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26 de setembro de 2009

Habemus Papam!



A alegria resultante do anúncio oficial da visita de Bento XVI a Portugal foi “ensombrada” por um lapso aparente e por falta de comunicação institucional. Bento XVI visita Portugal em Maio de 2010 e, ao contrário do que é habitual, o anúncio foi feito primeiro pela Presidência da República e só depois “confirmado” pela Conferência Episcopal.
Claro que este pequeno imbróglio, sem causar uma qualquer revolução ou guerra civil interna, não caiu bem, particularmente ao Episcopado português. Bom, e a Presidência da República logo se mexeu e “limpou o capote”, dizendo que tinha acertado com a Santa Sé o conteúdo e o momento para o anúncio da visita papal, que os Bispos preferiam apenas depois das eleições de amanhã.
A juntar a isto há ainda o facto de, aparentemente, passar a ideia de que o convite foi feito pelo Chefe de Estado português, relegando para segundo plano o convite repetido que os Bispos fizeram a Bento XVI.
Todavia para o Papa aceitar visitar um qualquer país precisa de dois convites oficiais: um do Estado (Presidente da República) e outro da Igreja (Episcopado). Claro que quer os Bispos quer Cavaco Silva convidaram Bento XVI.
Mas a “deselegância” como lhe chamou Aura Miguel, de Cavaco chega ao ponto de dizer Bento XVI vem a Portugal “em resposta ao convite que lhe foi endereçado pelo Presidente da República”. Não diz verdade toda, revelando falta de elegância com a Igreja de Portugal.
A moral da história é que uma notícia jubilosa e feliz para um país marcadamente católico, que manifesta uma fervorosa admiração pelo Santo Padre, esquece-se por “ninharias” de anúncios e de gabinetes de comunicação ou falta dele.
Claro que eu, como cristão, ficaria mais feliz se o anúncio fosse conjunto ou então até, em primeiro, pela Igreja. Mas não foi. Agora há que “acertar agulhas”. Começará a fase da preparação da visita que se espera refrescante e revitalizante para a Igreja Portuguesa e para uma sociedade cada vez mais secularizada.
Fico extremamente feliz com a vinda de Bento XVI que, com a excelência do seu pensamento, a eficácia das suas palavras, o afecto dos gestos e a ternura do olhar – não duvido – cativará ainda mais Portugal e os portugueses.

10 de setembro de 2009

Recordes dos centros comerciais

Portugal é um país que dadas as suas dimensões não está muito habituado a bater recordes. Isto em todos os sectores da vida social, política, económica e até desportiva e muito mais, no que diz respeito ao volume de investimento em novas áreas comerciais, que aparece como um recorde português dos últimos tempos.
Segundo um estudo da consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W), em 2008, Portugal foi o quinto país da Europa a inaugurar maior volume de áreas comerciais.
O Diário de Notícias, pela “pena” de Hélder Robalo, apresentava, na sua edição de ontem, um Portugal ao nível dos grandes países europeus no que concerne à construção ou ampliação de grandes superfícies comerciais. O mesmo estudo prevê que até 2010 sejam construídos ou ampliados mais oito conjuntos comerciais.
O trabalho publicado no DN não refere, todavia, Braga (esse foi o meu espanto!), presumindo-se que as aventureiras construções na “Cidade dos Arcebispos” a este nível não figuram nesse mesmo estudo.
Merecem apontamento na peça jornalística o novo Espaço Guimarães e o Nassica Vila do Conde como as grandes superfícies a concluir. Mas, nem uma linha sobre Dolce Vita, Espaço Braga, Retail Park, Eleclerc, Braga Parque, tudo construções ou ampliações recentes de espaços comerciais localizados em Braga.
Percebi depois uma referência a “cidades de segunda linha”, nas quais continuará a ser feito este investimento, porque as “grandes” Lisboa e Porto estão saturadas.
Não duvido que se Portugal bate recordes a este nível, Braga tem um quota parte de responsabilidade. E é só olhar a quantidade de espaços comerciais da cidade.
Com isto não estou nem quero defender a construção de novas áreas comerciais, mas mostro o meu estupor pelo facto de Braga não ser citada ao nível do investimento em áreas comerciais.
Percebo que estes novos espaços dão emprego ou trabalho a muita gente. Porém, há algo que me preocupa e que o citado estudo vai apontando e que tem a ver com um certo resfriamento no investimento comercial já a partir de 2010. Quantos postos de trabalho ficam postos em risco? Não há dúvida que o sector está em crise e as coisas não vão para melhor.

