Bíblia entra na cultura
pelas novas tecnologias
Os delegados dos episcopados católicos de todo o mundo defendem a presença da Bíblia no mundo da cultura, por meio das novas tecnologias. «A Palavra de Deus deve percorrer as estadas do mundo», incluindo «a comunicação informática, televisiva e virtual», escreveram os Bispos na Mensagem final da XII assembleia-geral ordinária, tornada pública ontem, do Sínodo que termina amanhã.
Os Bispos de todo o mundo, reunidos no Vaticano, consideram que «esta nova comunicação adoptou, em relação à tradicional, uma gramática expressiva específica, pelo que é necessário estar bem munidos, não só tecnicamente, mas também culturalmente para esta tarefa», referem no texto que foi divulgado pela página oficial do Sínodo, e que se divide em quatro capítulos (A voz da Palavra: a Revelação; o rosto da Palavra: Jesus Cristo; a casa da Palavra: a Igreja; as estradas da Palavra: a missão) e 15 pontos.
Os Bispos asseguram que «a Bíblia deve entrar nas famílias, para que os pais e os filhos a leiam, rezem com ela e esta seja para elas uma luz para os passos no caminho da existência». Além disso, destacam que «as Sagradas Escrituras devem entrar também nas escolas e nos âmbitos culturais, porque foram durante séculos a referência capital da arte, da literatura, da música, do pensamento e da própria ética comum».
«A sua riqueza simbólica, poética e narrativa torna-a uma bandeira da beleza, seja para a fé seja para a própria cultura», aponta.
Esta mensagem é dirigida a todos os católicos, em particular aos «pastores», aos «muitos e generosos catequistas» e a quantos orientam a Igreja «na escuta e na leitura amorosa da Bíblia».
Os padres sinodais consideram que o texto bíblico «apresenta também o sopro de dor que sai da terra, vai ao encontro dos oprimidos e do lamento dos infelizes», por ter no seu cume «a cruz onde Cristo, só e abandonado, vive a tragédia do sofrimento mais atroz e da morte».
Os fiéis são convidados a «guardar a Bíblia» nas suas casas, para que «leiam, aprofundem e compreendam plenamente as suas páginas», transformando-as em «oração e testemunho de vida» e deixando espaços de «silêncio» neste processo.
Para evitar o «fundamentalismo», refere o texto, «cada leitor das Sagradas Escrituras, mesmo o mais simples, deve ter um conhecimento proporcional do texto sagrado, recordando que a Palavra de Deus revestiu-se de palavras concretas», para «ser audível e compreensível para a humanidade».
Olhar ecuménico
A mensagem recorda os «irmãos e irmãs das outras Igrejas e comunidades cristãs» que caminham nas mesmas «estradas do mundo» e que apesar das separações visíveis «vivem uma unidade real, ainda que não plena, através da veneração e do amor pela Palavra de Deus».
Neste contexto, os «homens e mulheres de outras religiões que escutam e praticam fielmente os ditames dos seus livros sagrados e que, connosco, podem edificar um mundo de paz e de luz, porque Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade», lembra o documento.
O presidente da Comissão para a Mensagem, D. Gianfranco Ravasi, considera que o texto é de «largo fôlego, com um certo “pathos”, para fazer com que não seja só um documento teológico».
Estrutura
A mensagem recorre a quatro «pontos cardeais», que correspondem aos seus capítulos. Em primeiro lugar, «a voz divina» que «ressoa desde as origens da criação», e entra depois «na história ferida pelo pecado e sacudida pela dor da morte».
Em segundo lugar surge «o rosto», ou seja, Jesus Cristo, que «torna perfeito o nosso encontro com a Palavra de Deus» e revela o «sentido pleno e unitário das Sagradas Escrituras». Seguidamente, «a casa da Palavra Divina», a Igreja, que se ergue sobre quatro colunas: o ensino, a fracção do pão, a oração e a comunhão fraterna.
