28 de outubro de 2008

Mensagem final do Sínodo dos Bispos

Bíblia entra na cultura
pelas novas tecnologias

Os delegados dos episcopados católicos de todo o mundo defendem a presença da Bíblia no mundo da cultura, por meio das novas tecnologias. «A Palavra de Deus deve percorrer as estadas do mundo», incluindo «a comunicação informática, televisiva e virtual», escreveram os Bispos na Mensagem final da XII assembleia-geral ordinária, tornada pública ontem, do Sínodo que termina amanhã.
Os Bispos de todo o mundo, reunidos no Vaticano, consideram que «esta nova comunicação adoptou, em relação à tradicional, uma gramática expressiva específica, pelo que é necessário estar bem munidos, não só tecnicamente, mas também culturalmente para esta tarefa», referem no texto que foi divulgado pela página oficial do Sínodo, e que se divide em quatro capítulos (A voz da Palavra: a Revelação; o rosto da Palavra: Jesus Cristo; a casa da Palavra: a Igreja; as estradas da Palavra: a missão) e 15 pontos.
Os Bispos asseguram que «a Bíblia deve entrar nas famílias, para que os pais e os filhos a leiam, rezem com ela e esta seja para elas uma luz para os passos no caminho da existência». Além disso, destacam que «as Sagradas Escrituras devem entrar também nas escolas e nos âmbitos culturais, porque foram durante séculos a referência capital da arte, da literatura, da música, do pensamento e da própria ética comum».
«A sua riqueza simbólica, poética e narrativa torna-a uma bandeira da beleza, seja para a fé seja para a própria cultura», aponta.
Esta mensagem é dirigida a todos os católicos, em particular aos «pastores», aos «muitos e generosos catequistas» e a quantos orientam a Igreja «na escuta e na leitura amorosa da Bíblia».
Os padres sinodais consideram que o texto bíblico «apresenta também o sopro de dor que sai da terra, vai ao encontro dos oprimidos e do lamento dos infelizes», por ter no seu cume «a cruz onde Cristo, só e abandonado, vive a tragédia do sofrimento mais atroz e da morte».
Os fiéis são convidados a «guardar a Bíblia» nas suas casas, para que «leiam, aprofundem e compreendam plenamente as suas páginas», transformando-as em «oração e testemunho de vida» e deixando espaços de «silêncio» neste processo.
Para evitar o «fundamentalismo», refere o texto, «cada leitor das Sagradas Escrituras, mesmo o mais simples, deve ter um conhecimento proporcional do texto sagrado, recordando que a Palavra de Deus revestiu-se de palavras concretas», para «ser audível e compreensível para a humanidade».

Olhar ecuménico
A mensagem recorda os «irmãos e irmãs das outras Igrejas e comunidades cristãs» que caminham nas mesmas «estradas do mundo» e que apesar das separações visíveis «vivem uma unidade real, ainda que não plena, através da veneração e do amor pela Palavra de Deus».
Neste contexto, os «homens e mulheres de outras religiões que escutam e praticam fielmente os ditames dos seus livros sagrados e que, connosco, podem edificar um mundo de paz e de luz, porque Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade», lembra o documento.
O presidente da Comissão para a Mensagem, D. Gianfranco Ravasi, considera que o texto é de «largo fôlego, com um certo “pathos”, para fazer com que não seja só um documento teológico».

Estrutura
A mensagem recorre a quatro «pontos cardeais», que correspondem aos seus capítulos. Em primeiro lugar, «a voz divina» que «ressoa desde as origens da criação», e entra depois «na história ferida pelo pecado e sacudida pela dor da morte».
Em segundo lugar surge «o rosto», ou seja, Jesus Cristo, que «torna perfeito o nosso encontro com a Palavra de Deus» e revela o «sentido pleno e unitário das Sagradas Escrituras». Seguidamente, «a casa da Palavra Divina», a Igreja, que se ergue sobre quatro colunas: o ensino, a fracção do pão, a oração e a comunhão fraterna.
O último ponto refere-se à «estrada pela qual caminha a Palavra de Deus», em especial o campo das novas tecnologias.
A celebração conclusiva da XII assembleia-geral ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” é presidida por Bento XVI, amanhã, na Basílica de São Pedro, pelas 09h30 (hora local, menos uma em Lisboa).
Redacção/Ecclesia

in Diário do Minho

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