Estas são as ideias que partilharei com os cristãos da Unidade Pastoral de Águeda (UPA), neste fim de semana em que celebramos o 33.º domingo do tempo comum.
1. Proximidade do fim do ano litúrgico: “Fim do mundo”
Dia e noite, sol e lua, salvação e angústia, vida e morte, anjos e demónios, felicidade e condenação, inferno e paraíso: são os contrastes que a liturgia apresenta entre o mundo passageiro e terreno e o mundo novo que há-de vir.
A linguagem é apocalíptica – aponta para a realidade do final dos tempos usando imagens simbólicas.
Não devemos, por isso, entender literalmente a mensagem apocalíptica; nada de fazer cálculos e previsões para saber o quando; devemos confiar no cumprimento do anúncio de Jesus em relação à sua última vinda. A nossa atitude é de espera. Assim, desta Palavra que parece desajustada aos nossos dias, devemos retirar um convite forte e premente à esperança.
2. “Esperai sempre”
Daniel fala-nos intervenção libertadora de Deus a favor do povo que sofria a perseguição de um poder estrangeiro
É um convite à esperança: viver esperando a vinda do Filho do Homem através da fidelidade e constância aos planos de Deus
Os que permanecem fiéis recebem por recompensa a vida eterna
Evangelho: Marcos
• Deste evangelho recebemos a garantia da chegada de um mundo novo, de vida e felicidade
• Vigilância perante os sinais que anunciam a aparição da nova realidade
3. Esperar o sonho de Deus
Esta Palavra é para nós que vivemos num tempo que deixou de esperar o que quer que seja.
É-nos pedida fidelidade aos valores e aos desígnios de Deus mesmo diante de perseguição que sofremos do mundo em geral. É-nos pedida a perseverança e confiança num Deus que não abandona o povo que lhe é fiel.
Perante tantos dramas que todos os dias nos entram pela porta dentro, graças à comunicação social, somos, a partir desta Palavra, convidados a abrimos a nossa porta à esperança.
Deus não abandona a humanidade. Mais ainda: Deus quer transformar o mundo velho (do egoísmo e do pecado) em mundo novo (de vida e felicidade). Não caminhamos para o abismo, nem para o precipício, caminhamos, como peregrinos, para a vida plena, onde se encontram aqueles que sempre se buscaram e amaram um ao outro: Deus e Humano.
O cristão é o profeta que testemunha os valores de Deus que são eternos e não efémeros como os do mundo.
Somos, portanto, testemunhas e profetas da esperança. Os dramas do nosso mundo são sinais eloquentes da transformação do mundo velho que se renova, pela força de Deus, até surgir um mundo novo e melhor.
O cristão não se fundamenta no pessimismo e na angústia. Devemos, ser cristãos com “rosto de gente salva”, rosto onde transborda a fé num Deus que caminha connosco até à felicidade eterna.
Devemos olhar a história com confiança e esperança: o cristão é uma pessoa alegre e confiante que olha o futuro com serenidade sabendo de antemão que é Deus Amor quem lhe preside.
Vida eterna é a recompensa para os que vivem na fidelidade aos valores de Deus. Acreditamos, a partir da Ressurreição de Jesus Cristo, que a vida não acaba na morte e, por isso, não nos sentimos derrotados mas optimistas porque Deus reserva a vida eterna e verdadeira para os que estão “inscritos no livro da vida”.
Deus é Senhor da história e fará surgir um mundo novo. Para tal, nós, somos chamados a anunciar com a vida, com palavras e gestos, esse mundo que Deus sonha e projecta. A religião ou a fé não são ópio (Marx) mas, trampolim para nos comprometermos com a história. Que cada um se comprometa neste sonho de Deus e que um dia seja realidade para nós. Aí estará a nossa felicidade, a nossa vida, a nossa eternidade.
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