18 de dezembro de 2009

20.º dia de Advento. Ó Menino Deus, vem resgatar-nos com o poder do teu braço!



Chegamos à segunda dezena de dias de preparação para o Natal. E já está a acabar. É tão curto, mas tão cheio e tão profundo… que deixa pena. E esta iniciativa – apesar de dar trabalho (quanto me custou hoje escrever este texto!!! O tempo não dá para tudo!) – tem-se revelado fantástica e enriquecedora. Todos temos aproveitado, com certeza…

Mas como tempo de preparação que é, é bom e salutar que o Advento passe para que, mais depressa, chegue o motivo da nossa preparação: Jesus Cristo, o Emanuel, Deus-connosco, o Menino Deus.

Estamos no que podemos chamar “Semana Santa do Advento” que iniciamos ontem, a Novena do Menino, que em tantas terras se celebra.

E a própria liturgia muda de tom. Tudo se orienta para o Natal. Todos os olhos se concentram em Jesus, o Prometido, a Promessa. Somos convidados a viver com mais alegria, pondo-nos também na pele daqueles que viveram in loco o nascimento de Jesus – Maria, José, Zacarias, Isabel…

Os Evangelhos apontam já para o nascimento de Jesus, e as leituras elencam relatos e anúncios das promessas de Deus no AT, que também se direccionam para Jesus, o Messias da descendência de David. A própria liturgia das Horas, em jeito lírico, abre portas ao Natal, concretamente com as conhecidas “Antífonas do Ó” (Hora de Vésperas).

Ora, todas estas alterações devem também fazer mudar o nosso coração. É grande o mistério do Natal. Aquilo que peço hoje, para mim e para quem quiser abraçar o desafio, é que deixemos espaço para que ele aconteça na nossa vida: o Natal é o mistério do Deus rebaixado e do homem elevado!...
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Natal: Deus rebaixado, homem elevado


O Natal é muitas coisas. Nas suas origens está a festa romana do solstício de Inverno, como um convite a celebrar a vida que cresce, a natureza que vence a obscuridade, a noite e a morte, o sol que volta a ser potente e pujante. É festa de reencontro e de calor, festa de exuberância, de potência e de um certo excesso.
Não está radicalmente mal, que estes dias sejam para todos, cristãos incluídos, dias de excesso. Não se pode é deixar permitir que o excesso se reflicta apenas na comida e na bebida, nos presentes e no consumismo, não se repercutindo, mais que tudo, nos bons desejos e nas boas vontades.
Para os cristãos, o fulcro é a celebração da festa da presença intensíssima do Filho de Deus e esses bons desejos devem encher-se e incluir a fraternidade.
Deixar que o Menino nasça verdadeiramente no coração de cada um, deixar que Ele inunde a nossa vida de bênçãos e de graças – Ele que é a Bênção e a Graça – é o mais importante nesta quadra.
Que se aproveite este tempo para uma sentida e vivida reunião familiar. Que o Natal seja também e fundamentalmente festa da família, de encontro e de partilha à volta da mesa da refeição.
O tempo litúrgico do Natal é curto, cinge-se a alguns dias. Mas é grande o mistério que nele e por ele se celebra: o mistério da Encarnação do Verbo – mistério grande de Deus que se rebaixa para elevar o homem. Tudo concentrado no simples e singelo quadro do Presépio que podemos e devemos adorar.
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Comprometo-me a abrir as portas do meu coração a Cristo. Grito como João Paulo II: “Aperite portas Redemptori” (Abri as portas ao Redentor). Vivamos o Natal. Não o deixemos passar ao lado.

Com as palavras do padre Tolentino de Mendonça rezo para que seja Natal em mim e em Ti! E com estas palavras e porque de hoje a oito dias é Natal desejo já para todos um Santíssimo Natal com a bênção da presença do Menino no teu coração!



O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade


O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande


O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções


O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará.

