Não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de
voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de gestos
improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas experiências, embora válidas e úteis
a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as
injustiças que frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro
encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida.
Na verdade, a oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na
caridade que se torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E
deste modo de viver derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca
com as mãos a carne de Cristo. Se
realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no
corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na
Eucaristia. O Corpo de Cristo, partido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar
pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis. (…)
Portanto somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los
nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o
círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos
das nossas certezas e comodidades e a reconhecermos o valor que a pobreza
encerra em si mesma.
EXCERTO DA MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
(19 DE NOVEMBRO DE 2017) | «Não amemos com palavras, mas com obras»
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