12 de julho de 2011

Rainha Santa Isabel ensina a adorar a Deus


Hoje quero centrar a atenção na Rainha Santa Isabel, especialmente em alguns aspectos da sua vida e da sua acção, mas com um objectivo bem claro e bem definido: mostrar que quando veneramos um santo ou santa, um mártir ou alguém que para nós é modelo e referência ao nível da fé, fazemo-lo por neles é Deus que resplandece, porque neles é Cristo, dado e entregue, servo de todos, que resplandece.
Isto para dizer que veneramos os santos porque nos santos vemos Deus, porque em suas vidas eles buscaram essa identificação, essa conformação e configuração cada vez maior com Deus.
E só na relação deles com Cristo, na sequela Christi, eles são colocados diante de nós como exemplos, como modelos de seguimento, como faróis que nos iluminam, como âncoras que nos fazem acreditar e ter esperança.
São santos porque, como S. Paulo, também eles consideraram tudo lixo, por amor a Cristo. Tudo prejuízo, comparando-as com o bem maior que é Cristo. Tudo renunciar para ganhar a Cristo. Por isto é que Paulo, Isabel de Portugal, e tantos e tantos, ao longo de tantos séculos, estão colocados diante de nós como paradigmas para seguirmos a Cristo, com verdade e com radicalidade.
A devoção aos santos, na Igreja Católica, inscreve-se na grande adoração que devemos a Deus Pai e que já vem dos decálogos veterotestamentários. “Escuta Israel, o Senhor nosso Deus é o único. Amarás o Senhor Teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6, 4-5).
E o nosso primeiro mandamento estabelece: “Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas”!
A adoração, segundo o CIC (2096), é o primeiro acto da virtude da religião.
Mas, é a Deus que adoramos. Deus Pai, que nos envia o Seu Filho Jesus e nos dá o Espírito Santo, a força do amor que circula entre ambos”. É à Trindade Santa que adoramos. A Ela e mais ninguém. Porque adorar Deus é reconhecê-Lo Criador, Salvador, Senhor de tudo quanto existe.
Adorar a Deus é reconhecer o nada que somos enquanto criaturas diante da grandeza do Criador. Adorar a Deus é louvá-Lo, exaltá-Lo e humilhar-se, confessando com gratidão que Ele fez grandes coisas e que o seu Nome é santo. A adoração do Deus único liberta o homem de se fechar sobre si próprio, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo.
Não quero com isto dizer, meus estimados irmãos, que não podemos venerar os santos, chamados amigos de Deus. Nada disso. 
Quero dizer que é de uma total incongruência dizer e viver aquilo que tantas vezes vou ouvindo, no meu ainda curto ministério sacerdotal, e até já antes disso: “Ah senhor padre, eu sou muito cristão. Não passo um ano sem ir a Fátima”. “Ah, senhor padre, tenho uma fé muito grande por este ou por aquele santo”.
E depois, se pergunto se vai à missa, se celebra os restantes sacramentos, se reza a Deus, sem ser para “pedinchar coisas” a resposta é, tantas vezes, muito mais que as desejáveis, negativa.
Sinal eloquente de que isto também não vai bem. Sinal bem claro que precisamos de recentrar e reorientar a nossa devoção aos santos.
Eu sei que possivelmente isto não se passa convosco, caros amigos. Mas também sei que a todos cabe uma missão pedagógica, de ensino da fé, de purificação e de formação de mentes e de consciências.
Volto a reforçar o que já fui dizendo: a devoção aos santos não é adoração, é apenas uma admiração. Esta devoção que podemos ter por algum santo ou santa declarados pela Igreja tem o único objectivo de nos apontar, mostrar e levar ao essencial: Jesus Cristo.
Em muitos momentos as pessoas cometem exageros, dando mais atenção aos santos do que a Jesus. Os santos são apenas exemplos de pessoas que chegaram lá, se tornaram semelhantes ao seu mestre, Jesus.
Em abono da verdade diga-se que a Igreja não quer que sejamos iguais aos santos, mas sim que sejamos semelhantes a Jesus, como eles fizeram. Se o formos, com certeza, seremos santos.
Ao conhecer a vida de um santo, como por exemplo da Rainha Santa Isabel, isso pode e deve fazer brotar em nós o desejo de seguir o caminho que ela seguiu, da virtude, de caridade, de serviço, para chegar até Jesus. Isto é a verdadeira devoção.
Recorremos à intercessão dos santos pelo facto de já serem habitantes do Céu e de estarem unidos totalmente com Jesus Cristo. Temos a certeza da sua intercessão.
Aquilo que S. Domingos dizia já perto da sua morte, ajuda a iluminar a afirmação: “Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”. No mesmo sentido Teresinha do Menino Jesus dizia: “Passarei o meu Céu a fazer o bem na Terra”.
Nós veneramos e amamos os santos, porque eles foram servos rigorosos e incansáveis imitadores do Senhor, viveram com “os pés na terra” e com o olhar totalmente voltado para o Céu.
 S. Policarpo de Esmirna, discípulo de S. João Evangelista, dizia assim: “Nós adoramos Cristo qual Filho de Deus. Quanto aos santos, amamo-los quais discípulos e imitadores do Senhor e, o que é justo, por causa da sua incomparável devoção pelo seu Rei e Mestre. Possamos também nós ser condiscípulos seus.”
É este amor e esta devoção pela Rainha Santa Isabel que nos congrega neste belo convento onde está sepultada.
Sabemos e acreditamos que, imitando-a na virtude, nos aproximamos de Deus e conformamos o nosso coração com o coração de Cristo.
Permiti, e termino assim, sublinhar dois belos exemplos das atitudes da Rainha Santa, que podem ser importantes, para nós que vivemos neste século XXI.
Por um lado a sua extrraordinária capacidade de diplomacia. A astúcia na resolução e na superação de conflitos, até dentro da sua própria família. Isabel de Portugal foi uma mulher de paz e isso ela nos ensina.
Num mundo, num tempo, marcador por tanto individualismo, que leva a extremismos, a violências, a contendas e a guerras de interesses, a Rainha Santa Isabel eleva-se diante de nós da grandeza daquele macarismo: “bem-aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus”.
Por outro lado a sua extremosa caridade e a sua intenssíssima vida de oração. Não me sinto, sequer na necessidade de evocar, tantos exemplos de genorosidade, de partilha, de caridade, de amor exercidos pela Rainha Santa durante toda a sua vida. Também se releva a sua profunda vida de oração, donde extraía, com certeza, seiva e vigor, para agir com tanta ousadia e humildade, e para ser, na sua situação e no seu tempo, testemunha tão credível do amor de Deus por toda a humanidade.
A Rainha Santa Isabel é uma escola de virtude e atitudes marcadamente evangélias. Essa escola de vida continua a ser para nós frequentarmos. Nesta escola que é a de Cristo, nós nunca somos mestres; somos sempre aprendizes.
Continuemos a aprender com a Rainha Santa a ser, em cada dia da nossa vida, mais santos e mais humanos.
Seguros estamos que ela intercede por nós e ouve as nossas preces e oração. Com a certeza da fé e da devoção que nos habita: Santa Isabel de Portugal. Rogai por nós!
Pe. JAC.

Sem comentários:

Enviar um comentário

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...