29 de maio de 2013

O que mais custa na vida de um padre: dizer "não" às pessoas!




Considero-me ainda um padre jovem no ministério. Ainda não fez três anos que fui ordenado.
Da minha pouca experiência do ministério sacerdotal posso facilmente tirar esta conclusão: o mais difícil para mim é dizer que "não" às pessoas.
A todos os níveis. Para a admissão à celebração dos sacramentos, para a atestação de idoneidade, para uma presença mais efectiva aqui ou acolá...
Confesso que sinto que seria bem mais fácil e cómodo, e menos trabalhoso até, mais descansado portanto, dizer "sim" a tudo. Na admissão à celebração dos sacramentos, na atestação da idoneidade...
Mas sinto-me em plena comunhão com a Igreja, com as suas orientações, com o Magistério... Sei também, não me acusa a consciência, de que os "nãos" que tenho dito deveriam ter sido "sins" e vice-versa. Não creio ter dito "nãos" que devessem ter sido "sins".
Mas, apesar da consciência tranquila em relação a isto, confesso que dizer "não" me custa muita, também porque as pessoas não querem ouvir "nãos", e preferem sempre ouvir "sins". Também porque muitos reclamam "direitos" mas não estão dispostos a fazer caminho em Igreja, com a Igreja.
Continuo a aprender... E espero que o Espírito Santo inspire sempre o Papa Francisco a dizer o que tem dito mas também na revisão da legislação da Igreja...


Pe. JAC

25 de maio de 2013

Deus não é solidão! Solenidade da Santíssima Trindade





Dizei em altos brados de alegria
Na escuridão da noite e na claridade do dia
Que é mistério insondável de unidade
A Santíssima Trindade.

Proclamai com firmeza de coração
Que Deus não é solitário nem solidão;
É uma circularidade de laços
Feita de amor e de abraços.

Anunciai sem medo, sem pressão,
Que a Trindade é mistério de comunhão;
E nós só seremos de verdade
Se vivermos à imagem da Trindade.

Supliquemos à Santíssima Trindade
Que nos incendeie na comunhão
E apague em nós toda a maldade
Da desunião, das desavenças e da solidão.



Pe. JAC

22 de maio de 2013

Há aragens e aragens... Ainda o Pentecostes.













“Certo peregrino, entrando num bosque, procurava um lugar onde pernoitar. Ao longe, descortinou um telheiro e para lá se dirigiu. Passaria a noite mais protegido, pensou. O telheiro fazia parte do que fora um templo. Era uma igreja em ruínas. Colunas truncadas, peças de escultura espalhadas por aqui e por acolá. Não foi difícil ao peregrino concluir que tinha havido ali uma Igreja, centro de uma antiga e grande comunidade.

- Mas porque ruíra aquela Igreja? Interrogava-se o peregrino. Quem terá feito isto? Uma guerra, um ataque a um alvo errado…
Até que sentiu brotar do silêncio, uma voz que lhe dizia:
- «A ruína começou pelas portas».
O peregrino aproximou-se do lugar donde vinha a voz. A pedra angular, meio soterrada e meio coberta pelo silvado, repetiu:
- «A ruína começou pelas portas»…
- Porquê? Como assim? Perguntou o peregrino.
- «Porque estavam abertas, quando deviam estar fechadas;
porque estavam fechadas quando deviam estar abertas;
porque deixaram entrar todo o tipo de vento»”.


Quando é que tenho as portas do coração abertas e deviam estar fechadas e quando as tenho fechadas e deviam ter abertas?
Que tipo de ventos e aragens deixo entrar no coração?



Pe. JAC

19 de maio de 2013

Sopro de vida e de amor. Poema no Pentecostes




Podem as portas estar fechadas
E todas as barreiras criadas
Que num coração a Deus aberto
O Amor é sempre certo!

Apodera-se e sem sufocar
dá uma (in)tranquilidade de admirar...
É a paz que vem Deus,
Vida oferecida por Cristo Jesus.