14 de agosto de 2009

É de louvar, mas...

Nestes últimos dias contactei com duas iniciativas protagonizadas por jovens que, em meu entender, são de louvar. E porque esta rubrica é de opinião, aproveito.
Falo, em primeiro lugar, do CABing 2009 que juntou mais de três dezenas de jovens, durante dez dias num “paraíso perdido”, junto às margens do Rio Homem, em Amares.
Promovido pelo Centro Académico de Braga este acampamento destina-se a universitários que aceitem o desafio de viver dez dias em desprendimento, contactando com a natureza, procurando crescer no auto-conhecimento, incentivando a inter-relação e, de alguma forma, buscar Deus.
Esta é uma iniciativa de louvar, mas no local contactei também com uma realidade que, a ser verdade, é grave e merece mão pesada das autoridades. Ao que parece as águas do Homem surgem em alguns dias «mais carregadas» e «com mais espuma», suspeitando-se, por isso, de descargas ilegais. É preciso estar atento para evitar a destruição de um pequeno “paraíso perdido” aqui tão perto.
Sublinho também uma iniciativa que decorreu na Casa de Saúde do Bom Jesus (hoje é notícia no DM), na qual um grupo de jovens passou uma semana a conviver com a doença mental.
Foi uma agradável surpresa ver rapazes e raparigas tirarem uma semana das férias e a trocá-la por uma iniciativa de carácter solidário. O contacto com os doentes mentais serviu-lhes, como disseram, «para perceber que são pessoas carinhosas», «não violentas» que apenas querem atenção e alguém para falar.
É de louvar esta iniciativa, mas é pena que seja feita por poucas pessoas. O contacto com a realidade da doença mental serve para acabar com os preconceitos «disparatados» como os definiram os jovens, em relação a estas patologias.
Não posso terminar sem louvar a iniciativa do novo treinador do Braga que quer colocar a fasquia alta (nem que para isso seja necessário recorrer a uma troca de palavras com Jorge Jesus, acusando-o de ter feito pouco com a equipa que tinha na cidade dos Arcebispos).
Todavia, quando se critica alguém há pelo menos um perigo: o de não conseguir fazer nem aquilo que os antecessores fizeram... E aí não se sabe até onde chega a Paciência!

29 de julho de 2009

Pressa inimiga da perfeição

Desde muito cedo que me fui habituando a ouvir que a pressa é inimiga da perfeição. Penso que é mais ou menos aceite este aforismo que incentiva à ponderação e à consciencialização. Pretendo hoje explanar dois exemplos em que esta afirmação cai que nem uma luva.
Primeiro: É um assunto triste, mas deve-se falar dele. Tem a ver com as mortes na estrada.
O tempo estival é, por norma e infelizmente, um período profícuo a acidentes de viação. Destes, igualmente de lamentar, resultam sempre muitas mortes, ou feridos graves e ligeiros, assim como, danos materiais.
Claro que se quisermos ir à raiz da questão temos de perceber que com o regresso de tantos e tantos portugueses que estão a trabalhar no estrangeiro o número de viaturas em circulação aumenta desmesuradamente.
Todavia, todos sabemos também que as principais causas dos acidentes ocorridos em Portugal são outras, como o álcool, as manobras arriscadas, o excesso de velocidade... e podíamos continuar a lista se achássemos que não estava dito o essencial – a pressa é inimiga da perfeição.
Mortes na estrada podem evitar-se com mais civismo, mais atenção, mais cuidado e, acima de tudo, (penso eu!) com mais educação e com mais calma que leva à perfeição.
Segundo: Também é um assunto triste e que deve ser falado. As pretensas inaugurações antes sequer das obras estarem terminadas! Bom e neste aspecto teríamos concretamente em Braga vários casos a apresentar, uma vez que estamos em tempo de campanhas eleitorais.
Olho apenas para a “fachada” do Instituto Ibérico de Nanotecnologia. Saber que toda aquela operação faustosa e enganadora serviu para uns quantos “tipos” de Portugal e Espanha se juntarem para apertar as mãos e para sorrirem para a foto (espero que não seja para o cartaz eleitoral!) só me causa indignação e revolta. E falta saber – como escreveu o Daniel Lourenço há uns dias – quanto custou aquilo?
Também aqui a pressa da inauguração do edifício que servirá para a investigação é inimiga da perfeição. É como se começasse mal logo à nascença.
Por isso, meus amigos, vamos com calma para sermos perfeitos!

