26 de dezembro de 2008

Frei Luís de Oliveira no encontro de Natal do Clero





Natal é tempo para ver Deus
presente no homem e no irmão

Texto: José António Carneiro
Foto: António Silva

O Natal é o tempo para ver Deus presente no homem e no irmão, valorizando as atitudes de acolhimento e proximidade que Jesus viveu em toda a sua vida e que os cristãos em geral são convidados a seguir e a imitar. Foi a partir desta premissa que Frei Luís de Oliveira se dirigiu ao Clero da Arquidiocese de Braga, ontem reunido no já tradicional encontro de Natal, que este ano contou com um pequeno concerto musical e com uma representação teatral.
O franciscano, que é secretário provincial e reside em Lisboa, orientou a sua reflexão a partir da bem aventurança da pureza de coração, não cingindo o seu significado à questão da moral sexual mas alargando-a à purificação e à conversão permanente a que são chamados todos os crentes. Esta purificação, disse, é a «atitude interior de limpar tudo aquilo que impede de ver com profundidade».
A partir da ideia bíblica de «coração puro» desafiou mais de uma centena de pessoas presentes a viver a coerência, a unidade, o equilíbrio, a autenticidade, a rectidão, a simplicidade, a honestidade e a integridade, sem esquecer o esforço sempre premente de reconhecer e aceitar os limites humanos.
Numa linguagem familiar e simples, o orador conseguiu prendeu a plateia com algumas afirmações e desafios práticos para uma melhor vivência do tempo de Natal que afirmou ser «a celebração do renascimento do humano com Jesus». Para este franciscano, mais que celebrar o nascimento do Deus Menino, o Natal deve ajudar cada um a perceber como todos os anos se pode renascer com Jesus.
Olhar o Natal a partir da vida e do ministério sacerdotal foi o objectivo perseguido por Frei Luís de Oliveira que reforçou a ideia segundo a qual «a presença de Deus santifica todos os lugares», mas o mais urgente de santificação é sempre o coração humano.

Padres devem
trabalhar auto-estima
Em diversos momentos da sua intervenção, este sacerdote que já trabalhou no Convento de Montariol, referiu-se à dimensão humana do padre desafiando os presentes a valorizarem a auto-estima e a auto-imagem de modo a enfrentar as dificuldades e as incompreensões que tantas vezes abalam os sacerdotes.
«A valorização da imagem própria ajudará ao desempenho da nossa missão e contribuirá para um melhor acolhimento dos outros», frisou
Em relação à humanidade do sacerdote afirmou: «Todos nos queremos apaixonar, ter uma paixão no sentido de ver reconhecida a nossa dignidade e o nosso real valor, sem vanglórias». E continuou: «Somos homens solteiros, mas não solteiros; somos celibatários não para viver em solidão, mas em comunhão».
Destacando este lado humano do sacerdote salientou que «o padre não é um funcionário de Deus nem de uma multinacional chamada Igreja Católica Apostólica Romana». Além do mais, é imperioso que os sacerdotes mantenham a sua auto-estima equilibrada, assim como garantam o equilíbrio entre o intelecto e o afecto.
A este respeito, mostrou a alegria em relação à maior atenção prestada ao nível da formação dos seminaristas, no que concerne à dimensão da afectividade. «Enfrentar as dificuldades em relação à sexualidade, sem moralismos nem pudor» foi, por isso, outro desafio deixado pelo franciscano.



Mais de uma centena reunida no Auditório Vita
Música e teatro animaram
encontro do Clero

O encontro de Natal do Clero decorreu ontem, no Auditório Vita, e reuniu mais de uma centena de elementos do presbitério de Braga. Música, teatro e um almoço natalício compuseram o programa estabelecido pelos organizadores, além da já referida intervenção de Frei Luís de Oliveira.
A partir das 9h30 começou a oração de Laudes, que teve a particularidade, desta vez, de ser acompanhada com violino e harpa.
Depois, os instrumentistas Flávio e Eleonor, respectivamente, brindaram os presentes com um pequeno concerto que terminou com a execução da tradicional canção “Adeste fideles” cantada por bispos, sacerdotes e diáconos presentes.
A começar a segunda parte do encontro, um grupo de alunos do Externato Paulo VI, de Braga, mostrou um Auto de Natal, da autoria da professora Flora Macedo e da irmã Laurinda Martins, que se apresentou como uma excelente actualização da mensagem bíblica sobre o Natal e que mereceu da plateia uma demorada salva de palmas.
Entretanto, o padre Luís Marinho, já a terminar, manifestou em nome de todo o presbitério os votos de boas festas ao Arcebispo Primaz e também a D. Eurico Dias Nogueira e D. António Couto que também marcaram presença.
«A melhor prenda que podemos dar aos nossos bispos é um clero reunido a caminho da união, crescendo a trabalhar junto», afirmou o pároco de São Martinho de Tibães.
Por sua vez, D. Jorge Ortiga encerrou o encontro manifestando satisfação pelo encontro dos sacerdotes da Arquidiocese.
Na linha da celebração do Ano Paulino e a partir de uma leitura que está a fazer, pediu aos presentes que apostem na inovação ao nível da vida espiritual, da vida de presbitério e da vida pastoral. Além disso, olhando o futuro com optimismo, exortou a que ninguém se feche em tradições e que «a celebração de Natal traga a força para caminhar em direcção a uma maior abertura ao tempo que Deus nos dá a viver», concluiu.
A terceira parte do encontro foi preenchida com um almoço natalício que decorreu nas instalações do Seminário Menor.

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