O Tempo Pascal, na Igreja, é uma grande e solene aclamação e uma bela profissão de fé. É por isso que ele se estende por 50 dias do ano, até à Festa do Pentecostes.
A liturgia é também pedagogia: semana após semana vai-nos educando o coração e a mente, para irmos sentindo a presença de Jesus, no seu modo diferente de estar, porque Vivo e Ressuscitado.
A liturgia é também pedagogia: semana após semana vai-nos educando o coração e a mente, para irmos sentindo a presença de Jesus, no seu modo diferente de estar, porque Vivo e Ressuscitado.
Ao nível da fé cristã, nós não podemos nunca ficar de consciência tranquila. Precisamos sempre de estar inquietos, porque “enquanto estanos inquietos, podemos estar tranquilos”. É como quem diz: o caminho não está terminado, “o caminho faz-se caminhando”.
A caminhar desafia-nos, exactamente, o Evangelho do III Domingo da Páscoa, do Ano A, que celebramos no passado domingo. O relato evangélico de Emaús, exclusivo de Lucas, obriga-nos a fazer aquela que pode ser considerada a mais bela viagem de doze quilómetros de toda a Escritura, entre Jerusalém e Emaús.
É fácil de ver que se trata muito mais de uma viagem intransitiva, de uma viagem interior, uma viagem no coração, uma viagem espiritual (título de um belo livro de Nicholas Sparks e Billy Mills).
Dois homens que, desiludidos, desencantados, talvez desesperados, fazem a viagem de ida, regressando às suas vidas rotineiras, depois de todos os sonhos ficarem desfeitos e mortos aos pés de uma cruz, no Monte Calvário.
O cenário começa a mudar quando chega a esta viagem um terceiro viajante. Depressa ficamos a saber que se trata de Jesus. Ele, que sempre se mete connosco, que faz caminho connosco, que se faz de convidado para o nosso caminho, mas não se faz de convidado para a nossa casa.
Com a conversa, à qual preside o terceiro viandante – conversa onde se abre o coração, onde se expressa a tristeza, onde se escuta a Palavra, desde Moisés até aos Profetas –, parece mesmo que o caminho se encurtou. E Emaús está à vista.
Jesus “finta” aqueles dois caminhantes. Faz menção de seguir, embora Ele não queira seguir. Aqui Ele tem que ser convidado a entrar. Ele provoca o convite que é uma bela oração: “Ficai connosco!”. Claro que Ele fica, entra e faz o que sempre fez: toma o pão, abençoa-o, parte-o e distribui-o. Esta é a vida de Jesus dita em gesto, dada e repartida. É assim que Ele vive. É assim que O reconhecemos. É assim que O anunciamos!
Nas paredes daquilo que se crê ser o local onde Jesus esteve com os dois discípulos de Emaús pode ler-se esta inscrição: «Todos os dias/ Te encontramos/ no caminho./ Mas muitos reconhecer-Te-ão/ apenas/ quando/ repartires connosco/ o Teu pão./ Quem sabe?/ Talvez/ no último entardecer».
Thomas S. Eliot, poeta inglês, faz esta evovação da cena: «Quem é o terceiro, que vai sempre ao teu lado? Se me ponho a contar, juntos vamos apenas eu e tu. Porém, se olho à minha frente sobre a estrada branca, vejo sempre outro que caminha ao teu lado. Quem é esse que vai sempre do outro lado?».
Ele vai sempre a nosso lado, e quer sempre entrar em nossa casa. E nós? Queremos que Ele esteja no caminho e em nós? Estamos inquietos? Ou acomodados?
Publicado no Mais Luz-Jornal da Paróquia de Águeda
com a devida vénia a D. António Couto, onde me baseio
Pe. JAC
É com homilias assim, que nos fazem parar, pensar, ouvir e sentir... só..., que o coração se acomoda e incomoda e que nos reconhecemos perdidos no caminho certo.
ResponderEliminarObrigada.
Parabéns, realmente nos faz refletir, ruminar a Palavra de Cristo.
ResponderEliminarPaz e Bem!!!
Obrigada pela reflexão, " o caminho se faz caminhando", muito bom!
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