2 de julho de 2009

Crónica de um mau atendimento!

No passado sábado estive na Eucaristia das 18h00, na igreja de S. Vicente, em Braga, por ser o sétimo dia de falecimento de um amigo. Apesar do calor, que levou algumas pessoas a abandonarem o espaço celebrativo (pense-se em alguma solução para isto!), a missa decorreu sem problemas.
O pior estava para vir. No momento em que venho a chegar ao adro, deparo-me com um senhor de meia idade que estava a ter – o que me pareceu ser – um acidente cardiovascular.
Bom, não consigo descrever aqui os minutos seguintes dada a intensidade, a emotividade e a agitação que tomou conta daquele lugar. É, de alguma forma, perceptível a atitude de preocupação dos familiares, mas nestas situações não ajuda em nada a pessoa que está a ser vítima do ataque.
É nesta altura que começa um “corridinho” de pessoas a ligar para as emergências. O ridículo é que do outro lado da linha estaria alguém, se calhar até muito simpático(a), a atender e a fazer um inquérito pormenorizado sobre a situação. Mais pergunta, mais resposta e já o senhor estava deitado no chão há mais de três ou quatro minutos.
Cerca de 15 minutos depois do incidente lá chegou uma ambulância com dois bombeiros. Mas, equipa médica do INEM nem vê-la.
Por acaso quando chegaram já o senhor estava mais ou menos estabilizado porque no local e, de alguma forma, superior aos gritos, ao rebuliço e à confusão estava uma estudante de enfermagem. A jovem bracarense – familiar do meu amigo falecido – tentou e lá conseguiu amainar a situação e estabilizar a vítima.
Mas, pergunto-me: E se não tivesse conseguido? E se o senhor não recuperasse? O que iriam fazer os dois bombeiros naquela situação? Onde andava o veículo de emergência médica e reabilitação?
Também não percebo como dos Bombeiros de Braga até à igreja de S. Vicente se demora tanto tempo. Das quatro uma: ou não havia ambulância disponível; ou havia ambulância e não havia pessoal para a guiar; ou as ruas de Braga são tão confusas e “entupidas” que as ambulâncias vêem-se “à nora” para passar; ou – infelizmente às vezes parece que é assim – andamos a brincar com coisas sérias.

23 de junho de 2009

À falta de melhor, Paciência!

Este é o meu segundo “deste lado” que dedico ao tema sempre muito discutível do futebol. Não que tenha grandes revelações a fazer ou opiniões importantes a dar. Apenas quero traçar um breve comentário sobre a actual conjectura futebolística nacional.
Primeiro: Destaco a “guerra” no Vitória de Guimarães para relembrar que nenhum reino dividido contra si mesmo poderá subsistir. Não consigo perceber como no Vitória acontecem tantos episódios destes. É difícil um treinador sair a bem de Guimarães...
Segundo: Afinal Cissokho é bom para o Porto, mas não suficientemente bom para o Milan, ainda que o problema seja a dentição. Mas podia ser outro qualquer, até mesmo o não ter qualidade para jogar num “gigante europeu”.
Terceiro: Agrada-me a postura dos responsáveis do Sporting. Dos “três grandes”, aparenta ser o clube mais sereno, mesmo depois de um processo eleitoral que escolheu um novo presidente. Todavia, preocupa-me a contratação do “10”. Já tantos passaram ao lado no Sporting que nem sei que pensar... Espero para ver.
Quarto: Depois da “novela” Quique Flores/Jorge Jesus surge agora outra: as eleições para a presidência do SLB. Pergunto-me se não deveria ser o contrário: escolher o presidente e depois o escolhido pensar, com a restante direcção, no treinador. A não ser que antecipadamente Vieira seja já e de novo o presidente. No Benfica as coisas funcionam ao contrário...
Último – não por ser menos importante, mas por ser mais recente na ordem do dia – O Braga meteu-se (se calhar sem querer, não sei) na novela do Benfica. Agora, depois de Jesus – como tanto queria – ir “pregar” para a Luz, o Braga lá arranjou treinador. Fiquei animado quando ouvi falar de Nelo Vingada e também de Quique, mesmo sabendo que este seria muito difícil. Bom, assim sendo, é caso para dizer: À falta de melhor, Paciência!
Espero que Domingos consiga cumprir o contrato e os objectivos traçados – tarefa difícil porque António Salvador está a apertar os cordões à bolsa. No entanto, se não conseguir, paciência!



