26 de dezembro de 2008

Multiplicar esforços conjuntos

Não chocarei ninguém se disser que o trabalho ao nível da assistência social esteve, está e continua a estar maioritariamente concentrado nas mãos da Igreja. Por si mesmo, isto não pode comportar da parte do Estado – como garante do bem comum – um alheamento dos problemas sociais que afligem as pessoas.
É, por isso, imperativo, nos tempos que correm, Igreja e Estado encontrarem sempre formas novas de buscar uma resposta social mais pertinente e mais pró-activa. Considero indiscutível que não basta matar a fome por um dia a um pobre ou necessitado, mas é preciso atacar a situação.
Sei que é fundamental o trabalho primário que se faz ao nível do “dar de comer a quem tem fome”, mas acho que não chega. É preciso ir mais longe, mais fundo, às causas, às raízes. E, é por isso que considero prioritário um esforço de sintonia, de sinergia, de dar as mãos para atacar os verdadeiros problemas que vão “matando” aos poucos tantos portugueses.
Foi notícia há poucos dias o encontro do Arcebispo de Braga e do governador civil onde se manifestou sintonia de ambas as partes na resolução de problemas sociais na Região, que apesar do quadro negro, ainda se descortinam luzes de esperança ao fundo do túnel.
Mas, não consigo perceber o porquê de uma multiplicação de estruturas e plataformas que, bem vistas as coisas, andam em prossecução dos mesmos objectivos.
Falo do facto de, recentemente, ter surgido em Braga uma plataforma composta por instituições para a qual a Igreja não foi convidada, mas falo também do facto de a Igreja ter anunciado a criação de uma plataforma social para 2009.
Falo do facto de ser cada vez mais urgente um trabalho em rede, em colaboração e parceria, com cruzamentos de informações. E parece-me que isso não acontece como deveria.
Claro que muitos pobres e sem-abrigo agradecem o facto de poderem comer várias refeições durante o mesmo dia, mas tenho a certeza que desta forma estaremos a perpetuar um problema que precisa de ser atacado na raiz.
A minha modesta sugestão: em vez de se multiplicar esforços individuais, multipliquemos esforços conjuntos, de comunhão, na tentativa de buscar sempre um mundo melhor e mais justo.

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