A nossa caminhada terrena e adventícia continua não como marcha militar, mas como singelo e lento peregrinar. Peregrinamos como quem dança. Este é o ritmo do caminho daqueles que vivem e vão rumo a Deus.
Quem quer ir ao encontro de Deus não o pode fazer depressa e a correr, mas lentamente, saboreando e sentindo cada passo, cada recta, cada curva, cada subida, cada descida, cada monte e cada vale…
Ir para Deus, ir ao encontro de Deus, é ir com paciência ou seja, ir “sofrendo” e sentindo o peregrinar, a dor dos passos – ora bem, ora mal dados – uma vezes com “via-verde”, outras por atalhos…
Ora é de paciência que falo hoje. Porque se trata de uma virtude/atitude fundamentalíssima deste tempo, desta propedêutica para o Natal.
É Tiago que nos pede: «Esperai com paciência a vinda do Senhor: vede como o agricultor espera pacientemente o precioso fruto da terra, aguardando a chuva têmpora e a tardia. Sede pacientes e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima» (Tg 5, 7-8).
Cristo fala-nos variadíssimas vezes da paciência no seu percurso terreno. Recordemos as muitas parábolas sobre o Reino: semeador (Mt 13, 1-8), a do trigo e da cizânia (Mt 13, 24-39), semente (Mc 4, 26-29), entre outras.
Não se trata de um paciência amorfa e ineficaz. Trata-se de uma paciência, alegre e expectante, eficiente e produtiva, comprometida, corresponsável e séria, porque há algo novo – imensamente melhor – que vem já.
Claro que vivemos num tempo impaciente. Todos experimentamos isso mesmo. Nada queremos aguardar e esperar. Vivemos num tempo desesperante que pode levar ao desespero...
O nosso tempo está cinzento e é precisamente nestas horas que assume primordial importância esta virtude da paciência. Esta está agarrada, por um lado, à confiança e à esperança e, por outro, à tranquilidade, à serenidade e à paz. E Cristo é a nossa esperança, a nossa fé, a nossa paz.
Quero que este advento seja “dia dos modestos princípios” (Zc 4, 10) que é como quem diz, dia das coisas pequenas. Comprometo-me a fomentar, a potenciar, a fazer crescer, a cultivar a paciência na minha vida, nos gestos e atitudes, no contacto com as pessoas, no ministério e na acção pastoral.
Confio e espero pacientemente este Deus Menino – que quer reinar num mundo cheio de esquemas e de pressa – sem qualquer tipo de esquemas e planos.
Vinde, Senhor: a Igreja Vos espera,
Sol de justiça, eterna primavera.
Vinde, Senhor: a Terra Vos procura,
Vós sois a Luz de toda a criatura.
(Do Hino de Ofício de Leitura, II)
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Termino comprometido e mais paciente na Oração. Isto dará fruto com certeza!
Guia-me, Luz amável,
Na escuridão que me acolhe,
Guia-me Tu!
A noite está escura,
E a casa distante:
Guia-me Tu!
Guarda os meus passos!
Não te peço para ver
O horizonte longínquo:
Basta-me
Um passo de dada vez!
John Henry Newman
In As quatro noites da salvação, Bruno Forte
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belíssimo texto! Palavras certeiras, na qual me comprometo a vigiar a minha ansiedade e pedir a Deus o exercício pleno da paciência.Realmente vivemos em um mundo de muitas pressas e quando vemos estamos correndo também.
ResponderEliminarabraços fraternos,
Gisele
"Aquele que procura segurança no Altissimo Deus e se abriga na sombra protetora do Todo -Poderoso
pode dizer ao Deus Eterno:
"Tú és o meu defensor e o meu protetor.
Tú és o meu Deus, e eu confio em ti..."
Salmo 91 1:2
Que palavras tão certeiras, pelo menos para mim, amigo José António!
ResponderEliminarA paciência!
A paciência do cristão deve nascer e viver disso mesmo que dizes, da esperança, que é a certeza da promessa.
Somos tantas vezes impacientes com a nossa Igreja, porque achamos que Ela é lenta, quando me parece que no fundo Ela é apenas paciente e espera na certeza de o Espírito Santo não lhe faltará com a resposta segura ao que procura.
E não somos nós assim tantas vezes nas nossas orações? Pedimos e queremos receber de imediato, como se a perseverança e a paciência não fossem componentes imprescindíveis da oração.
Obrigado portanto, por me ajudares a reflectir em algo que falta muito em mim: a paciência.
Abraço amigo em Cristo
Sem impaciência fui passo a passo guiada por cada recta ou curva da sua belissima reflexão e quando cheguei ao fim desejei que não tivesse acabado e principiei de novo. Cada vez que a leio descubro algo de novo e já peregrinei nestas palavras umas quantas vezes antes de comentar. Cheguei à conclusão que está tudo dito, resta-me comprometer-me a ser mais paciente a cada passada do meu dia-a-dia.
ResponderEliminarAbraço fraterno.
Parece que escreveste mesmo para mim. A Paciência é uma virtude que me anda muito arredia... que tenho que aprender a cultivar mais. Não posso esquecer estas tuas palavras.
ResponderEliminarObrigada.
Bjs
Amigo JAC
ResponderEliminarNa verdade, já é também a segunda ou terceira vez que leio o texto.
Claro, a paciência!...Ai valha-me Deus. "Santa Paciência"... tentei todo o dia estar atenta aos testes de paciência que tive que passar e sabes que consegui ter 10/20, nada mau...
Para a próxima faço revisão de provas só 10 ...? Por pouco estava a ver que chumbava.
Ás vezes é assim temos bons propósitos e depois falta-nos a Paciência.
Deus nos dê Paciencia essencialmente uns com os outros
Abraço em Cristo
tudo que eu hoje precisava de ouvir ...
ResponderEliminarobrigada por esta linda reflexão ...
beijinhos zé ...
mais uma reflexão para vir ler todos os dias. Até tê-la bem dentro do coração.
ResponderEliminarE a paciencia como todas as virtudes, só de mãos dadas com o Amor podem ir crescendo e na medida desse amor. Por isso há que voltar e reler e esperar que por fim o amor nos vença em todas as nossas pressas para que aconteça totalmente em nós.
Um abraço amigo,
Malu
P.S. Gosto muito e também, da sua escrita. Que Deus o abençoe.
Muito grata por esta reflexão que bem precisava de ler agora, cuja mensagem deveria ter sempre presente no meu coração, na minha vida!
ResponderEliminarQue Deus o abençoe e que o Espírito Santo nos ilumine a todos para irmos agindo da forma como Ele quer.
Um abraço em Cristo
"Na escuridão que me acolhe,
ResponderEliminarGuia-me Tu!"
É tão fácil falar em paciência,mas há sempre um limite para tudo!
Que esse limite nunca chegue para todos vocês....
Abraço!
O mundo carece deste dom "paciência"
ResponderEliminarSomos constantemente confrontados com a sua ausência.
Pais sem paciência para os filhos, filhos sem paciência para com os pais...
uns para com os outros, e vai-se alargando, em qualquer atendimento público, os condutores, nos transportes público...um sem fim de situações.
Não há "paciência" para dispensar ao outro, muito menos para o ouvir, para o escutar...
Obrigado pela reflexão em tempo de advento.
Vou fazer deste tema a minha regra de vida.
Bom Domingo