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Pena que o Guimarães tenha despedido o Cajuda. O Manuel voltou a morrer pela boca...

infelizmente

só felizmente se vier o Quique.

Mas pode vir a ser Nolo Vingada...


guerras entre os clubes do Minho!...

28 de maio de 2009

Somos um bando de anjinhos!

Já não é a primeira vez, nem será a última com certeza, que chego à conclusão que somos um bando de anjinhos! Por norma, esta nossa “virtude” revela-se mais vivaça em contactos com estrangeiros. Explico: o que é que fomos (claro que não fomos nós em sentido literal) quando o Tribunal da Relação de Guimarães decide a “entrega imediata” da menina Alexandra à mãe biológica russa? Pois, desta forma, não me ocorre outra expressão melhor que “anjinhos”!
Que me desculpe a senhora Natália Zarubina, que tenho ouvido falar nestes últimos dias e muito, mas as acusações que faz à família Pinheiro, casal que teve ao seu cuidado a menina Alexandra, entre os 17 meses e os seis anos, são graves e nada aconselhadas a uma “mãe”!
É que essa senhora, mãe biológica, nem a virtude da gratidão consegue manifestar a quem lhe criou e educou a filha. Eles, a família Pinheiro foram pais da Alexandra, foram e são ainda porque amaram e amam a menina. O mesmo não sei se se poderá dizer da senhora Zarubina. Aliás, nestes anos em que a Alexandra esteve com a família Pinheiro onde andou Natália?
Só espero que essas acusações graves, repito, que lançou sobre o casal português não façam parte de um qualquer plano maquiavélico!
Esta nova e triste “novela” (depois de outras como Madeline e Esmeralda) vem demonstrar uma vez mais o quão anjinhos somos todos nós! Parecemos mesmo um país de “anjolas”!
É inadmissível que se tenha dado a guarda da criança à mãe biológica e se esteja agora a verificar, poucos dias depois disso, a ausência de condições desta para ter a menina. Não houve aqui um tempo de transição porquê?
E mais: a verificar-se a ausência de condições é muito improvável que a Alexandra não possa de novo estar com a família afectiva portuguesa porque a lei russa inviabiliza a entrega de crianças a estrangeiros, excepto quando não existem candidatos russos à sua adopção.
Moralidade: a justiça portuguesa não soube acautelar um eventual desenvolvimento negativo da relação entre a criança e a mãe porque qualquer contacto entre a menina e o casal português só acontecerá por boa vontade das autoridades russas ou de quem tiver a sua tutela, seja quem for.
Uma vergonha!

6 de maio de 2009

Voluntários precisam-se!



