31 de janeiro de 2009

Paulo de Tarso, quem és tu?(3)

Evangelho da Cruz é o centro da reflexão paulina

O último dia da Semana de Estudos Teológicos de Braga contou com a presença de Johan Konings e de José Carlos Carvalho, que identificaram – ambos – o centro de reflexão de São Paulo, figura central desta iniciativa, no Evangelho da Cruz de Cristo.
O primeiro conferencista, nascido na Bélgica e docente no Brasil, começou por apresentar uma breve biografia de Paulo e chegou à conclusão de que o Evangelho que o Apóstolo anuncia é precisamente o Evangelho da Cruz.
Com a intervenção “Paulo e Jesus. Luz sobre uma questão fundamental”, Johan Konings considerou «injustas» as posições que provocam ruptura entre a actuação de Jesus e a pregação apostólica. «Dizer que Jesus pregava o Reino e os Apóstolos pregavam o senhorio de Jesus é o mesmo que dizer que não há continuidade entre as duas pregações» disse, relevando que «Jesus é o Reino em pessoa e o Reino de Deus é o modo próprio de ser de Jesus».
Neste sentido, para o conferencista «anunciar Jesus ainda hoje é actualizar o seu anúncio do Reino».
Depois de analisar as diversas fontes que apresentam Jesus, o orador deu a conhecer que o «Evangelho de Paulo» é o «Evangelho da Cruz».
Paulo não se reclama autor do Evangelho, mas reclama a legitimidade do seu trabalho evangelizador e a sua originalidade na pregação e esta «estabelece-se na obediência a Cristo», apontou.
O docente da Faculdade Jesuíta de Teologia de Belo Horizonte (Brasil) abordou também o tema da «justificação» em Paulo e, sobretudo no debate, o tema soteorológico da «morte vicária».

Eixos da teologia paulina
Por sua vez, José Carlos Carvalho apontou os “Eixos maiores da teologia paulina”. O docente da Faculdade de Teologia do Porto apresentou três mundos por onde o Apóstolo das Nações andou: o mundo cultural grego, o mundo judaico e o mundo da fé e revelação cristã.
Em relação ao primeiro, denominado «eixo cultural do mundo grego», o conferencista disse que o mundo ajudou São Paulo a fazer teologia, salientando a «pastoral da inteligência» que o Apóstolo seguiu e que a partir dele tem sido estandarte da Igreja. Sobre a pregação em contexto helénico e politeísta, afirmou: «É num supermercado de salvações, com muitos deuses importados, que Paulo faz valer o Evangelho de Cristo».
Já sobre o «eixo do mundo judaico», o orador, casado e pai de dois filhos, mostrou que esta cultura deu a Paulo o Antigo Testamento e a tradição semítica, a perícia rabínica e a nomenclatura teológica e ainda o Templo, com a espiritualidade e a oração.
«Paulo nunca renegou Saulo», defendeu o conferencista, mostrando que a teologia paulina, em diálogo com o mundo judaico, revela a imagem de um Deus que é Pai e que faz dos seres humanos seus filhos, porque «o específico do filho é acreditar».
Por fim, no último ponto, o docente falou do «eixo da fé cristã» assente na «visão da realidade humana», na «eclesialialidade» e na «concepção de história» que fazem com que Paulo chegue ao seu centro de reflexão, que é a Cruz de Cristo como salvação dos homens.

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