30 de março de 2009

Procissão Penitencial com gente de todas as idades




Centenas de cristãos de Braga
subiram à montanha do Bom Jesus


Centenas de cristãos de Braga subiram ontem de tarde à montanha, até ao santuário do Bom Jesus, para participar na Procissão Penitencial. Este «piedoso exercício», como lhe chamou o cónego Manuel Tinoco, teve gente de todas as idades e pretendeu «recordar as dores que Jesus sofreu no caminho do Calvário».
A procissão saiu da igreja de Santa Cruz, no centro da cidade, e seguiu pela Rua de S. Marcos, Avenida Central, Largo Senhora-a-Branca, Rua da Restauração, Avenida João XXI, Avenida João Paulo II, iniciando depois a subida da escadaria que conduziu os participantes até ao santuário do Bom Jesus, onde se celebrou missa, pelas 17h00.
Ainda na igreja de Santa Cruz, o capitular bracarense que é capelão do Bom Jesus, desafiou os presentes a fazerem a procissão como recordação das dores de Cristo a caminho do Calvário, mas também como manifestação da própria condição humana.
«Recordemos que, ao caminharmos em procissão, estamos a expressar a nossa condição de peregrinos para a pátria celeste», afirmou, destacando também a «união com Maria, a Senhora das Dores», que acompanhou sempre o caminho de Cristo.
Às centenas de cristãos de todas as idades que fizeram o percurso com cadência bem ritmada, o cónego Manuel Tinoco ainda exortou – com as palavras inspiradas da Escritura – que «aqueles que ouvirem a voz do Senhor, não fechem o coração» e respondam ao chamamento com coragem e confiança.
No caminho, o exercício penitencial ia alternando entre cânticos, reflexões, silêncios e, também, com o canto do terço. Os fiéis associaram-se aos diversos momentos e participaram apoiados com um pequeno guião que foi distribuído à saída de Santa Cruz.

Tradição para todas as idades
Entre os participantes havia gente de todas as idades e de diversos pontos da cidade de Braga e alguns até de fora. Também as motivações, ainda que assentes todas na base da fé cristã, variavam entre si.
Rosalina Oliveira, de S. Vicente, disse ao Diário do Minho que gosta de participar nas cerimónias, nesta altura do ano litúrgico. Além disso, «já é uma tradição».
Oriunda de S. Paio de Arcos, Maria Sousa destaca que «é importante realizarem-se procissões deste género para melhor se viver e celebrar a Semana Santa e a Páscoa».
Conceição Rodrigues confessa que já foi mais participativa nestas celebrações. «Estou a regressar de novo, depois de uma época em que estive mais afastada», afirma.
Com 47 anos, natural de Espinho, José Silva trabalha habitualmente fora de Braga e isso impossibilita-o de participar nas cerimónias da Quaresma e Semana Santa. «Sempre que posso, gosto de participar porque sou católico».
Desengane-se, todavia, aqueles que pensam que, dada a distância a percorrer (à volta de cinco quilómetros), apenas pessoas com facilidade de mobilidade participaram na Procissão Penitencial. Maria da Conceição Rodrigues, de 68 anos de idade, é um bom exemplo que mostra como a fé pode transpor montanhas. Apoiada em canadianas, não hesita em responder à pergunta se vai conseguir terminar a caminhada: «Sim, vou até ao fim, porque o Bom Jesus vai ajudar-me».
Entre os caminhantes, maioritariamente adultos, também se encontravam crianças, acompanhadas dos pais, e alguns jovens. João Silva, 9 anos, escuteiro em Dume, fez o percurso acompanhado com a mãe. «Gosto da procissão e gosto de vir com a minha mãe», confessou.
De Mire de Tibães estava uma delegação jovem. Joana Fernandes, 25 anos, Susana Pessoa, 20 anos, e Ana Rodrigues, 14 anos, marcaram presença na celebração com a tia. «Viemos porque somos católicas, mas também porque é um exercício físico que só faz bem».
A irmã Maria Cândida, da Santa Cruz, quis participar na celebração para se inserir e conhecer melhor as tradições da Quaresma e Semana Santa da cidade de Braga. Esta religiosa natural de Fátima afirma: «todos precisamos de penitência e de rezar mais».
Durante o percurso da procissão, a PSP colocou nove agentes com a finalidade de orientarem a circulação viária para que tudo corresse sem problemas. Na rotunda dos Peões, uma vez que terminava a área de intervenção da PSP, foi a vez de a GNR do Sameiro colocar cinco cabos que fizeram o restante percurso até ao Bom Jesus. Registe-se que a procissão decorreu sem qualquer incidente, mesmo tendo passado ao lado de um choque entre três viaturas.

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