Apraz-me registar com muita alegria e satisfação a realização da V Semana de Fé e Cultura, uma iniciativa que se realiza em benefício da população do Estabelecimento Prisional de Braga. Durante esta semana são várias as actividades programadas que pretendem ajudar a “rasgar horizontes”.
Ressalvo esta iniciativa porque, em tempos de estudante universitário, também estive ligado à sua organização, inserido na Pastoral Prisional de Braga, como seminarista. Também eu tive oportunidade de labutar com outros companheiros para conseguirmos trazer à prisão de Braga, ou fora dela, pessoas que, pelo seu mérito de vida, fossem exemplo e testemunho para os presos.
Lembro as canseiras e as dificuldades sentidas do dia-a-dia, das visitas à cadeia, dos cursos, formações, palestras, encontros e toda uma panóplia de actividades que preparávamos, apenas a pensar no bem que podiam fazer aos reclusos.
No meio disto, havia um excelente grupo – numeroso e bom – de voluntários e voluntárias que se empenhava nesta missão.
A Pastoral Prisional de Braga tinha, nesse tempo, (como hoje, com certeza!) excelentes relações com a direcção, os guardas, com o grupo de professores da Escola EB2, 3 André Soares, com a capelania, o Seminário Conciliar e a Arquidiocese...
Claro que todos estes intervenientes percebiam que a Pastoral Prisional realizava uma trabalho pertinente e até mesmo necessário. Não eram apenas visitas, quer a reclusos, quer a muitas das suas famílias, nem eram só orações e missas: era formação, partilha de conhecimentos e de competências, era educação, era, acima de tudo, preparação para uma reinserção social, a todos os níveis.
Por isso, alegro-me conhecer hoje pessoas (e conheço casos) que encontrei na prisão e que seguiram com as vidas em frente e hoje estão inseridas na sociedade.
Faço votos para que esta semana cumpra todos os seus objectivos.
Mas reforço a ideia: era bom ver de novo um grande grupo de voluntários na prisão de Braga, para bem dos reclusos. Voluntários precisam-se!

17 de abril de 2009

Há tradições e Tradição!

Há tradições, sejam religiosas ou não, que por muito que tentemos não lhe encontramos sentido. Outras há em que se vê e se sente uma finalidade, um objectivo e que, por isso, são Tradição.
Neste tempo, propenso à celebração da Tradição, com devoções de Quaresma, Semana Santa e Páscoa, é habitual assistirmos a uma infinidade de tradições para se celebrar a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Cristo.
Queria hoje, neste espaço de opinião pessoal, ressalvar as seculares festas pascais da Cónega (Rua da Boavista), em Braga. E faço-o como conhecedor interno, como participante, pelo segundo ano consecutivo, no seu compasso pascal.
Para além do carácter festivo, o sentido último das comemorações na Cónega está bem definido, quer pela comissão organizadora, quer pela família que assume o papel de mordoma, quer pelas pessoas (cada vez menos, é verdade!) que moram na rua, quer por todas as que se deslocam até lá, na Segunda-feira de Páscoa, provenientes de diversos pontos da cidade e do distrito.
Percebe-se que o anúncio de Cristo ressuscitado é o que move as pessoas. Sente-se isso na alegria com que as pessoas anunciam ou recebem o anúncio. Há ali verdadeira festa pascal. Há fé na ressurreição de Cristo, da qual, pelo Baptismo, somos herdeiros.
Apesar da desertificação cada vez maior na Cónega, os “filhos” da rua conservam, ininterruptamente, esta tradição pascal. Muitos regressam às origens, às casas onde nasceram, para receber Cristo ressuscitado.
Há ali também um salutar bairrismo. É salutar porque não é cego, é respeitador e não é superior. O bairrismo está em função do anúncio de Cristo e não o contrário, como tantas vezes acontece.
Assim, na minha opinião, há tradições que, para além de pouco terem de Tradição, se lhe deve pôr um ponto final. Há outras, como esta, que merecem ser valorizadas, mantidas, conservadas e enriquecidas.
Parabéns aos moradores da Cónega pelo belíssimo testemunho de fé e pelo saudável bairrismo que caracteriza as gentes daquela centenária rua de Braga.

30 de março de 2009

Preservativo: sim, não ou talvez?