É preciso fechar os olhos e sentir
Dar espaço ao Amor para existir...
Sentir num sopro o Espírito Santo
E nos seus dons o seu encanto.

E no Domingo de Pentecostes
Renovemos a nossa Confirmação
Tornemo-nos testemunhas corajosas
Da história de amor da nossa salvação.





Vem, Espírito Santo, criador da vida, nossa santificação;
alma da Igreja e cooperador da missão.
Vem, Espírito de Deus, nossa fortaleza,
reunir-nos à volta da santa mesa.
Vem, Espírito Divino, que falaste pelos Profetas
e Te fizeste ouvir como um rumor semelhante a forte rajada de vento:
torna viva e eficaz em nós a Palavra de Deus!
Vem Brisa, Sopro, Aragem, Fogo, Lume, Fogueira...
arde por dentro sem queimar...
sopra bem fundo sem arrefecer.
Vem e Contigo, Divino Consolador,
chamaremos por Deus como um menino por seu pai.


Pe. JAC

13 de maio de 2013

Eternos peregrinos... Obrigado a todos!






Sim a peregrinação continua... Aquela que se faz na vida e que se faz viva. A que fizemos a Santa Joana nestes dois dias que foi um único grande dia passou, mas fica com toda a certeza a experiência feliz de uma Igreja viva, família de famílias, mãos nas mãos e pés com pés, bem juntos, bem unidos.
Somos juntos com os outros e sozinhos nada somos. Nada sou sem os outros e sem o Outro que me faz, me preenche e me orienta.
Fica, por agora ainda, o cansaço de dias e noites muito longos, carregados de canseiras e preocupações e nem tudo passa de uma vez mesmo que tudo o que lutamos para ser bom passe bem. Fica, mas não eternamente, e as coisas voltarão, com a ajuda de Deus, ao devido lugar, ordenadamente.
Mas fica para sempre a beleza do trabalho corresponsável, assumido, pensado, projectado.
Fica a experiência comunitária dos que assumem os projectos como sendo nossos e com sentido e dão as mãos para os partilhar com todos.
E nem a sensação real da fragilidade, das tonturas e da tensão a disparar me retira a alegria de uma Peregrinação que é bem metáfora da vida humana.
Não fomos turistas. Fomos peregrinos. E eternos peregrinos no caminho que se faz ao andar.

Obrigado a todos os que comigo peregrinaram!


Pe. JAC

Céu e terra entrelaçados. Poema no domingo da Ascensão





Entre os discípulos andava o Ressuscitado
A explicar o (in)esperado…
Disse-lhes que estava para partir
Mas que do alto haveria de vir
Uma força para os animar,
Um vento suave e forte a soprar,
Um fogo ardente a queimar,
Uma luz refulgente e definida a brilhar.

Assim os discípulos iriam perceber
Tudo o que estava a acontecer…
Iriam sentir o encanto
Dom do Alto, o Espírito Santo.
E num gesto universal,
Tão Dele e tão especial,
Jesus elevou seu braço,
Uniu céu e terra num laço
E na simplicidade e esplendor
Subiu para junto do Pai Criador…

O Mistério Pascal é tudo isto,
Toda a passagem de Jesus Cristo:
Vida e Morte por paixão,
Ressurreição e Ascensão,
Dom perene do Espírito Santo.
Por Cristo, com Cristo e em Cristo
Se eleva a nossa vida e nosso canto!



Pe. JAC

4 de maio de 2013

Deus habita em quem acredita. Poema no VI domingo da Páscoa




As palavras humanas soltam-se,
Saem de nós e não voltam...
A palavra de Deus entranha-se
No coração daqueles que amam!

Naquele que acredita
É Deus Quem habita...
Tornando-o viva morada
Pela palavra no coração guardada.

E é com doce encanto,
Bem ao jeito do Espírito Santo,
Que num sopro contínuo de paz,
Com Amor nos torna capaz
De ultrapassar o limite da razão
E acalmar o coração...

A palavra de Deus é Presente,
É futuro eternizado...
É poema sentido do crente
Só porque se sente amado.



Pe. JAC

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...