8 de agosto de 2009
CABing 2009: Contra-me outra história I
Rui Ferreira é o director de campo do acampamento
CABing pretende “chocar”
e “mexer dentro” dos participantes
Com o director do acampamento o Diário do Minho (DM) procurou perceber o desenvolvimento do CABing 2009. Rui Ferreira (RF) repondeu as questões salientando quais as dimensões desenvolvidas nos dez 10 de acampamento, o que é que propõe e oferece a iniciativa e, ainda, como decorre um dia normal ou quais os jogos e actividades realizadas durante o acampamento para universitários. O jesuíta reforçou a ideia de que esta iniciativa, inspirada nos campos de férias da Companhia de Jesus, deixou claro que em muitos momentos a vida tem acessórios e mais e que algum desprendimento só faz bem. Caminhada nocturna, dinâmicas e orações são sempre momentos fortes do acamapamneto.
M: O que é que o CABing oferece aos universitários que se inscrevem para participar?
RF: O CABing oferece, em primeiro lugar, dez dias diferentes, de animação e de convívio como proposta de mudança. A ideia é estar um período distante daquilo que normalmente preenche o nosso quotidiano. Deixar as nossas seguranças, certezas e comodismos. Certamente, neste dias, alguma coisa “mexe dentro” daqueles participam e alguns não resistem ao choque.
As propostas de actividades que a equipa de animação faz visam também “mexer por dentro”, quer ao nível da fé, da relação com os outros, do contacto com a natureza e ao nível do auto-conhecimento.
Há, por isso, quatro vectores fundamentais neste acampamento: Deus, natureza, amizade e serviço.
DM: Como se exploram essas dimensões e esses pilares do acampamento?
RF: Para explorar a dimensão espiritual, reservam-se alguns momentos, concretamente de oração. De manhã, temos o “Bom dia, Senhor” que é a oração da manhã, na qual o capelão lança alguns desafios e algumas propostas para o dia.
Todos os dias pegamos num conto mais ou menos conhecido da nossa infância (Pinóquio, Patinho Feio, Bela Adormecida, Capuchinho Vermelho) e tentamos fazer a ponte de ligação com o Evangelho. Já chegamos até à conclusão que a história do Pinóquio tem muito a ver com o Evangelho.
Além disso, temos a proposta da missa diária.
Para explorar a relação com a natureza, quase que basta o local onde nos encontramos. Depois, as actividades propostas vão na linha de manter os participantes em contacto directo com a natureza, quer nos jogos da manhã quer nos da tarde.
Para fortalecer os laços da amizade e do serviço a “roda” (local de reunião do campo) é fundamental como espaço de encontro e de conversa. Também existem outras pequenas iniciativas como o amigo secreto e o chá antes de dormir, como momentos para o convívio e o fortalecimento da relação.
Este campo funciona como um grupo só e não como cada um para si.
DM: Como é um dia normal no acampamento?
RF: A alvorada é pelas 08h30. Depois segue-se um momento de ginástica matinal: dois animadores vestem-se de forma criativa e orientam uma pequena sessão matinal de ginástica.
Depois vem o pequeno almoço e entretanto uma equipa prepara o repasto da manhã e outra lava a loiça do jantar.
Seguem-se jogos que normalmente metem água, para aproveitar a própria altura do banho.
Depois do almoço há o tempo da “sesta” que serve para descanso e para lavar roupa e louça.
À tarde faz-se outro jogo seguindo-se um tempo livre antes da missa.
À sobremesa do jantar uma equipa prepara, diariamente, um sketch, representando uma história concreta.
Costuma fazer-se, depois disso, algum jogo nocturno com mais movimento, aproveitando o escuro e as potencialidades do local. Depois disso é descanso.
DM: Quais são os momentos fortes do acampamento?
RF: No meu entender é a caminhada que se realiza sempre a meio do acampamento. Trata-se de um dia e meio de caminhada, com dormida ao relento. Costuma ser um momento fulcral do acampamento.
A sensação de ir pela noite por locais que não conhecemos com o indispensável nas mochilas, sabendo que vamos dormir ao relento cria experiências fortes nos participantes. O regresso ao campo é quase sempre um momento de festa, porque apesar de não termos o conforto das nossas casas é como que um regresso ao berço.
Este é um tempo que serve essencialmente para se conhecer melhor aquelas pessoas que ainda não tivemos oportunidade de conhecer. Depois da caminhada, normalmente o campo dá uma reviravolta e as pessoas ficam mais animadas.
DM: Que tipo de jogos costumam desenvolver?
RF: São sempre diversificados. Todos têm uma finalidade e há alguns que são sempre muito marcantes. Este ano vamos fazer o jogo dos Ricos e dos Pobres. Trata-se de um pequeno-almoço servido por escalões estabelecidos a partir do rendimento das equipas ao longo do acampamento. Uns tem direito a croissants com queijo e fiambre e outros apenas a pão e água. Costuma ser também um momento forte do acampamento, despertando ódios e amores.
Na sequência disso, realizam-se trabalhos de campo para eles ganharem dinheiro. A ideia é mostrar que na vida é preciso trabalhar para conseguirmos as coisas.
Temos também uma manhã de auto-gestão sem a equipa de animação. De manhãzinha, sem acordarmos ninguém deixamos um bilhete a dizer que fomos descansar e que eles estão conta própria. É sempre interessante ver as reacções deles, ver aqueles que de alguma forma, assumem um pouco a liderança. É um momento que aproveitamos para filmar, sem que eles saibam, é claro.
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