Rios de tinta têm corrido nos últimos dias por causa das declarações proferidas em pleno voo a caminho dos Camarões por Bento XVI, em relação ao uso do preservativo e à Sida.
Devo confessar que aquilo que me causa mais estupefacção no meio de tudo é a falange de oponentes que depressa se formou e armou “de espadas e varapaus” para pedir a cabeça do Papa numa bandeja. Como se aquilo que ele disse não estivesse consagrado no pensamento e no Magistério eclesial.
Petições para que se retracte, ataques ferozes e exaltados, acusações múltiplas e outras tantas “barbaridades” se têm visto e ouvido sobre aquele episódio circunstancial de uma viagem que tinha tudo para ser histórica e carregada de esperança. Não que não tenha sido, claro! O Papa levou alento aos dois países visitados e de certa forma a todo o continente africano. Mas falar-se da viagem apenas por causa deste episódio é, no mínimo dos mínimos, muito redutor.
Revistas internacionais vêm acusar o Papa de distorcer provas científicas para afirmar a sua “tese”. Do mesmo modo, vários investigadores e estudiosos vêm defender publicamente o Pontífice com estudos que confirmam as declarações.
Afinal, em que ficamos? Claro que uns vão continuar a dizer “Sim! O preservativo previne a transmissão do HIV”. E outros vamos dizer “Isso não é a aposta certa. É preciso apostar na educação da sexualidade!”.
É na liberdade que cada um fará a opção. O Santo Padre e a Igreja continuaremos a defender a humanização da sexualidade – mesmo que alguns possam ter opiniões tolerantes em relação ao uso do preservativo – e uma grande franja da população mundial – a maior não duvido – vai mandar-nos “às favas” e continuará a pedir mais abertura...
Em relação ao Papa, dá a impressão que estamos diante de um grande julgamento mundial onde cada uma das partes vai apresentar provas para sair vencedor. Parece que diante do mundo está o homem – “Ecce Homo” – e é preciso gritar “Crucifica-o” ou “Liberta-o”. (Até parece que já vi este filme!).
E também não duvido do desfecho. Como outrora, ficaremos a “perder” e até seremos “crucificados”. Mas, nesse momento, venceremos!

15 de março de 2009

Políticos e fraldas

Perante um cenário generalizado de falsidade, hipocrisia e mentira, em alguns casos de corrupção, que Portugal vai vivendo e vendo todos os dias ao nível da política, parece-me pertinente recordar e recuperar o sábio axioma de Eça de Queirós: «Os políticos são como as fraldas: têm de ser mudados frequentemente pelos mesmos motivos».
Com ar de verdade de “La Palice”, é frequentemente esquecida, não colocada em actos, nem cumprida no dia-a-dia.
Podíamos, a este respeito, evocar aqui muitos casos a nível nacional, mas bastar-nos-á alguns casos mais contextualizados.
Mesquita Machado, em Braga; António Magalhães, em Guimarães; Joaquim Barreto, em Cabeceiras de Basto, Mota e Silva, em Celorico de Basto; Fernando Reis, em Barcelos, Rui Solheiro, em Melgaço, Defensor Moura, em Viana do Castelo; Daniel Campelo, em Ponte de Lima; José Ribeiro, em Fafe; Mário Almeida, em Vila do Conde; José Manuel Carpinteira, em Vila Nova de Cerveira...
Estes “dinossauros” da política regional autárquica estão há vários mandatos a governar no Minho português.
Por isso, para que as actividades destes “ilustres” presidentes não dêem naquilo que resta para as fraldas dos bebés depois da digestão, é necessário uma política preventiva. Esta pode ter duas formas: primeiro, que os mesmos “ilustres” se dêem conta disso e se antecipem ou, então, que o Povo os ajude a dar conta da imundície.
Sabendo que a verdade queirosiana ainda perdura, convém que os eleitores digam a palavra importante que têm em todo este processo.
Se um qualquer desses candidatos teima em “empoleirar-se” – apesar de, com a obra feita, ir contribuindo para aumentar a carga das empresas que trabalham ao nível do saneamento e esgotos –, convém que o Povo recorde outra verdade: em democracia, o Povo é quem mais ordena!
Não duvido que, para bem de muitos, seja necessário “desempoleirar” alguns políticos.
E voltando à analogia inicial, recordemos que os bebés não escolhem se querem estar com fralda ou sem ela. Assim, também os políticos não se auto-elegem. Precisam de votos. Daí que, se é necessário os pais mudarem as fraldas aos filhos recém-nascidos, também é necessário os eleitores mudarem alguns políticos.
Se assim for, não se correrá o risco de o “cheiro” se tornar insuportável.

17 de fevereiro de 2009

Esperança na mudança!

