta que acontece
é o começo dos novos céus e nova terra...
É de amor e de esperança a mensagem
que nos faz entrar em devir e em viagem
para pôr fim ao negrume da escuridão
e deixar que Deus brilhe em cada coração.


Pe. JAC

14 de novembro de 2012

Um laivo de lucidez


Diz o dicionário que "lucidez" é a "qualidade do que é lúcido". Mas poderemos ficar na mesma com esta resumida e ofusca definição. Diz ainda que é a "clareza de raciocínio" e as coisas começam a compor-se nas nossas cabeças. Não quero fazer apologia da "lucidez em demasia", porque "demasiada lucidez é culpada num mundo de cegos, que com a cegueira se contemplam sem desastre de maior" (Agustina Bessa-Luís). Trato de procurar ver com clareza e realismo, com razão e com fé, com pensamento e com sentimento.
Vivemos num tempo que não escolhemos viver, é bem certo. Mas uma coisa é certa: não temos outro tempo que não este que é agora. Embora reconheça, sentida e lucidamente, que reduzir a existência ao agora é tão errado quanto querer retirar o agora do tempo que temos.
Não é de agora que o equilíbrio é virtude. Mas, dá-me tantas vezes a impressão que equilíbrio ou virtude são coisas que não nos interessam muito...
Porque temos crise e ouvimos "ah, no meu tempo é que era". Porque temos crise diz-se à boca cheia "ah, isto há de compor-se". Esquecemos facilmente que é agora que se "joga" o "jogo" da vida, é agora que temos para viver. É verdade que nós esperamos ter "amanhã" (esperança), sabemos que tivemos "ontem" (memória) mas é "hoje" (realidade) o meu tempo, é agora a minha hora. Se há alguma coisa a fazer, pois não temos outra hora que não a de agora.
É verdade que o passado é mestre e que a memória não pode ser curta. Um e outra ensinam a distinguir/discernir e a optar melhor. Mas é agora que temos que para fazer opções.
Continuar a fazer as mesmas coisas de sempre e esperar que os resultados sejam diferentes não é mais do que loucura e falta de lucidez.
Querer fazer diferente, em si mesmo, não é loucura. Pode ser aventura. Pode até bater-se com a cabeça na parede, é verdade, particularmente se nos faltar a esperança e a memória, mas se não fizermos de hoje o nosso tempo - que é esse que Deus nos dá - que ficará do nosso tempo e da nossa passagem pela terra? De que serviu o passado? Que futuro se constrói?
Eu gostava de ser mais capaz de assumir o que tenho, e de não chorar "as cebolas do Egipto" ou projectar futuros irrealistas.
Gostava de reconhecer e aceitar as oportunidades que o tempo presente proporciona, à sociedade e à Igreja.
Gostava de olhar para trás e aprender, mas de não ficar apenas atrás...
Gostava que o mundo - pelo menos onde eu estou - ficasse um pouco melhor com a minha ajuda.
Gostava de não me demitir da missão e tarefa de ser sujeito, agente e promotor da construção de um mundo melhor.
Gostava também que a Igreja de Jesus Cristo, da qual faço parte, não perdesse a memória do passado, que continuasse a fazer Memória e em memória do seu fundador, mas sabendo que o tempo para o fazer é hoje.
Gostava... Gostava que a lucidez ainda tivesse lugar hoje, ainda que fosse apenas um laivo.

Pe. JAC
Texto publicado na edição de 14 de novembro, do Jornal Correio do Vouga.

11 de novembro de 2012

Gestos de amor não têm preço! Poema no XXXII domingo comum




De que interessa o que temos
quando não damos o que somos?
A Jesus não importa o dinheiro,
apenas que se seja verdadeiro e inteiro!

Quando a riqueza da aparência
não coincide com a essência,
a riqueza material
é vazio anódino e banal...
Passa o tempo a contar
o menos que pode dar...
E só dá para se ver
quão grande é seu "poder".

Ricos para Deus são os sábios,
que não são escravos do que têm...
São os que sabem
que o caminho de santidade
se faz com a verdade
de ser o que se é
e viver alicerçado na fé.

Para Deus importante é ser,
agir de coração e crer...
que um gesto de amor
não tem preço, só tem valor.


Pe. JAC





10 de novembro de 2012

Diário da Missão Jubilar: um sinal da alegria e da esperança cristãs












A primeira Missão 11, da Missão Jubilar dos 75 anos da Restauração da Diocese de Aveiro decorre amanhã. O Dia do Anúncio convida cada pessoa a colocar na sua casa o estandarte da Missão Jubilar. Cada estandarte colocado de modo visível para o mundo, é uma manifestação de alegria de ter Cristo em casa. É uma forma diferente de abalar a indiferença - patologia disseminada pela superficialidade dos dias. Queremos com cada estandarte colocado nas nossas varandas, janelas e espaços exteriores iluminar o nosso mundo com a esperança que brota da Cruz de Cristo. 

Vive esta hora!


Pe. JAC

4 de novembro de 2012

Uma história de amor entrelaçado! Poema no XXXI domingo comum




De que vale aos homens
Passar os dias a cumprir ordens,
Se não souberem que o Amor
É o caminho proposto pelo Senhor?

De que vale uma fé
Carregada de obrigações,
Se não escutar a voz de Deus
E deixar que Ele molde os corações?

O que diz o mandamento
É convite para escutar
Porque Deus tem sempre algo novo para falar.

Todo e qualquer mandamento
Que oprime e não liberta
Não é mandado por Jesus.

O mandamento maior
É o do Amor entrelaçado
A Deus e aos irmãos.

Quando amar com o amor de Cristo
Não terei histórias de amor para contar.
Serei eu mesmo uma história de amor.


Pe. JAC

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...