8 de outubro de 2008

Sínodo dos Bispos preocupado com difusão da Bíblia

O segundo dia de trabalhos no Sínodo dos Bispos trouxe várias intervenções centradas na necessidade de encontrar novos instrumentos para a difusão e valorização da Bíblia, a começar pelo clero.
O Arcebispo de Camberra, D. Mark Coleridge, propôs um “Directório Geral” para as homilias, que inspire as pregações na experiência universal da Igreja.
Já o Cardeal Peter Erdö, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, chamou a atenção para os perigos criados pelas publicações mais sensacionalistas do que científicas, lembrando a este respeito o caso recente do “Evangelho de Judas”, que levam a confundir «fontes credíveis e não credíveis sobre a história de Jesus Cristo».
O secretário especial do Sínodo, D. Laurent Mosengwo Pasinya, falou dos riscos das seitas, que por norma apresentam doutrinas baseadas em «interpretações fundamentalistas da Bíblia».
O presidente da Conferência Episcopal do Congo alertou para a necessidade de evitar interpretações «fundamentalistas e subjectivas» da Escritura, procurando critérios «estáveis» de interpretação.
Na manhã de ontem decorreu, por outro lado, a primeira votação para eleger os oito membros da comissão para a mensagem final do Sínodo. Para guiar esta comissão, o Papa escolheu o Arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, a quem se juntará ainda um vice-presidente.

Cardeal
propõe
encíclica
O relator geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Mark Ouellet, apresentou ao Papa um pedido logo no início dos trabalhos da assembleia, solicitando uma encíclica sobre a interpretação da Escritura, dado que em muitas ocasiões as faculdades teológicas e biblistas divergem da visão que o Magistério do Papa e dos bispos oferecem sobre a Bíblia.
«A relação interna da exegese com a fé já não é unânime e as tensões aumentam entre os exegetas, pastores e teólogos», alertou. Este responsável deixou mesmo uma pergunta: «Depois de muitas décadas de concentração nas mediações humanas da Escritura, não seria necessário reencontrar a profundidade divina do texto inspirado, sem perder as valiosas aquisições das novas metodologias?»
A proposta do Cardeal foi a de não ver a interpretação da Bíblia como algo meramente académico, pois a Palavra de Deus penetra em todas as dimensões da pessoa.
Ao mesmo tempo, segundo explicou aos jornalistas na sala de imprensa da Santa Sé, é necessário criar uma relação entre exegetas e teólogos com os bispos que supere as tensões, para chegar à comunhão, respeitando as atribuições de cada um.
«Seria oportuno que o Sínodo se interrogasse sobre a conveniência de uma eventual encíclica sobre a interpretação das Escrituras na Igreja», afirmou.

Rabino levanta
polémica no Sínodo
O momento histórico vivido no Sínodo dos Bispos, com a presença do rabino-chefe de Haifa, Shear-Yashuv Cohen, ficou ensombrado com as declarações deste responsável sobre o pontificado de Pio XII, falecido há 50 anos.
Depois de ter dito que a presença na assembleia sinodal era «uma mensagem de amor, de coexistência e de paz para as nossas gerações e para aquelas futuras», o primeiro não-cristão a falar numa reunião magna dos episcopados mundiais preferiu centrar as suas declarações na figura do Papa que guiou a Igreja Católica na II Guerra Mundial.
Recentemente, Bento XVI saiu em defesa de Pio XII, considerando que o mesmo «não poupou esforços» para ajudar «directamente» os judeus e pedindo que sejam superados os «preconceitos» em relação a esta figura.
O rabino disse que os judeus «não podem perdoar e esquecer» a omissão de alguns líderes religiosos a respeito do Holocausto. Shear-Yashuv Cohen reprovou a beatificação do Papa Pio XII, alegando que o antigo Papa não se insurgiu contra o regime Nazi.

in DM,08 Outubro 2008

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