Está anunciado que o Papa Bento XVI quer visitar Portugal num futuro próximo, mas sem datas marcadas. A informação foi avançada pelo Núncio Apostólico D. Rino Passigato que falava dos temas abordados com o Papa na audiência que teve antes de vir para Portugal, como diplomata da Santa Sé.
Como cristão, este anúncio enche-me de grande alegria e contentamento; como português, enche-me de esperança numa mudança global e integral na sociedade portuguesa.
Todos se recordam que Bento XVI visitou os Estados Unidos da América no mês de Abril do ano passado. Com a visita papal, aconteceu uma viragem a nível político, que levou Obama para a Casa Branca. Não coloco estes acontecimentos numa relação de causa-efeito, contudo é assinalável.
Espero sinceramente que a mudança possa acontecer também em Portugal, já que ela é precisa. E não falo apenas em mudar o nosso “primeiro”, já que a mudança deve ser mais profunda, uma autêntica conversão.
Sabemos todos que somos um país católico – pelo menos dito assim. Estamos a atravessar muitas crises – e não só a crise económica – entre elas, uma crise de identidade religiosa. É neste sentido que me parece que esta visita, além de ser um sinal eloquente da solicitude do Papa em relação às Igrejas (como Paulo), pode trazer algo novo.
Sei que não foi Bento XVI, pelo menos directamente, nos EUA que mobilizou a mudança. Mas também penso que as coisas se podem compenetrar e que a presença do Sumo Pontífice arrasta consigo uma torrente de força ao nível da mudança de vida, das questões sociais, políticas, económicas (e podia aqui continuar até dizer o que se diz habitualmente “construindo um mundo melhor, mais fraterno, justo e solidário”).
Espero que a força da palavra de Bento XVI (sabemos que é a Palavra de Deus) e da sua mensagem (que é anúncio da vitória de Cristo) ajude Portugal a mudar.
Não precisamos – ainda que não crie problema algum – de ter um candidato negro às legislativas deste ano. Precisamos é de sentir a urgência da mudança – a todos os níveis – e que os portugueses saibam pugnar no sentido de a alcançar.
Eu tenho esperança na mudança!

29 de janeiro de 2009

Bastará o respeito mútuo?

O tema da relação entre fé e razão, entre teologia e ciência é, desde há muito tempo, um tema controverso, discutido e sempre em aberto. Ouvi, anteontem, um investigador da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil) defender que, na actualidade, têm sido dados mais passos de convergência pela ciência do que pela teologia, subentendendo aí uma crítica à Igreja por dar poucos sinais de abertura em relação às descobertas científicas da actualidade.
Recorde-se o que é sabido de todos: esta questão motivou durante a história da humanidade posições fundamentalistas e mesmo ultra-fundamentalistas de parte-a-parte, levando em muitos casos a condenações, excomunhões, para não dizer violências e guerras.
Trazemos à memória aquilo que o saudoso Papa João Paulo II defendeu na sua penúltima encíclica, Fides et Ratio, uma verdadeira profecia de comunhão e aproximação entre a Teologia e a Ciência, que ainda não é objecto da devida concretização pelo menos por parte de muitos teólogos. Dizia o Papa: «a verdadeira fé não se reduz a um sentimento subjectivo, mas precisa de bases racionais e de uma certa objectividade, corroborada pelas ciências humanas».
Ora, é bem verdade que vão surgindo passos convergentes que buscam essa comunhão e nem é necessário apontá-los. Contudo, parece que nesta luta, como noutras, ninguém dá o braço a torcer. As questões ficam pela base do respeito mútuo – o que de si é importante. Mas bastará o respeito mútuo?
Esta questão aliada ao diálogo traz-me à lembrança a recente celebração da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Esta iniciativa centenária visa que aqueles que seguem Cristo peçam e busquem, de maneira sempre mais aprofundada, o dom da unidade.
Também nestas questões de ecumenismo e, mais alargado, de diálogo inter-religioso se fala, em primeiro lugar, no respeito mútuo. Mas a minha dúvida reside no facto de saber se basta isso. Não serão precisas mudanças ao nível doutrinal, disciplinar e mesmo cultual e celebrativo?
Não duvido da radical radicalidade de Cristo e atendendo ao seu pedido («Que todos sejam um!»), questiono-me se estamos no caminho certo, se fazemos o que basta e se respeitamos fielmente o testamento deixado.

2 de janeiro de 2009

2009 – trazer para a vida O que acredito!