O último ponto refere-se à «estrada pela qual caminha a Palavra de Deus», em especial o campo das novas tecnologias.
A celebração conclusiva da XII assembleia-geral ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” é presidida por Bento XVI, amanhã, na Basílica de São Pedro, pelas 09h30 (hora local, menos uma em Lisboa).
Redacção/Ecclesia
in Diário do Minho
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28 de outubro de 2008
8 de outubro de 2008
Sínodo dos Bispos preocupado com difusão da Bíblia
O segundo dia de trabalhos no Sínodo dos Bispos trouxe várias intervenções centradas na necessidade de encontrar novos instrumentos para a difusão e valorização da Bíblia, a começar pelo clero.
O Arcebispo de Camberra, D. Mark Coleridge, propôs um “Directório Geral” para as homilias, que inspire as pregações na experiência universal da Igreja.
Já o Cardeal Peter Erdö, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, chamou a atenção para os perigos criados pelas publicações mais sensacionalistas do que científicas, lembrando a este respeito o caso recente do “Evangelho de Judas”, que levam a confundir «fontes credíveis e não credíveis sobre a história de Jesus Cristo».
O secretário especial do Sínodo, D. Laurent Mosengwo Pasinya, falou dos riscos das seitas, que por norma apresentam doutrinas baseadas em «interpretações fundamentalistas da Bíblia».
O presidente da Conferência Episcopal do Congo alertou para a necessidade de evitar interpretações «fundamentalistas e subjectivas» da Escritura, procurando critérios «estáveis» de interpretação.
Na manhã de ontem decorreu, por outro lado, a primeira votação para eleger os oito membros da comissão para a mensagem final do Sínodo. Para guiar esta comissão, o Papa escolheu o Arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, a quem se juntará ainda um vice-presidente.
Cardeal
propõe
encíclica
O relator geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Mark Ouellet, apresentou ao Papa um pedido logo no início dos trabalhos da assembleia, solicitando uma encíclica sobre a interpretação da Escritura, dado que em muitas ocasiões as faculdades teológicas e biblistas divergem da visão que o Magistério do Papa e dos bispos oferecem sobre a Bíblia.
«A relação interna da exegese com a fé já não é unânime e as tensões aumentam entre os exegetas, pastores e teólogos», alertou. Este responsável deixou mesmo uma pergunta: «Depois de muitas décadas de concentração nas mediações humanas da Escritura, não seria necessário reencontrar a profundidade divina do texto inspirado, sem perder as valiosas aquisições das novas metodologias?»
A proposta do Cardeal foi a de não ver a interpretação da Bíblia como algo meramente académico, pois a Palavra de Deus penetra em todas as dimensões da pessoa.
Ao mesmo tempo, segundo explicou aos jornalistas na sala de imprensa da Santa Sé, é necessário criar uma relação entre exegetas e teólogos com os bispos que supere as tensões, para chegar à comunhão, respeitando as atribuições de cada um.
«Seria oportuno que o Sínodo se interrogasse sobre a conveniência de uma eventual encíclica sobre a interpretação das Escrituras na Igreja», afirmou.
Rabino levanta
polémica no Sínodo
O momento histórico vivido no Sínodo dos Bispos, com a presença do rabino-chefe de Haifa, Shear-Yashuv Cohen, ficou ensombrado com as declarações deste responsável sobre o pontificado de Pio XII, falecido há 50 anos.
Depois de ter dito que a presença na assembleia sinodal era «uma mensagem de amor, de coexistência e de paz para as nossas gerações e para aquelas futuras», o primeiro não-cristão a falar numa reunião magna dos episcopados mundiais preferiu centrar as suas declarações na figura do Papa que guiou a Igreja Católica na II Guerra Mundial.
Recentemente, Bento XVI saiu em defesa de Pio XII, considerando que o mesmo «não poupou esforços» para ajudar «directamente» os judeus e pedindo que sejam superados os «preconceitos» em relação a esta figura.
