15 de janeiro de 2014

Não percamos o ideal do amor fraterno!





1. Confesso que de entre as semanas de oração promovidas em Igreja, por diversas intenções ou causas, a Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos é das minhas preferidas. Preferida porque é muito séria a causa, muito pertinente e grave a questão. Porque é o maior escândalo que provocamos: viver de costas voltadas, desunidos, como se Cristo estivesse dividido.
Tenho para mim que a divisão é o maior pecado de qualquer igreja ou confissão. Ainda mais no seio das confissões cristãs.
Por isso, considero que, apesar de não ser das causas mais mobilizadoras na nossa oração, rezar pela unidade, pessoal e comunitariamente, é absolutamente fundamental, porque nos modela o coração ao jeito de ser de Cristo.

2. Todavia, corremos o risco de, nesta oração pela unidade, rezarmos pela "conversão" dos outros, a fim de que eles se façam como nós, iguais a nós e aceitem as nossas ideias mudando as suas.
Se eu não for capaz de rezar pela minha conversão à unidade, valerá rezar pela unidade? Se eu não der o passo, as mãos e o coração para a unidade, a fraternidade, a tolerância, que fruto resultará da minha oração? Se a construção da unidade, que não é uniformidade, não começar pelos meus pequenos gestos quotidianos, que frutos de unidade espero conseguir?

3. O tema desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é tirado da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios: "Estará Cristo dividido?".
E é bem ao centro do nosso coração que se dirige a pergunta paulina. Paulo arrasa os coríntios porque romperam a unidade da comunidade distorcendo a boa nova, o evangelho de Jesus. E nem os que se colocavam do lado de Cristo foram louvados, porque usaram o nome de Cristo para se separarem dos demais.
E nós, não somos assim tantas vezes, no seio das nossas comunidades, pequenas ou grandes, e entre comunidades? Onde devia haver comunhão, comunidade, não há tantas vezes discórdia e inimizade?


4. São variados os alertas que nos chegam do Papa Francisco. A ter seriamente em conta.
Só elenco quatro números da exortação apostólica "Evangelii Gaudium":
"Dentro do povo de Deus e nas diferentes comunidades, quantas guerras! No bairro, no local de trabalho, quantas guerras por invejas e ciúmes, mesmo entre cristãos!" (n. 98)
"Aos cristãos de todas as comunidades do mundo, quero pedir-lhes de modo especial um testemunho de comunhão fraterna. Que todos possam admirar como vos preocupais uns pelos outros. Cuidado com a tentação da inveja! Estamos no mesmo barco e vamos para o mesmo porto! Peçamos a graça de nos alegrarmos com os frutos alheios, que são de todos." (n. 99)
"Dói-me muito comprovar como nalgumas comunidades cristãs, e mesmo entre pessoas consagradas, se dá espaço a várias formas de ódio, divisão, calúnia, difamação, vingança, ciúme, a desejos de impor as próprias ideias a todo o custo, e até perseguições que parecem uma implacável caça às bruxas. Quem queremos evangelizar com estes comportamentos?" (n. 100)
"Peçamos ao Senhor que nos faça compreender a lei do amor. Que bom é termos esta lei! Rezar pela pessoa com quem estamos irritados é um belo passo rumo ao amor, e é um acto de evangelização. Façamo-lo hoje mesmo. Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno!" (n.101)

5. Que esta semana de oração pela unidade nos leve a viver em estado de conversão. Para que sejamos arquitectos de unidade, construtores de fraternidade. E Francisco, o Santo e o Papa, nos façam trilhar, com alegria, este belo e bom caminho.

(Texto de opinião sobre a semana de oração pela unidade dos cristãos publicado no Correio do Vouga)


Pe. JAC

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