Arrancou com um renovar de votos, esperanças e crenças no progresso e na evolução da Humanidade e acaba com a evidência de que não vivemos no mundo ideal. O ano de 2008 terminou como cenário de um palco internacional cada vez mais incerto, marcado pelos efeitos devastadores da crise.
No entanto, esta actual crise não radica apenas na alteração do quadro de referência das relações internacionais pós muro de Berlim e 11 de Setembro, nem só na falta de liquidez dos mercados.
O sistema capitalista, como estrutura económico-financeira base de uma sociedade organizada por indivíduos autónomos, requer que cada qual possa ser diferente mas tratado como igual. Para tal, a defesa destes valores (da diferença e da igualdade) cultiva-se à medida que os mesmos reclamam protagonismo no espaço público. Contudo, a dificuldade que o indivíduo tem em aplicar os seus valores na praça pública afigura-se como causa para o mesmo se sentir desajustado da sociedade e alienado da cidadania.
É sabido que, uma vez perdidas as convicções e crenças mais profundas de uma cultura, torna-se difícil enfrentar os desafios temporais sem se deslocar para tradicionais “ismos”, enquanto sintomas de uma sociedade intelectualmente confusa e frágil.
Por isso, um dos desafios para este 2009, passa por recolocar os valores e as convicções de cada indivíduo no devido lugar, não reclamando primazias nem favorecimentos públicos, mas expressando aquilo que constitui a sua génese: um conjunto de princípios que salientam a dignidade do Humano, enquanto sujeito passível de direitos e deveres.
Quanto a nós, cristãos católicos, afigura-se imprescindível que saibamos aplicar os valores do Cristianismo no quotidiano, trazendo para a vida O que acreditamos.
Se o conseguirmos, este ano não trará a solução de todos os problemas, mas visitará a nossa fé para percebermos o protagonismo que queremos conferir aos valores em que cremos.
Isto é que é tornar a Revelação actual para cada geração – como diz o teólogo Hans Urs von Balthasar – na certeza de, em tempos de crise, sabermos “dar a César o que é de César e a Deus o que é Deus”.
Assim será possível desejar desde já um bom 2010, pois sobreviremos a este 2009.

26 de dezembro de 2008

Multiplicar esforços conjuntos

Não chocarei ninguém se disser que o trabalho ao nível da assistência social esteve, está e continua a estar maioritariamente concentrado nas mãos da Igreja. Por si mesmo, isto não pode comportar da parte do Estado – como garante do bem comum – um alheamento dos problemas sociais que afligem as pessoas.
É, por isso, imperativo, nos tempos que correm, Igreja e Estado encontrarem sempre formas novas de buscar uma resposta social mais pertinente e mais pró-activa. Considero indiscutível que não basta matar a fome por um dia a um pobre ou necessitado, mas é preciso atacar a situação.
Sei que é fundamental o trabalho primário que se faz ao nível do “dar de comer a quem tem fome”, mas acho que não chega. É preciso ir mais longe, mais fundo, às causas, às raízes. E, é por isso que considero prioritário um esforço de sintonia, de sinergia, de dar as mãos para atacar os verdadeiros problemas que vão “matando” aos poucos tantos portugueses.
Foi notícia há poucos dias o encontro do Arcebispo de Braga e do governador civil onde se manifestou sintonia de ambas as partes na resolução de problemas sociais na Região, que apesar do quadro negro, ainda se descortinam luzes de esperança ao fundo do túnel.
Mas, não consigo perceber o porquê de uma multiplicação de estruturas e plataformas que, bem vistas as coisas, andam em prossecução dos mesmos objectivos.
Falo do facto de, recentemente, ter surgido em Braga uma plataforma composta por instituições para a qual a Igreja não foi convidada, mas falo também do facto de a Igreja ter anunciado a criação de uma plataforma social para 2009.
Falo do facto de ser cada vez mais urgente um trabalho em rede, em colaboração e parceria, com cruzamentos de informações. E parece-me que isso não acontece como deveria.
Claro que muitos pobres e sem-abrigo agradecem o facto de poderem comer várias refeições durante o mesmo dia, mas tenho a certeza que desta forma estaremos a perpetuar um problema que precisa de ser atacado na raiz.
A minha modesta sugestão: em vez de se multiplicar esforços individuais, multipliquemos esforços conjuntos, de comunhão, na tentativa de buscar sempre um mundo melhor e mais justo.

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...