O rabino disse que os judeus «não podem perdoar e esquecer» a omissão de alguns líderes religiosos a respeito do Holocausto. Shear-Yashuv Cohen reprovou a beatificação do Papa Pio XII, alegando que o antigo Papa não se insurgiu contra o regime Nazi.
in DM,08 Outubro 2008
O Arcebispo de Camberra, D. Mark Coleridge, propôs um “Directório Geral” para as homilias, que inspire as pregações na experiência universal da Igreja.
Já o Cardeal Peter Erdö, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, chamou a atenção para os perigos criados pelas publicações mais sensacionalistas do que científicas, lembrando a este respeito o caso recente do “Evangelho de Judas”, que levam a confundir «fontes credíveis e não credíveis sobre a história de Jesus Cristo».
O secretário especial do Sínodo, D. Laurent Mosengwo Pasinya, falou dos riscos das seitas, que por norma apresentam doutrinas baseadas em «interpretações fundamentalistas da Bíblia».
O presidente da Conferência Episcopal do Congo alertou para a necessidade de evitar interpretações «fundamentalistas e subjectivas» da Escritura, procurando critérios «estáveis» de interpretação.
Na manhã de ontem decorreu, por outro lado, a primeira votação para eleger os oito membros da comissão para a mensagem final do Sínodo. Para guiar esta comissão, o Papa escolheu o Arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, a quem se juntará ainda um vice-presidente.
Cardeal
propõe
encíclica
O relator geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Mark Ouellet, apresentou ao Papa um pedido logo no início dos trabalhos da assembleia, solicitando uma encíclica sobre a interpretação da Escritura, dado que em muitas ocasiões as faculdades teológicas e biblistas divergem da visão que o Magistério do Papa e dos bispos oferecem sobre a Bíblia.
«A relação interna da exegese com a fé já não é unânime e as tensões aumentam entre os exegetas, pastores e teólogos», alertou. Este responsável deixou mesmo uma pergunta: «Depois de muitas décadas de concentração nas mediações humanas da Escritura, não seria necessário reencontrar a profundidade divina do texto inspirado, sem perder as valiosas aquisições das novas metodologias?»
A proposta do Cardeal foi a de não ver a interpretação da Bíblia como algo meramente académico, pois a Palavra de Deus penetra em todas as dimensões da pessoa.
Ao mesmo tempo, segundo explicou aos jornalistas na sala de imprensa da Santa Sé, é necessário criar uma relação entre exegetas e teólogos com os bispos que supere as tensões, para chegar à comunhão, respeitando as atribuições de cada um.
«Seria oportuno que o Sínodo se interrogasse sobre a conveniência de uma eventual encíclica sobre a interpretação das Escrituras na Igreja», afirmou.
Rabino levanta
polémica no Sínodo
O momento histórico vivido no Sínodo dos Bispos, com a presença do rabino-chefe de Haifa, Shear-Yashuv Cohen, ficou ensombrado com as declarações deste responsável sobre o pontificado de Pio XII, falecido há 50 anos.
Depois de ter dito que a presença na assembleia sinodal era «uma mensagem de amor, de coexistência e de paz para as nossas gerações e para aquelas futuras», o primeiro não-cristão a falar numa reunião magna dos episcopados mundiais preferiu centrar as suas declarações na figura do Papa que guiou a Igreja Católica na II Guerra Mundial.
Recentemente, Bento XVI saiu em defesa de Pio XII, considerando que o mesmo «não poupou esforços» para ajudar «directamente» os judeus e pedindo que sejam superados os «preconceitos» em relação a esta figura.
O rabino disse que os judeus «não podem perdoar e esquecer» a omissão de alguns líderes religiosos a respeito do Holocausto. Shear-Yashuv Cohen reprovou a beatificação do Papa Pio XII, alegando que o antigo Papa não se insurgiu contra o regime Nazi.
in DM,08 Outubro 2008
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