7 de maio de 2009

Vítor Feytor Pinto apontou falhas no documento do PS


Educação sexual nas escolas é uma urgência

O monsenhor Vítor Feytor Pinto defendeu que o projecto de Lei do PS sobre a educação sexual nas escolas deve inserir mais e melhor «os valores espirituais e afectivos» na educação da sexualidade e não deve usar a terminologia de «aulas de educação sexual», já que se trata de um problema «transversal». O coordenador nacional da Pastoral da Saúde falava, nos Serviços Centrais da Arquidiocese, no IV Fórum Interdisciplinar de Professores, promovido pela Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga em colaboração com a Vigararia para a Cultura e Diálogo.
Apesar de alguns pontos em desacordo, Feytor Pinto reconheceu que o documento do PS contém «elementos positivos» e, principalmente, que a educação sexual é uma urgência. «Não podemos incumbir à família essa missão porque a maior parte delas não está preparada para isso», afirmou ao Diário do Minho, à margem do encontro .
«Se nas famílias mais evoluídas eu até poderia responsabilizar os pais pela educação sexual dos filhos, na generalidade dos lares portugueses isso não se pode exigir porque não pensam nem se preocupam com nisso».
É por esta razão, que o coordenador nacional da Pastoral da Saúde entende que «a escola tem de estabelecer uma linha de complementaridade com a família». Todavia, a dificuldade está no facto de encontrar a melhor forma para a fazer.
O responsável considera que «os professores que até têm capacidade para dar uma instrução biológica e fisiológica, não terão a mesma capacidade para introduzir os valores de referência que levam a criança, o adolescente e o jovem a saber quando dizer sim ou quando dizer não, em ordem à actividade».
E porque o documento da bancada socialista fala em aulas de educação sexual também isto levanta problemas e gera em Feytor Pinto algum descontentamento e mal-estar. «A sexualidade é um assunto transversal, que não tem a ver com aulas e que deve incluir os seus muitos intervenientes». E defende: «o que não podemos fazer é deixar que cresça uma sociedade e um grupo etário de crianças e adolescentes sem o elemento de uma educação profunda nesta área da vida humana».
O IV Fórum Interdisciplinar de Professores reflectiu sobre “O que diz a Igreja sobre a sexualidade” e o coordenador nacional da Pastoral da Saúde começou por defender que «a sexualidade não é um tema delicado, mas fundamental, porque o valor máximo que o ser humano tem é o da sua sexualidade». Além disso, é através desta que o ser humano se torna cooperador da acção criadora de Deus.
Para o monsenhor Feytor Pinto, «as pessoas têm-se limitado a passar de modo muito superficial sobre esta realidade tão importante», sendo «urgente falar e debater as questões ligadas à educação da sexualidade humana».
Neste ponto, torna-se igualmente fundamental olhar para os problemas fracturantes que vêm anexados à questão da sexualidade.
O orador desenvolveu particularmente quatro: homossexualidade, prevenção da sida, planeamento familiar e, finalmente, educação sexual.
Face à actual definição de sexualidade marcadamente vista como exercício sexual, Feytor Pinto contrapôs o «pensamento brilhante de João Paulo II», particularmente expresso na Familiaris Consortio, onde define a sexualidade como um «dinamismo integrante e integral, que atinge a vida toda do homem (corpo, alma e sentimento), desde a concepção até à morte, e leva o ser humano à doação total de si num grande projecto de vida».

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