O Evangelho não condena o esquecimento de uma noite, mas uma vida inteira vazia, que não se acendeu (...). Ou damos luz e iluminamos alguém, ou não existimos. Parábola exigente e ao mesmo tempo consoladora. Mesmo que seja noite, mesmo que o azeite seja pouco, o Senhor vem. O seu atraso consome e cansa: com efeito, todas as raparigas adormecem, tanto as prudentes como as insensatas. É uma experiência que todos temos feito: temo-nos cansado, talvez algum dia tenhamos parado, e isso sucedeu até aos melhores dentre nós.
Mas eis que, na escuridão, a meio da noite, uma voz nos despertou. Deus não é aquele que te apanha em flagrante, mas uma voz que te desperta. A minha verdadeira força não está na minha resistência ao cansaço, mas na voz de Deus, que mesmo que tarde virá, que desperta a vida do meio de todos os desconfortos, que me consola dizendo que não está cansado de mim, que desenha um mundo cheio de luzes e de encontros.
Basta-me ter um coração que escuta, reavivá-lo como se fosse uma lâmpada e sair ao encontro de um abraço.
Ermes Ronchi e Marina Marcolini, A esperança que nasce da Palavra
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