26 de setembro de 2008

Reitor de Fátima tomou posse



Reitor de Fátima tomou posse
«do coração espiritual do País»

Texto: José António Carneiro*

O padre Virgílio Antunes, tomou posse, ontem de manhã, como Reitor do Santuário de Fátima, que é, segundo as palavras de D. António Marto, «o coração espiritual do País». Numa Eucaristia que decorreu na igreja da Santíssima Trindade, o monsenhor Luciano Guerra passou o testemunho ao novo Reitor, no dia que, também, entrou em vigor o novo Estatuto que estabelece Fátima como Santuário Nacional.
O novo Reitor assumiu que os peregrinos são a «razão de ser» deste local de culto, destinado a responder às aspirações mais profundas da humanidade. Admitindo que Fátima desperta «dúvidas e perplexidades» em «muitas pessoas e sectores», a primeira saudação do sacerdote natural da Batalha serviu para definir o Santuário como um «lugar de afirmação e cultivo da fé cristã, votado a uma especial veneração de Nossa Senhora, centro de convergência de multidões de famintos de Deus e fonte de uma paz duradoura a construir».
A cerimónia foi presidida por D. António Marto, e contou com a presença de três Bispos eméritos, cerca de uma centena de sacerdotes e várias centenas de fiéis, para além de autoridades civis e militares. Além do novo Reitor, tomou posse o novo administrador do Santuário, padre Cristiano Saraiva, e assinalaram-se jubileus sacerdotais de membros do clero da diocese.
O Bispo de Leiria-Fátima desafiou os presentes a fazer do Santuário algo mais do que um «centro de serviços religiosos», destacando que na actual cultura pós-moderna se vive num clima de «eclipse cultural de Deus» mas que é um «tempo providencial para ir ao essencial, ao coração da fé».
O prelado falou também da «projecção mundial» deste espaço, onde passam anualmente mais de cinco milhões de peregrinos, destacando a «relevância da missão» de Fátima em Portugal e no mundo, num momento em que são muitos os que empreendem a «busca de Deus».
Este «coração espiritual do país», acrescentou, é um «símbolo da paz, da reconciliação e da unidade de corações, de povos e de culturas».
D. António Marto destacou os desafios do tempo actual colocados pela «debilidade do pensamento, precariedade dos afectos e relativismo moral», defendendo a necessidade de investir na qualidade e diversificação da oferta dada no acompanhamento dos peregrinos de Fátima.

Novo estatuto
já vigora
O padre Virgílio Antunes será o primeiro Reitor inserido no quadro dos novos Estatutos de Fátima, que fazem deste espaço um Santuário Nacional, facto destacado pelo próprio e pelo Bispo de Leiria-Fátima. O novo Reitor pediu mesmo que este novo Estatuto «seja um grande auxílio para que não faltem ao Santuário os meios humanos, concretamente os sacerdotes necessários, para o seu serviço».
O Reitor lembrou que este novo Estatuto «corresponde à vontade da Santa Sé e dos bispos portugueses, que pretendem deste modo consagrar uma realidade que já era notória», observando que «Fátima ultrapassa muito os confins da diocese de Leiria-Fátima».
Por outro lado, sublinhou a «corresponsabilidade da Igreja em Portugal», de quem espera «um grande auxílio para que não faltem ao santuário os meios humanos, concretamente os sacerdotes necessários para o seu serviço».

Antecessor
em comunhão
A passagem de testemunho aconteceu numa simbólica «entrega das chaves da reitoria» por parte do monsenhor Luciano Guerra. Ao seu sucessor, prometeu acompanhamento na oração, «no pensamento, na palavra, na acção e, se necessário, no silêncio», desejando que possa permanecer no cargo durante «muitos anos».
«Vou entregar-te a ti, meu caro padre Virgílio, não as chaves todas de todas as portas do santuário, o que seria fisicamente impossível, por serem certamente mais de mil, mas a chave do gabinete da reitoria», disse o Reitor cessante.
Ao padre Virgílio Antunes comunicou ainda ter-lhe deixado no gabinete, «como herança e sinal de continuidade», três objectos de culto: um crucifixo, uma estátua do Imaculado Coração de Maria e uma imagem dos beatos Francisco e Jacinta.
Por sua vez, o novo Reitor, referindo-se ao antecessor, destacou que «deixa um notável estímulo para a acção futura», frisando a «dedicação, profundidade, rigor e o espírito de serviço que pôs em toda a acção que desenvolveu» no santuário.
Também D. António Marto deixou ao monsenhor Luciano Guerra uma palavra de gratidão – também em nome do Episcopado português – pelo desempenho na «árdua, nobre e bela missão» de Reitor do Santuário de Fátima, tempo durante o qual o Santuário conheceu «um novo impulso» e que deixa «marcas indeléveis» na história de Fátima.

Programa espiritual
consagrado a Maria
Depois da Eucaristia, na Capelinha das Aparições, o novo Reitor falou de Fátima como um lugar que deixa «apelos de conversão como caminho para a paz pessoal, familiar e universal».
Na sua oração de consagração, ficou claro que o programa espiritual para este novo ciclo inclui elementos presentes desde as Aparições de 1917 – o terço, a paz, a luz, o amor, a conversão dos pecadores – mas também elementos que se têm vindo a afirmar nos últimos anos, em especial a devoção à Trindade, consagrada na nova igreja que toma o seu nome.
O final da oração retomou ideias centrais das Aparições, rezando a Maria para que «seja difundida a vossa mensagem, para que triunfe o vosso coração imaculado, para que encontrem a salvação os vossos peregrinos».

*Com Ecclesia e Lusa

in DM, 26/09/08

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