18 de junho de 2009
Igreja atenta à preservação do património documental
Conselho Nacional dos Bens Patrimoniais da Igreja está a decorrer em Braga
Reflectir sobre o futuro do vasto património documental da Igreja Católica é um dos principais objectivos do II Conselho Nacional dos Bens Patrimoniais da Igreja, que está a decorrer em Braga, tendo como tema “Arquivos da Igreja – memória das comunidades ao serviço da sociedade”. Ontem, os participantes, além da análise da situação vivida nas dioceses portuguesas, tomaram conhecimento do caminho percorrido pelo Arquivo de Bizkaia, na diocese de Bilbau, um dos melhores em Espanha, e que foi apontado como exemplo a seguir.
Na sessão de abertura, o director do Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja apontou alguns dos objectivos do encontro, que tem o ponto alto na manhã de hoje, com os trabalhos de grupo e consequente plenário sobre o caminho que está a ser feito nas dioceses de Portugal ao nível dos arquivos históricos. João Soalheiro sustentou que a missão do Conselho, sem ser normativa, é importante, apelidando-a de «obrigação ética» para a orientação do trabalho e as decisões dos bispos em relação ao património da Igreja.
O responsável pelo Conselho Nacional criado em 2008, pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, salientou que este grupo de trabalho deve «apoiar e sustentar a política arquivista e documental das dioceses».
Em relação a projectos em que está empenhada a Comissão dos Bens Patrimoniais da Igreja, referiu a assinatura em breve de um protocolo entre Ministério da Cultura e a Conferência Episcopal Portuguesa, designado “Rota das Catedrais”, e que visa requalificar algumas das catedrais de Portugal. Outro projecto que merece o empenho da Comissão, denominado “Projecto Cesareia”, visa estruturar e apoiar as 50 bibliotecas mais importantes da Igreja em Portugal.
Os trabalhos de ontem ficaram marcados por dois momentos. Primeiro, a directora do Archivo Histórico Eclesiástico de Bizkaia, Anabella Barroso, apresentou o trabalho feito nesta instituição, uma das mais conceituadas em Espanha. Depois, ao final da tarde, decorreu, em painel, uma partilha de experiência sobre o trabalho feito em Arquivos da Igreja, concretamente na Arquidiocese de Braga, no Patriarcado de Lisboa e na Fundação e Arquivo Miguel de Oliveira.
Anabella Barroso deu a conhecer os cerca de dois mil metros quadrados do arquivo diocesano de Bilbau, que tem, em média, cerca de três mil consultas mensais. Este espaço, que recolhe o património documental da Igreja diocesana, presta a atenção necessária às novas tecnologias, por exemplo a disponibilização total do arquivo aos interessados via internet.
Arquivo de Braga ainda é “bebé”
O cónego José Paulo Abreu partilhou com os presentes o ainda curto caminho feito na Arquidiocese de Braga ao nível do Arquivo Histórico, afirmando que, em relação ao trabalho feito na diocese de Bilbau, «Braga ainda é um bebé».
O também Vigário Geral da Arquidiocese apresentou, em multimédia, uma “visita guiada” ao Arquivo Arquidiocesano de Braga (AAB), começando por dar conta das dificuldades e problemas causados pelas condições do edifício. O AAB situa-se no edifício da Faculdade de Teologia, na Rua de Santa Margarida (em frente à Redacção do DM), e necessitou de algumas intervenções.
Actualmente, os responsáveis bracarenses estão a tratar do Fundo da Cúria – trasladado do Paço Arquiepiscopal –, concretamente os milhares de processos matrimoniais que contabilizam cerca de 80 por cento do espólio documental do arquivo que, recorde-se, diz respeito ao período pós Implantação da República.
Com cinco funcionários, o capitular disse que faltarão mais de 30 mil processos de casamento para terminar a primeira fase de limpeza, informatização e acondicionamento de uma das categorias documentais do Arquivo.
«Queremos abrir ao público, mas não sabemos ainda quando é que isso vai acontecer», confessou o cónego José Paulo Abreu, que pretende, num futuro ainda incerto, chegar ao segundo passo da constituição do AAB: tratar dos Arquivos Paroquiais e também dos Arquivos da Associações de Fiéis.
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