Há tradições, sejam religiosas ou não, que por muito que tentemos não lhe encontramos sentido. Outras há em que se vê e se sente uma finalidade, um objectivo e que, por isso, são Tradição.
Neste tempo, propenso à celebração da Tradição, com devoções de Quaresma, Semana Santa e Páscoa, é habitual assistirmos a uma infinidade de tradições para se celebrar a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Cristo.
Queria hoje, neste espaço de opinião pessoal, ressalvar as seculares festas pascais da Cónega (Rua da Boavista), em Braga. E faço-o como conhecedor interno, como participante, pelo segundo ano consecutivo, no seu compasso pascal.
Para além do carácter festivo, o sentido último das comemorações na Cónega está bem definido, quer pela comissão organizadora, quer pela família que assume o papel de mordoma, quer pelas pessoas (cada vez menos, é verdade!) que moram na rua, quer por todas as que se deslocam até lá, na Segunda-feira de Páscoa, provenientes de diversos pontos da cidade e do distrito.
Percebe-se que o anúncio de Cristo ressuscitado é o que move as pessoas. Sente-se isso na alegria com que as pessoas anunciam ou recebem o anúncio. Há ali verdadeira festa pascal. Há fé na ressurreição de Cristo, da qual, pelo Baptismo, somos herdeiros.
Apesar da desertificação cada vez maior na Cónega, os “filhos” da rua conservam, ininterruptamente, esta tradição pascal. Muitos regressam às origens, às casas onde nasceram, para receber Cristo ressuscitado.
Há ali também um salutar bairrismo. É salutar porque não é cego, é respeitador e não é superior. O bairrismo está em função do anúncio de Cristo e não o contrário, como tantas vezes acontece.
Assim, na minha opinião, há tradições que, para além de pouco terem de Tradição, se lhe deve pôr um ponto final. Há outras, como esta, que merecem ser valorizadas, mantidas, conservadas e enriquecidas.
Parabéns aos moradores da Cónega pelo belíssimo testemunho de fé e pelo saudável bairrismo que caracteriza as gentes daquela centenária rua de Braga.
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