Audiência com Sócrates apresenta preocupações do Vale do Ave e do Cávado
A Arquidiocese de Braga, a Associação Comercial de Braga, a Associação Industrial do Minho, a União de Sindicatos de Braga e a Universidade do Minho pretendem constituir, nas regiões do Vale do Ave e do Cávado, um fundo de emergência à empregabilidade e ao desenvolvimento empresarial.
No final de uma reunião que decorreu ao final da tarde de ontem, no Paço Arquiepiscopal de Braga, D. Jorge Ortiga disse que «este fundo deverá servir de apoio para criar o emprego e para o conservar, uma vez que as empresas devem ter a capacidade necessária para garantir a vida e a sustentabilidade às pessoas que vivem nesta região», disse.
Na presença dos restantes responsáveis das instituições, com excepção da UM que não esteve presente, o Arcebispo de Braga falou aos jornalistas e deu conta que esta será uma primeira medida, «com carácter de urgência», dado que a situação que a região atravessa é «grave» e, além disso, «tem tendência para se agravar».
O grupo formado pelas presidências das cinco entidades, está constituído há cerca de um mês «para reflectir sobre a situação que se vive nas regiões do Vale do Ave e Cávado», frisou o prelado.
No encontro de ontem, os responsáveis analisaram algumas considerações, que já estão em papel, e que darão origem a um documento para apresentar ao primeiro-ministro José Sócrates, numa audiência que vai ser pedida «nos próximos dias», como garantiu o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. «Fomos elencando um conjunto de medidas e soluções que analisaremos nos próximos dias e que levaremos ao Governo», afirmou.
Esse mesmo texto chegará às mãos de Fernando Moniz, Governador Civil de Braga, que, ao que tudo indica, poderá ser convidado para a próxima reunião de trabalho deste grupo. «A nossa intenção é testemunharmos uma preocupação por nós e pelas populações da nossa região», face ao momento crítico que atravessa, disse D. Jorge Ortiga, salientando que o grupo de trabalho constituído «não tem qualquer intuito político ou partidário».
Com a preocupação fundamental de dar um contributo para a superação da crise, os dirigentes bracarenses acreditam que a solução para o momento difícil que a região Norte atravessa, passa por dar as mãos. «Só de mãos dadas conseguiremos encontrar um caminho que dê resposta a tantas situações que se revestem de muita gravidade», defendeu o prelado.
Além disso, os cinco dirigentes entendem que «as medidas que o Governo tem apresentado poderão ser resposta» a muitos problemas, mas «surgem, no terreno, alguns entraves que impedem a sua concretização imediata».
Adão Mendes diz que é só fazer as contas
Mais 2200 desempregados
no final do mês de Maio
A principal preocupação manifestada pela ACB, pela AIMinho, pela USB, pela UM e pela Igreja de Braga assenta no facto de a taxa de desemprego na região estar acima dos 10 por cento (a nacional está pelos oito por cento) e com tendência para crescer aceleradamente nos próximos tempos.
O coordenador da USB não tem a menor dúvida de que, no final do mês de Maio, Braga registará mais 2100 ou 2200 desempregados em relação ao número de Abril. «Neste momento, estamos em condições de dizer que no fim de Maio vamos ter cerca de 2100 ou 2200 desempregados a mais do que aquilo que tínhamos antes deste mês», afirmou.
Para o sindicalista, esta estimativa faz-se com os dados das empresas que a USB tem acesso e não tem só a ver com a questão das falências. «Há muitas empresas que estão a reduzir o número de efectivos e algumas estão a fazê-lo em grandes dimensões», afirmou Adão Mendes, destacando que «grandes empresas vão mandar para o desemprego cerca de 300 trabalhadores».
Nesse sentido, o coordenador da USB referiu que esta crescente taxa de desemprego fica «um pouco invisível», porque «não se traduz directamente no encerramento de empresas», mas num «emagrecimento» das mesmas, que, tendo mais de mil trabalhadores, vão ficar, dentro de dois ou três meses, com 700 trabalhadores.
Adão Mendes deu conta, ainda, que contacta e constata com casos problemáticos de agregados familiares que vivem em condições de extrema pobreza. «Diariamente encontro verdadeiros dramas familiares que precisam de ajuda extremamente urgente e imediata», finalizou.
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