6 de janeiro de 2009

Entrevista ao chefe nacional do CNE

Chefe Nacional tomou posse há um ano
Escutismo está empenhado
na educação pelo testemunho

Texto: José António Carneiro

Apesar de estar numa fase de renovação de metodologias e instrumentos, o Corpo Nacional de Escutas (CNE) está empenhado em manter a sua missão educativa por meio do exemplo e do testemunho, ressalvando os valores e a mística do movimento fundado há 100 anos por Baden Powell. Esta é a convicção do chefe nacional do movimento que completa hoje o primeiro aniversário da tomada de posse como dirigente máximo do CNE.
Em declarações ao Diário do Minho, Carlos Alberto Pereira fez um balanço do primeiro ano que esteve à frente do movimento e aproveitou para traçar e revelar desafios e projectos para 2009 e, ainda, para dar conta do «sonho» de ver todos os escuteiros portugueses a crescerem e a seguirem os bons exemplos, concretamente o de São Paulo, um dos grandes patronos do movimento, e do qual se está a celebrar 2000 anos do seu nascimento.
Mas a par deste, o escutismo não pode deixar na margem pessoas como Madre Teresa de Calcutá, João Paulo II e os Pastorinhos de Fátima que, nessa linha, estão a ser introduzidos na nova pedagogia, enriquecendo a mística do escutismo católico.
Fazendo um balanço positivo do primeiro ano como chefe nacional do CNE, Carlos Alberto Pereira falou, com pormenor, da Renovação da Acção Pedagógica (RAP) que está a ser experimentada em 120 agrupamentos a nível nacional e a correr dentro do previsto. «Esta é a mudança que pretendemos», disse, perseguindo-se um empenho e compromisso de actualização e renovação das metodologias e das propostas educativas do movimento escutista.
Todavia, o chefe nacional, que é natural de Braga, afirmou que esta mudança não vai alterar os valores e a mística do CNE, mas pretende actualizar e renovar as metodologias, as linguagens e as ofertas do movimento.
Este novo projecto de acção pedagógica reviu a mística e a simbologia definindo objectivos educativos para cada uma das secções e redesenhando o sistema de progressão dentro do movimento.
O RAP recentra a atenção no próprio jovem/adulto escuteiro. Em concreto, o sistema de progresso deixa de estar centrado em provas para se centrar em objectivos específicos que são, na prática, oportunidades educativas propostas pelos próprios escuteiros.
Este novo projecto, liderado pelo eleito chefe regional de Braga, Ivo Faria, dá a possibilidade de o jovem traçar os seus próprios objectivos com a finalidade de progredir. Além do mais, no antigo sistema o caminho já estava traçado e agora o escuteiro pode fazer o seu próprio caminho.
O grande objectivo do RAP é, acima de tudo, responsabilizar o jovem na sua própria educação.
Ainda em relação a esta fase de renovação dentro do CNE, Carlos Alberto Pereira salientou que para este ano o grande desafio é estender a todos os agrupamentos a nova acção pedagógica. De momento, está também a ser reescrita toda a literatura escutista.

Fátima vai ter centro escutista

Ainda para este ano, o dirigente disse que é necessário começar a preparar o próximo acampamento nacional que, apesar de ser realizar apenas daqui a três anos, requer desde já que se comece a perspectivá-lo uma vez que, para a sua realização «é necessário construir uma cidade para 10 mil jovens».
Falando ainda de desafios, o chefe nacional do CNE revelou que em Junho ou Julho próximo estará terminada a recuperação das instalações da antiga sede nacional. Além disso, em Fátima, os órgãos centrais do movimento vão lançar um centro escutista, que concentrará espaços de formação e reflexão.
Para Carlos Alberto Pereira o grande trabalho a continuar a perseguir é a criação de condições e instrumentos de educação destinados aos jovens, a fim de que no futuro possam sentir-se reconhecidos ao CNE pelo contributo salutar que este movimento deu para a sua formação humana e cristã.
Não se vangloriando do facto de liderar a considerada maior associação juvenil portuguesa, Carlos Alberto Pereira prefere destacar que o CNE é a «maior associação que se dedica à educação não formal dos jovens portugueses».
Atento aos tempos que correm e a alguns números actuais salientou um ligeiro crescimento do movimento em Portugal em oposição a uma tendência decrescente que se assiste na Europa em geral.
«Baden Powell teve a lucidez de criar uma associação simples, sem burocracias e na qual não se é preciso ser doutor para se ter um cargo directivo», afirmou o chefe nacional. Ao invés disso, é necessário ter «boa vontade» e atitude de serviço para se fazer parte do Escutismo, defendeu Carlos Alberto Pereira.


Braga é região mais pujante

A Região Escutista de Braga é a maior do país, tendo cerca de 17 mil escuteiros. Segundo o chefe nacional, ligado à sua terra natal que é Ferreiros (Braga), o escutismo na região está «pujante» e como sinal evidente disso mesmo regista o facto de ser a região que, para as estatísticas do CNE, mais contribui com caminheiros, ou seja, com escuteiros com idades compreendidas entre os 18 e os 22 anos.
Para este dirigente, o segredo do sucesso do movimento na cidade onde nasceu o Escutismo português assenta na «rotatividade dos corpos dirigentes» num sentido de renovação permanente permitindo «complementaridade» e «não confronto».

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