Tolentino de Mendonça

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Amanhã reflectimos na capela

8 comentários:

  1. Amigo JAC
    Na verdade estamos tão próximos do Natal... E depois de ter feito toda esta reflexão com todos e ao ler a beleza deste teu texto, Natal para mim será diferente, já é diferente.
    Será de dentro para fora abri as portas do meu coração.
    "que o Menino nasça verdadeiramente no coração de cada um, deixar que Ele inunde a nossa vida de bênçãos e de graças – Ele que é a Bênção e a Graça – é o mais importante nesta quadra."
    Penso na familia, na minha e em todas as que estão fragmentadas neste momento
    Que a Paz do Natal chegue até elas e até nós com alegria
    Um santo Natal para todos e para ti José António, (já uma benção que és, eu agradeço a Deus por esta dádiva) que os teus desejos se realizem com a Graça de Jesus
    Santa Paz
    Utilia

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  2. Hoje não comento nada!

    Fico-me assim a ler todo este belíssimo e profundo texto, faço-o meu, e tento torná-lo vivo e verdadeiro no meu coração, na minha vida.

    Obrigado José António!

    Um Santo Natal para ti e todos os teus.

    Abraço amigo em Cristo e Maria

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  3. Olá JAC,

    você nos aproximou ainda mais do menino Jesus com esse seu texto tão vivo e tão profundo,repleto de amor! Difícl comentar... Apenas sentir esse amor e deixar que a luz de Cristo nos guie.

    "O Natal não é ornamento: é movimento
    Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
    Entre a noite e o dia
    Entre a tarefa e o dom
    Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
    Entre a palavra e o silêncio que buscamos
    Uma estrela nos guiará."

    muito obrigada pela partilha,

    Um Santo Natal para ti e toda a sua família!

    abraços fraternos

    Gisele








    obrigada pela partilha,

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  4. Palavras para quê? E também fiquei sem elas...
    Por isso transcrevo as suas:

    "O Natal não é ornamento: é movimento
    Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
    Entre a noite e o dia
    Entre a tarefa e o dom"

    Que continuemos caminhando neste caminhar de amor, pedindo que até as noites se iluminem pela luz do amor de Jesus.
    Bem-haja! Achei linda e riquissima de conteúdo toda a sua reflexão.
    Abraço em Cristo e Maria

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  5. olá zé antónio ..
    sem palavras para cometar ..
    apenas te quero dizer que gostei muito de te ler ,, e reflectir nas tuas palavras ..
    um feliz e santo natal para ti e para toda a tua familia ...
    beijinhos ...

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  6. Amigo,
    Muito obrigada por estas Palavras iluminadas convidativas a uma reflexão profunda para estes poucos dias que antecedem o Natal!
    Desejo-lhe e aos seus familiares um Santo Natal, na alegria e Paz do Senhor.

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  7. São sempre muito ricas estas reflexões e fixei-me nesta frase: "não é o simplismo ágil das frases-feitas" esse "ram-ram" que usamos por não querer vê-LO, saber Quem é e ao que vem. Ele, o Amor, que sempre se reinventa e para cada um de nós.
    Tinha outras mais que gostava de comentar com tempo, mas, por 'razões óbvias' ou dado que o meu tempo de reflexão já está em contagem decrescente, fico-me por agradecer tudo o que aqui colhi.

    Um Santo Natal,

    Malu

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  8. Olá José António
    É como diz, o tempo passa rápido, e uma vez mais estamos a chegar ao Natal...
    Tudo corre tão rápido, ou melhor, nós andamos tão ocupados que nem damos pelo tempo passar, não valorizamos, não vivemos, não fazemos a experiência deste tempo, que nos foi proposto para melhor preparar o nosso coração para tão importante chegada, O Deus Menino.
    Dava por mim, ainda há pouco, a pensar que quase não saí do "deserto".
    Muito caminho ficou por "endireitar"

    Também eu me vou comprometer a abrir as portas do meu coração a Cristo.
    Também eu vou preparar espaço para que ele aconteça na minha "nossa" vida.
    Vem Senhor Jesus.

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