Texto de João Paulo II mantém actualidade
A exortação apostólica “Christifideles Laici” de João II comemorou 20 anos de publicação no passado dia 31 de Dezembro. Seguindo as pegadas do Concílio Vaticano II e na sequência do Sínodo dos Bispos, em 1987, o falecido Papa escreveu um documento sobre a vocação e a missão dos leigos que ainda hoje mantém actualidade.
Este 20.º aniversário do documento permite revisitar e recordar ensinamentos actuais, já que o mundo e a Igreja necessitam, hoje mais do que nunca, da acção de homens e mulheres comprometidos na sua fé católica.
A exortação “Christifideles laici” está dividida em introdução e cinco capítulos que giram em torno das imagens bíblicas da vinha que é propriedade de Deus na qual os homens são convidados a trabalhar e na qual dá fruto apenas o ramo enxertado ao tronco.
Ao longo do documento aparecem bem trabalhados os ensinamentos conciliares, as proposições aprovadas pelo Sínodo de 1987 e ainda outras reflexões e documentos, especialmente de Paulo VI e do próprio Papa João Paulo II.
A introdução evidencia a continuidade em relação ao Vaticano II, e as novidades históricas que se produziram nos últimos 20 anos. Uma atenção especial recebe o problema do secularismo, como tendência de arrancar do coração dos homens a recordação de Deus e do religioso. Sublinha-se a importância da dignidade da pessoa, que por um lado é amplamente reconhecida em muitos sectores do mundo moderno, e por outro, é ferida através de injustiças como o aborto, o abandono de crianças e a pobreza em muitos lugares do planeta.
O primeiro capítulo explica o que é o leigo e que a sua dignidade consiste em receber de Deus a graça do baptismo. A partir da acção sacramental, converte-se em filho no Filho, membro da Igreja, templo do Espírito Santo. Neste capítulo evidencia-se também uma das funções chaves do leigo: a santificação do mundo.
O segundo capítulo aprofunda a inserção do leigo na Igreja, e oferece uma série de chaves para compreender as diversas associações a partir das quais os baptizados participam na vida eclesial. Recebe uma menção especial a Acção Católica, chamada a ajudar os fiéis na sua condição laical, sob a orientação dos bispos.
O capítulo terceiro aborda o tema do papel dos leigos dentro da Igreja missionária. João Paulo II indicava com clareza a urgência de empreender uma «nova evangelização». Ao mesmo tempo, assinalava os diversos âmbitos de acção dos leigos: a defesa da dignidade da pessoa, da vida, da família, a caridade como esforço por viver de modo solidário, o compromisso político, superando medos que impedem muitos de participar activamente na vida pública, o mundo do trabalho e a economia, o vasto campo da cultura, levando à superação do divórcio desta com o Evangelho, problema que tinha sido já denunciado por Paulo VI na “Evangelii Nuntiandi”.
O capítulo quarto apresenta as distintas vocações ou situações nas quais se desenvolve a vida do leigo, desde a infância até a velhice, na saúde e na doença, e na rica e complementar distinção entre homens e mulheres. Os parágrafos dedicados aos jovens sublinham como eles não podem ser simples destinatários da evangelização, mas sim protagonistas, chamados a renovar as sociedades às quais pertencem.
O último capítulo exorta a cultivar a relação entre cada baptizado e Cristo, como o ramo que está unido à videira. Isso implica promover uma «formação integral e permanente dos fiéis leigos» (n.º 57) que permita conhecer e viver a própria vocação e missão, e que seja não somente algo passivo, mas sim activo: o leigo bem formado pode ajudar de modo eficaz à formação de outros leigos.
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